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São Paulo: Casa das Rosas reabre restaurada e com nova exposição

Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Restauro custou R$ 4,2 milhões, custeados pelo governo do estado


Pub­li­ca­do em 28/10/2023 — 10:46 Por Elaine Patri­cia Cruz – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Depois de quase dois anos fecha­da para restau­ro, a Casa das Rosas, um dos poucos casarões remanes­centes na Aveni­da Paulista, em São Paulo, abre nova­mente suas por­tas ao públi­co a par­tir das 15h deste sába­do (28).

Cri­a­da pelo escritório do arquite­to Ramos de Azeve­do (1851–1928) — o mes­mo ide­al­izador de out­ros edifí­cios impor­tantes da cidade, como o The­atro Munic­i­pal, a Pina­cote­ca de São Paulo e o Mer­ca­do Munic­i­pal, a Casa das Rosas foi orig­i­nal­mente con­ce­bi­da para ser residên­cia e era mais um entre os muitos casarões de mil­ionários barões do café que havia na Aveni­da Paulista daque­la época.

São Paulo (SP) 27/10/2023 - Reabertura da Casa das Rosas na avenida Paulista com entrevista coletiva da Secretária estadual de Cultura, Marília Marton. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: Vis­i­tantes con­tarão com espaços antes não disponíveis ao públi­co — Paulo Pinto/Agência Brasil

A man­são foi con­cluí­da em 1935 e habita­da pelos herdeiros do arquite­to até mea­d­os dos anos 80, quan­do a Aveni­da Paulista já não era a mes­ma: pré­dios com­er­ci­ais, ban­cos, arran­ha-céus e trân­si­to viraram sua nova real­i­dade. Hoje, poucos casarões daque­le perío­do. A Casa das Rosas, que virou um museu em 2004, é um deles.

Restauro

O públi­co que vis­i­tar a nova Casa das Rosas vai poder con­hecer espaços da casa que não estavam aber­tos para vis­i­tação, como a sala de lanche e a copa. Já os ban­heiros com azule­jos e obje­tos verdes ou em cor de rosa e o quar­to do casal, por exem­p­lo, que eram con­heci­dos, foram restau­ra­dos. O inves­ti­men­to no restau­ro foi de R$ 4,2 mil­hões, custea­d­os pelo gov­er­no de São Paulo.

São Paulo (SP) 27/10/2023 - Reabertura da Casa das Rosas na avenida Paulista com entrevista coletiva da Secretária estadual de Cultura, Marília Marton. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: Casa das Rosas, na aveni­da Paulista, reabre neste sába­do . Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil — Paulo Pinto/Agência Brasil

“A Casa das Rosas renasce com suas car­ac­terís­ti­cas orig­i­nais visíveis e recu­per­adas”, disse Marce­lo Tápia, dire­tor da Casa das Rosas, em entre­vista à Agên­cia Brasil. Entre essas car­ac­terís­ti­cas orig­i­nais, desta­cou ele, estão alguns papéis de parede orig­i­nais que foram restau­ra­dos à mão.

Um dos focos do restau­ro foi a reparação de prob­le­mas iden­ti­fi­ca­dos na estru­tu­ra físi­ca do imóv­el, como rachaduras, infil­trações e mel­ho­ria nos sis­temas elétri­co e hidráuli­co. Além dis­so foram man­ti­dos detal­h­es orig­i­nais da casa como as gár­gu­las e os adornos metáli­cos. O pro­je­to tam­bém deixou o museu mais acessív­el com piso tátil, cor­rimãos dup­los e pla­cas con­tendo inscrição em Braille. “Foram feitas, por exem­p­lo, valas entre o solo e o sub­so­lo para ter um are­ja­men­to onde fica o acer­vo do Harol­do de Cam­pos. Foram feitas inter­venções estru­tu­rais e estéti­cas”, expli­cou Tápia.

“Foi um proces­so lon­go e pro­fun­do, porque foi pre­ciso inves­ti­gar a tex­tu­ra e a com­posição da mas­sa orig­i­nal. Foi a primeira vez que a casa rece­beu um restau­ro que des­ocul­tou car­ac­terís­ti­cas orig­i­nais. É pos­sív­el viv­er aqui essa aparên­cia lig­a­da ao pas­sa­do, à memória da casa, a esse esti­lo arquitetôni­co ecléti­co que rep­re­sen­ta muitas tendên­cias, um tem­po de morar e um tem­po da Aveni­da Paulista que era fei­ta só de residên­cias da elite. Ago­ra, como espaço públi­co, a pes­soa vai poder ter con­ta­to com essa história, inseri­do nesse con­tex­to atu­al frenéti­co da aveni­da”, disse o dire­tor da Casa das Rosas.

Cada um dess­es espaços da casa con­ta ago­ra com uma pla­ca infor­ma­ti­va, que dizia como ele era usa­do na época. “Tem algu­mas indi­cações com fotos e tex­tos mostran­do como era usa­do o ambi­ente no tem­po da residên­cia”, expli­cou Tápia.

São Paulo (SP) 27/10/2023 - Reabertura da Casa das Rosas na avenida Paulista com entrevista coletiva da Secretária estadual de Cultura, Marília Marton. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução:  Reaber­tu­ra da Casa das Rosas na aveni­da Paulista com entre­vista cole­ti­va — Paulo Pinto/Agência Brasil

Ressignificação

Ren­o­va­da e com mais ambi­entes aber­tos para vis­i­tação, a Casa das Rosas ago­ra apre­sen­ta um novo con­ceito muse­ológi­co e expográ­fi­co. Com isso, a casa-museu vai se dedicar não somente à sua vocação literária e poéti­ca, mas tam­bém para as artes visuais e out­ras iden­ti­dades artís­ti­cas, como as per­for­mances.

