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Sacolão popular em SP recebe primeiros alimentos fornecidos pelo PAA

Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Instituto Irmão Pedro Betancur recebeu 1.322 quilos de produtos


Pub­li­ca­do em 24/02/2024 — 18:27 Por Elaine Patri­cia Cruz – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Ali­men­tos pro­duzi­dos por agricul­tores famil­iares da Coop­er­a­ti­va Mista de Pro­dução Com­er­cial­iza­ção e Serviços da Ter­ra foram entregues neste sába­do (24) ao Insti­tu­to Irmão Pedro Betan­cur, em even­to real­iza­do na região da Mooca, zona leste da cap­i­tal paulista. Foi a primeira entre­ga de pro­du­tos forneci­dos pelo Pro­gra­ma de Aquisição de Ali­men­tos (PAA) para atendi­men­to à coz­in­ha solidária.

A primeira entre­ga de ali­men­tos adquiri­dos por meio do pro­gra­ma mar­cou a inau­gu­ração do Sacolão Pop­u­lar Irmão Pedro Betan­cur. Parce­ria entre a Pas­toral do Povo de Rua do Padre Júlio Lan­cel­lot­ti e o Movi­men­tos dos Tra­bal­hadores Rurais Sem Ter­ra (MST), o sacolão tem o obje­ti­vo de vin­cu­lar a pro­dução fei­ta nos assen­ta­men­tos ou por pequenos agricul­tores, tor­nan­do-os mais acessíveis à pop­u­lação, com preços mais jus­tos.

O nome do sacolão é hom­e­nagem a um san­to guatemal­te­co, expli­cou o Padre Júlio, que chegou ao even­to car­regan­do uma imagem do san­to para ser insta­l­a­da na frente do esta­b­elec­i­men­to. “São Pedro de Betan­cur cam­in­ha­va com uma sacol­in­ha, onde lev­a­va pão e ali­men­tos. E tam­bém um sin­in­ho, que ia tocan­do pelas estradas para que o povo fos­se até ele encon­trar ali­men­tação”, con­tou o padre durante o even­to.

São Paulo (SP) 24/02/2024 - Primeira entrega de alimentos fornecidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para atendimento à cozinha solidária de São Paulo. Um projeto do MST com o padre Julio Lancellotti Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: São Paulo — Primeira entre­ga de pro­du­tos forneci­dos pelo Pro­gra­ma de Aquisição de Ali­men­tos (PAA) — Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

“Este [sacolão] será um espaço de acol­hi­da. Um espaço arte­sanal e que vai con­stru­ir, jun­to com os min­istérios e vários órgãos do gov­er­no fed­er­al, esse cam­in­ho de faz­er chegar a ali­men­tação [ao povo]. Tudo aqui será feito para ter tam­bém a par­tic­i­pação dos irmãos e das irmãs em situ­ação de rua”, acres­cen­tou o reli­gioso.

Segun­do a Com­pan­hia Nacional de Abastec­i­men­to (Conab), o insti­tu­to rece­beu hoje 1.322 qui­los de ali­men­tos, como banana, fei­jão e man­dio­ca, entre out­ros. Em todo o pro­je­to, que será exe­cu­ta­do ao lon­go deste ano, a Conab vai com­prar cer­ca de 63,48 toneladas de ali­men­tos. Ess­es pro­du­tos serão des­ti­na­dos ao insti­tu­to e dev­erão aten­der 770 pes­soas em situ­ação de inse­gu­rança ali­men­tar e nutri­cional. Para isso, a Conab deve des­ti­nar R$ 495 mil, recur­sos que dev­erão ben­e­fi­ciar 33 pro­du­tores.

“O sacolão é uma ideia anti­ga. Vem lá de Fran­co Mon­toro [ex-gov­er­nador de São Paulo] e [da ex-prefei­ta de São Paulo) Luiza Erun­d­i­na. A intenção é cri­ar uma rede de sacolões pop­u­lares, prin­ci­pal­mente nos lugares mais dis­tantes dos cen­tros, onde está o povo pobre e que não se ali­men­ta ade­quada­mente”, expli­cou Gilmar Mau­ro, da coor­de­nação nacional do Movi­men­to dos Tra­bal­hadores Sem Ter­ra (MST) em entre­vista à Agên­cia Brasil. Nesse sacolão, disse ele, os pro­du­tos “serão com­er­cial­iza­dos a preço de cus­to ou na per­spec­ti­va de que, quem pode, paga um pouco a mais para aju­dar a sub­sidiar quem não ten­ha”.

