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“Saber como tudo surgiu me levou a estudar o universo”, diz professora

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© Arte/Agência Brasil (Repro­dução)

Astrônoma fala sobre trajetória e desafios de mulheres na ciência


Pub­li­ca­do em 19/03/2021 — 17:18 Por Adrie­len Alves — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

”Até os 10 anos vivi em uma casa que não tin­ha luz elétri­ca. Então, tín­hamos a parte ruim. Mas, a parte boa era o céu à noite, que era per­feito. Lem­bro de olhar todas as noites para o céu e ficar intri­ga­da com uma nuvem que não se mex­ia. Só muitos anos mais tarde, desco­bri que aque­la nuvem era a Via Láctea.”

Anos depois, a meni­na que enx­er­ga­va a nos­sa galáx­ia do quin­tal de casa em San­tana do Matos, no Rio Grande do Norte, se viu no cam­in­ho do estu­do do uni­ver­so.

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Maria Ald­inêz Dan­tas diz que a tra­jetória ini­ci­a­da em esco­la públi­ca seguiu tam­bém pelo estu­do em uni­ver­si­dades públi­cas — Arqui­vo pes­soal (Repro­dução)

A curiosi­dade por saber como tudo surgiu no cos­mo, lev­ou Maria Ald­inêz Dan­tas para a astrono­mia, mais especi­fi­ca­mente para a cos­molo­gia.

A pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade Estad­ual do Rio Grande do Norte, for­ma­da em físi­ca e espe­cial­ista em astrono­mia, con­ta que a tra­jetória ini­ci­a­da em esco­la públi­ca seguiu tam­bém pelo estu­do em uni­ver­si­dades públi­cas, até chegar ao desafio de encon­trar espe­cial­iza­ções na Região Nordeste. Mestra­do e doutora­do foram feitos no Obser­vatório Nacional do Rio de Janeiro.

A astrôno­ma desta­ca que a car­reira cien­tí­fi­ca para mul­heres, espe­cial­mente no Nordeste, ain­da enfrenta uma grande defasagem.

“As mul­heres nas áreas cien­tí­fi­cas encon­tram grandes desafios. Elas esbar­ram com pre­con­ceitos enraiza­dos e estru­tu­rais. E na ciên­cia ain­da é bas­tante visív­el a des­cred­i­bil­i­dade do tra­bal­ho sim­ples­mente pelo fato de ser mul­her. Então, a mul­her na ciên­cia pre­cisa não só faz­er o seu tra­bal­ho na ciên­cia muito bem, como lutar con­tra o mansplain­ing, o machis­mo e até mes­mo a mis­oginia. Isso sem falar a parte que, às vezes, cabe só a elas que é casa e fil­hos”, pon­dera a pro­fes­so­ra.

E se a astrono­mia tem este lugar de destaque na vida da cien­tista, a físi­ca tam­bém tem. “Escol­hi a físi­ca porque a natureza sem­pre me atraiu”. Esse é um pon­to em comum de Maria Ald­inêz, do Nordeste brasileiro, com a cien­tista acla­ma­da inter­na­cional­mente Marie Curie, con­sid­er­a­da uma de suas inspi­rações.

Foi na natureza tam­bém que Marie Curie, a cien­tista polone­sa duas vezes agra­ci­a­da com o Nobel, perce­beu o pon­to de par­ti­da para pesquisas até a descober­ta da radioa­t­ivi­dade.

“Foi a pio­neira em pesquisas sobre a radioa­t­ivi­dade. Até hoje sabe-se que através das datações radiométri­c­as é pos­sív­el cal­cu­lar a idade de obje­tos anti­gos. Este mes­mo pro­ced­i­men­to é uti­liza­do na astrono­mia para datar obje­tos astronômi­cos. Ela, além dos [prêmios] Nobel, foi a primeira pro­fes­so­ra na Uni­ver­si­dade de Paris, em 1925. ”, desta­ca Ald­inêz.

Polonesa

Marie Curie nasceu em Varsóvia, em 1867. Con­sid­er­a­da uma pio­neira na ciên­cia, seguiu os pas­sos dos pais, que eram pro­fes­sores e incen­ti­vadores da edu­cação.

E foi na França, fora de seu país de origem, que se gradu­ou em físi­ca e matemáti­ca. Pelas descober­tas com a radioa­t­ivi­dade rece­beu o Nobel de Físi­ca em 1903, ao lado do esposo Pierre Curie e do físi­co Hen­ri Bec­quer­el: a primeira mul­her a rece­ber tal hon­raria.

Nova­mente, em 1911, rece­beu o Nobel de Quími­ca pela descober­ta do ele­men­to quími­co rádio: a úni­ca pes­soa no plan­e­ta a rece­ber duas vezes a pre­mi­ação. Bati­zou tam­bém o ele­men­to polônio, em refer­ên­cia às suas ori­gens.

Além do uso na astrono­mia, as pesquisas de Curie aju­daram no desen­volvi­men­to de tec­nolo­gias como a radi­ografia, uti­liza­da já durante a 1ª Guer­ra Mundi­al, e na radioter­apia.

Em decor­rên­cia da exposição à radioa­t­ivi­dade, mor­reu aos 66 anos, na França.

Ouça na Radioagên­cia Nacional:

Edição: Aline Leal

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