“O aspec­to da lit­er­atu­ra e da poe­sia será man­ti­do. Ele prossegue sendo o Espaço Harol­do de Cam­pos de Poe­sia e Lit­er­atu­ra, mas em diál­o­go com out­ras expressões. Então, esta­mos amplian­do esse leque para acol­her as tendên­cias e as lin­gua­gens difer­entes que con­vivem nes­sa cidade. Há rep­re­sen­tação de lin­gua­gens, artis­tas, tendên­cias e gru­pos das difer­entes regiões”, disse Marce­lo Tápia.

Com essa ressig­nifi­cação, o museu preparou uma exposição inédi­ta para a sua reaber­tu­ra e que reúne escul­turas, insta­lações, vídeos, gravuras e pin­turas. A exposição tem­porária e chama­da de Vivên­cias do Novo, é com­pos­ta por dois módu­los.

São Paulo (SP) 27/10/2023 - Reabertura da Casa das Rosas na avenida Paulista com entrevista coletiva da Secretária estadual de Cultura, Marília Marton. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: Reaber­tu­ra do Museu Casa das Rosas, por Paulo Pinto/Agência Brasil

O primeiro, no térreo, apre­sen­ta ima­gens históri­c­as da Aveni­da Paulista e do museu como teste­munha das trans­for­mações urbanas, cul­tur­ais e artís­ti­cas da cidade. No térreo tam­bém é fal­a­do sobre o tra­bal­ho de restau­ro do museu. Já a segun­da parte da mostra, chama­da Dimen­são Cidade, exibe no andar supe­ri­or, obras de 15 artis­tas con­tem­porâ­neos. A exposição tem curado­ria de Paula Borghi.

São Paulo (SP) 27/10/2023 - Reabertura da Casa das Rosas na avenida Paulista com entrevista coletiva da Secretária estadual de Cultura, Marília Marton. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: Dimen­são Cidade exibe no andar supe­ri­or, obras de 15 artis­tas con­tem­porâ­neos. — Paulo Pinto/Agência Brasil

“Para a aber­tu­ra, fize­mos uma exposição que toma con­ta da casa. O mes­mo espaço que vamos uti­lizar para ativi­dades cul­tur­ais, ago­ra está sendo usa­do para a exposição. Vamos mostrar a vocação da casa, mas mostran­do a diver­si­dade de expressões artís­ti­cas da cidade, a história da casa e a importân­cia desse patrimônio nesse corre­dor cul­tur­al”, disse Tapia.

A nova exposição, disse a curado­ra, foi pen­sa­da para a reaber­tu­ra e tem iní­cio do lado de fora da Casa das Rosas, no jardim de rosas. “Temos uma insta­lação lá fora, da Natal­ie Salazar, uma poe­sia em neon no jardim. E, no primeiro andar, em todos os cômo­d­os da casa, des­de o ban­heiro à varan­da, do corre­dor à sala, há tra­bal­hos artís­ti­cos. São 15 artis­tas diver­sos em iden­ti­dade, pesquisa e lin­gua­gens artís­ti­cas. Temos artis­tas de 29 a 92 anos. Temos tra­bal­hos em gravu­ra, uma lin­guagem anti­ga das artes visuais, até tra­bal­hos com novas mídias audio­vi­suais”, expli­cou Paula Borghi.

Entre os tra­bal­hos em exposição está um pro­duzi­do pelo artista indí­ge­na Xadalu Tupã Jekupé. “O Xadalu é um artista de Por­to Ale­gre e que tra­bal­ha aqui em São Paulo e que tem um diál­o­go muito grande com a aldeia Guarani-Jaraguá. Ele traz para a gente um depoi­men­to de um par­ente falan­do sobre como é morar em uma aldeia, muito próx­i­ma da cidade, e vir tra­bal­har no cen­tro da cidade de São Paulo, venden­do arte­sana­to. Temos um rela­to desse par­ente do Xadalu, escrito em guarani, com tipografia da pichação. Mas temos tam­bém uma tradução em por­tuguês, con­tan­do esse lamen­to da ter­ra. Acho que abrir uma exposição falan­do da Dimen­são Cidade e não traz­er as vozes diver­sas dessa cidade não seria coer­ente”, disse a curado­ra.

Out­ro artista que terá tra­bal­ho expos­to nes­sa mostra é o poeta Augus­to de Cam­pos. “A exposição faz bas­tante esse cruza­men­to entre lit­er­atu­ra e artes visuais. A gente tem um artista icôni­co, o Augus­to de Cam­pos, par­tic­i­pan­do com um poe­ma, que é uma ver­são inédi­ta e que pas­sa em um painel de led”, adiantou Paula Borghi.

Como parte da mostra, a exposição con­tará tam­bém com inter­venções, visi­ta guia­da, bate-papo e per­for­mances que ocor­rem entre out­ubro e novem­bro. Mais infor­mações sobre o museu, que tem entra­da gra­tui­ta, podem ser obti­das no site https://www.casadasrosas.org.br/index.php

São Paulo (SP) 27/10/2023 - Reabertura da Casa das Rosas na avenida Paulista com entrevista coletiva da Secretária estadual de Cultura, Marília Marton. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: Reaber­tu­ra da Casa das Rosas con­ta com obras de 15 artis­tas, com difer­entes lin­gua­gens, que têm de 29 a 92 anos — Paulo Pinto/Agência Brasil

O museu Casa das Rosas é uma insti­tu­ição da Sec­re­taria da Cul­tura, Econo­mia e Indús­tria Cria­ti­vas do Esta­do de São Paulo, geren­ci­a­da pela Orga­ni­za­ção Social de Cul­tura Poiesis.

Edição: Aline Leal

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