...
quarta-feira ,9 outubro 2024
Home / Meio Ambiente / Saiba como desmatamento e queimadas influenciam tempo no Norte

Saiba como desmatamento e queimadas influenciam tempo no Norte

Repro­dução: © Reuters

Seca deixou 59 municípios do Amazonas em estado de emergência


Pub­li­ca­do em 21/10/2023 — 08:55 Por Mad­son Euler — Repórter da Rádio Nacional* — São Luís

ouvir:

Os dias sem chu­vas mais inten­sas na Amazô­nia estão trazen­do con­se­quên­cias à bio­di­ver­si­dade, à qual­i­dade do ar e ao modo de vida de quem vive na região.

A pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade Fed­er­al Rur­al do Pará e douto­ra em ecolo­gia Vania Neu ressalta que fenô­menos como o El Niño, hoje o prin­ci­pal respon­sáv­el pela fal­ta de chu­vas em parte da Região Norte, são reg­istros nat­u­rais e já pre­vis­tos pelos espe­cial­is­tas. Mas desta­ca que even­tos climáti­cos extremos estão acon­te­cen­do num inter­va­lo cada vez menor.

“Vários estu­dos apon­tam que os fenô­menos que se repeti­am um a cada 20 anos ago­ra eles estão com uma fre­quên­cia maior. Segun­do a esti­ma­ti­va, se a gente con­tin­uar alteran­do o nos­so ambi­ente, sem ter nen­hum cuida­do, a fre­quên­cia dess­es even­tos pode chegar a cada ano, a cada dois anos ess­es even­tos podem se repe­tir.”

A pesquisado­ra expli­ca que a ação descon­tro­la­da de des­mata­men­to e as queimadas podem con­tribuir para essa maior fre­quên­cia de chu­vas ou secas extremas, o que difi­cul­ta a regen­er­ação da flo­res­ta.

“Então, à medi­da que esse ambi­ente fica mais seco, o fogo vol­ta com maior fre­quên­cia. E aí vai chegar num momen­to que a gente não vai ter o retorno dessa flo­res­ta den­sa, mas sim vai começar a ter uma veg­e­tação mais rala, tipo de Savana, tipo de Cer­ra­do. Muitos estu­dos indicam que, em 2080, a gente já vai ter esse cenário muito mais seco.”

E, enquan­to as ações humanas vão con­tribuin­do para as mudanças climáti­cas e do meio ambi­ente, Vania apon­ta que o modo de vida da pop­u­lação nes­tas regiões vai se tor­nan­do inviáv­el.

“Traz out­ras con­se­quên­cias como uma fumaça, traz prob­le­ma de tosse, de asma, con­jun­tivite, proces­sos alér­gi­cos. Pes­soas que têm prob­le­mas car­dior­res­pi­ratórios sofrem mais, pode até levar a óbito. Mas, se o peixe mor­reu, se o rio sec­ou, eles vão se ali­men­tar do quê? E as comu­nidades estão iso­ladas, porque na Amazô­nia os rios são as ruas. A gente não tem aces­so de car­ro, então como é que a gente vai chegar a essas pes­soas?”

Hoje, segun­do a Defe­sa Civ­il no Ama­zonas, 59 dos 62 municí­pios estão em esta­do de emergên­cia e 557 mil pes­soas foram afe­tadas por causa da seca.

Ouça na Radioagência Nacional

*Com pro­dução de Lucinéia Mar­ques.

Edição: Leila Santos/ Rena­ta Batista

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Justiça de SP extingue penas de policiais pelo massacre do Carandiru

Repressão policial a uma rebelião resultou na morte de 111 detentos André Richter — Repórter …