Segun­do Mau­ro, a ideia ini­cial do pro­je­to é que o gov­er­no finan­cie a pro­dução fei­ta ness­es assen­ta­men­tos ou por pequenos pro­du­tores e que, mais tarde, serão disponi­bi­lizadas em sacolões pop­u­lares. “Infe­liz­mente ain­da não avançamos nis­so com o gov­er­no. Mas a ideia é dis­cu­tir com o gov­er­no fed­er­al e as prefeituras para que isso ocor­ra. Assim, resolveríamos um prob­le­ma grave do povo brasileiro, que é a fome e a mis­éria. E, con­comi­tan­te­mente, slu­cionaríamos um prob­le­ma grave dos agricul­tores pobres deste país para ter aces­so a finan­cia­men­to”.

O MST tam­bém pre­tende levar a ideia desse sacolão pop­u­lar a out­ros locais da cidade e out­ras regiões do país.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, o min­istro do Desen­volvi­men­to Agrário e Agri­cul­tura Famil­iar, Paulo Teix­eira, que par­ticipou do even­to, admi­tiu que o pro­je­to está nos planos do gov­er­no. “Temos um recur­so volta­do à pro­moção de feiras livres, de armazéns, de facil­i­tação da com­er­cial­iza­ção dess­es pro­du­tos da agri­cul­tura famil­iar. Então, pre­cisamos replicar essa exper­iên­cia”.

Com a inau­gu­ração do espaço, tam­bém se pre­tende impul­sion­ar out­ras for­mas de ofer­e­cer ali­men­tos para a pop­u­lação em situ­ação de rua, como as mar­mi­tas solidárias e os ban­que­taços . “A ideia é con­tin­uar servin­do mar­mi­tas tam­bém, mas uma vez por mês quer­e­mos sen­tar nas mesas com esse povo, para res­gatar a ideia de dig­nidade humana”, disse Gilmar Mau­ro.

Lançamento de publicação

Durante a entre­ga dos ali­men­tos, foi lança­do o Atlas dos Sis­temas Ali­menta­res do Cone Sul, pub­li­cação que pre­tende faz­er um diag­nós­ti­co sobre a crise ali­men­tar nos país­es do Cone Sul (Argenti­na, Chile, Brasil, Paraguai e Uruguai).

São Paulo (SP) 24/02/2024 - Primeira entrega de alimentos fornecidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para atendimento à cozinha solidária de São Paulo. Um projeto do MST com o padre Julio Lancellotti Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: São Paulo — Primeira entre­ga de pro­du­tos forneci­dos pelo Pro­gra­ma de Aquisição de Ali­men­tos (PAA) — Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

Jorge Pereira Fil­ho, coor­de­nador de pro­je­tos da Fun­dação Rosa Lux­em­bur­go e um dos orga­ni­zadores da pub­li­cação, expli­cou que o Atlas tem dois prin­ci­pais obje­tivos: “O primeiro é dis­cu­tir as causas da crise ali­men­tar que a região pas­sou e segue viven­do. A out­ra é sis­tem­ati­zar exper­iên­cias de out­ro mod­e­lo de sis­tema ali­men­tar tan­to de pro­dução quan­to de cir­cu­lação e dis­tribuição, que apon­tasse a super­ação desse prob­le­ma”, disse.

Para ele, ape­sar de os país­es do Cone Sul terem uma das maiores áreas agri­cul­turáveis do mun­do, eles vivem uma crise ali­men­tar, com grande número de fam­intos. “Isso se deve, sobre­tu­do, ao mod­e­lo de apro­pri­ação do uso de ter­ra e tam­bém de pro­dução agrí­co­la que priv­i­le­gia, sobre­tu­do, com­modi­ties e a pro­dução do agronegó­cio. Isso ocorre ao mes­mo tem­po em que fal­tam políti­cas que estim­u­lam a pro­dução de ali­men­tos con­sum­i­dos pela própria pop­u­lação. Ness­es cin­co país­es iden­ti­fi­camos diminuição da pro­dução de ali­men­tos con­sum­i­dos inter­na­mente, per capi­ta, tan­to de área quan­to de pro­du­tivi­dade, mas com aumen­to expo­nen­cial daqui­lo que é expor­ta­do”.

Segun­do o coor­de­nador, a ideia do Sacolão Pop­u­lar ou de out­ros comér­cios pop­u­lares, pode aju­dar no enfrenta­men­to desse tipo de prob­le­ma. “Na pub­li­cação, falam­os de exper­iên­cias de comér­cios pop­u­lares que exis­tem no Brasil, na Argenti­na e no Paraguai e que estim­u­lam o con­ta­to dire­to entre o pro­du­tor e o tra­bal­hador. Isso é fun­da­men­tal porque com­bate o mod­e­lo de inter­mediários, que não tem com­pro­mis­so nen­hum com o com­bate à fome. E você aprox­i­ma quem pro­duz de quem con­some”.

Edição: Graça Adju­to

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