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São Paulo inicia período de chuvas com reservatórios baixos

Situação deve impactar abastecimento no estado

Guil­herme Jerôny­mo – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 23/10/2024 — 08:39
São Paulo
Franco da Rocha (SP), 30/09/2024 - Barragem do rio Juqueri que forma a represa Paulo de Paiva Castro, parte do sistema Cantareira, construída pela Sabesp para abastecer de água a cidade de São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Após duas sem­anas com aler­tas pon­tu­ais para tem­po­rais e com o avanço de chu­vas fortes pelo inte­ri­or do país, o esta­do de São Paulo avalia que as medi­das de restrição no abastec­i­men­to de água devem diminuir. Algu­mas cidades do inte­ri­or pas­saram por restrições, agravadas pela esti­agem que durou seis meses em parte do ter­ritório paulista.

Cin­co municí­pios dec­re­taram situ­ação de emergên­cia rela­ciona­da ao perío­do de esti­agem e seca: Artur Nogueira, São Pedro do Tur­vo, Indi­ana, Bau­ru e Bar­retos. O panora­ma ain­da não inspi­ra tran­quil­i­dade, mas a situ­ação começa a mel­ho­rar. Segun­do o Mon­i­tor das Secas, da Agên­cia Nacional de Águas (ANA), a tem­po­ra­da de esti­agem teve seu pior momen­to entre jul­ho e agos­to, atingin­do 95% do esta­do.

Em setem­bro de 2022 os paulis­tas viram 100% de seu ter­ritório atingi­do pelo fenô­meno, sendo 21% clas­si­fi­ca­do pela agên­cia como seca grave; e 3%, na porção norte do esta­do, como seca extrema.

Out­ro indi­cador impor­tante, o risco de queimadas, tam­bém deixou de ser uma pre­ocu­pação nes­ta sem­ana, segun­do a Defe­sa Civ­il estad­ual. O últi­mo dia 19 foi a primeira vez, em 30 dias, que São Paulo deixou de ter áreas com aler­ta de emergên­cia para queimadas. Hoje (22) há aler­tas do tipo ape­nas na região leste do esta­do, onde estão cidades como São José dos Cam­pos e Apare­ci­da do Norte.

Segun­do Ana Paula Cun­ha, pesquisado­ra do Cen­tro Nacional de Mon­i­tora­men­to e Aler­tas de Desas­tres Nat­u­rais (Cemaden), grande parte do país pas­sa pela tran­sição da estação seca para a chu­vosa.

“Emb­o­ra o perío­do mais críti­co ten­ha pas­sa­do, os rios nas regiões Cen­tro-Oeste e Norte ain­da estão em níveis críti­cos, e a recu­per­ação levará tem­po. Lem­bran­do que quan­to mais tem­po uma seca per­du­ra mais lenta é a recu­per­ação.”

Ela acres­cen­ta que ain­da não é pos­sív­el pre­v­er se o perío­do de chu­vas no país estará den­tro do nor­mal: “a estação chu­vosa na região cen­tral do país – que abrange partes do Sul, Sud­este e Cen­tro-Oeste –, con­tin­uará se desen­vol­ven­do, ain­da com algu­ma incerteza se será den­tro ou abaixo do nor­mal. A seca, que atingiu níveis severos, ain­da levará alguns meses para ser com­ple­ta­mente super­a­da”.

Abastecimento

O abastec­i­men­to da maior parte dos 645 municí­pios em São Paulo (375 em dados atu­al­iza­dos) é aten­di­da pela Sabe­sp, empre­sa de sanea­men­to pri­va­ti­za­da esse ano. A empre­sa garante que o abastec­i­men­to em sua área de atu­ação ocorre nor­mal­mente.

Na segun­da-feira (21), a empre­sa infor­mou que o abastec­i­men­to na Região Met­ro­pol­i­tana de São Paulo – que atende 22 mil­hões de pes­soas –, oper­a­va com 44,9% de capaci­dade. Índices abaixo de 40% são clas­si­fi­ca­dos como situ­ação de aler­ta.

O site de acom­pan­hamen­to da com­pan­hia está fora do ar des­de a segun­da-feira, e a Sabe­sp infor­mou que parte de seus sis­temas está com prob­le­mas após ataques cibernéti­cos iden­ti­fi­ca­dos durante essa sem­ana.

Segun­do nota da empre­sa, situ­ações pon­tu­ais de inter­rupção de abastec­i­men­to ocor­rem na metró­pole, com redução ou inter­rupção de fornec­i­men­to durante a noite, a chama­da gestão de deman­da notur­na que é mais sen­ti­da em imóveis sem caixas‑d’água. A diminuição de pressão é apli­ca­da prin­ci­pal­mente nas per­ife­rias das cidades.

Rodízio e qualidade da água

A reportagem da Agên­cia Brasil entrou em con­ta­to com algu­mas prefeituras do esta­do para saber da situ­ação local e das medi­das pre­ven­ti­vas.

Em São José do Rio Pre­to, o raciona­men­to foi descar­ta­do pelo Serviço Munic­i­pal Autônomo de Água e Esgo­to (Semae), após o retorno das chu­vas. O municí­pio infor­mou que aumen­tou a cap­tação de poços, abrindo 30, e criou um Comitê de mon­i­tora­men­to. A quan­ti­dade de bom­bas na Repre­sa Munic­i­pal aumen­tou, e a prefeitu­ra fez obras de interli­gação de reser­vatórios e dimin­uí­do os índices de des­perdí­cio, hoje na casa dos 20%, ante uma média nacional de 39%.

Pesquisa recente da Une­sp de Rio Claro aler­tou para a difi­cul­dade de reposição das águas sub­ter­râneas na região, o que tem lev­a­do ao rebaix­a­m­en­to do nív­el dos poços.

Em Amer­i­cana, a seca impactou na qual­i­dade da água, que piorou com vazão baixa no Rio Piraci­ca­ba, o que fez com que o Depar­ta­men­to de Água e Esgo­to de Amer­i­cana (DAE) gas­tasse mais tem­po em proces­sos de trata­men­to. Segun­do a prefeitu­ra, rodízios estão descar­ta­dos, mes­mo com a cidade ten­do chu­vas 80% abaixo da média.

Em Marília, a con­ces­sionária RIC Ambi­en­tal infor­mou que os sis­temas de cap­tação não estão con­seguin­do reabaste­cer os reser­vatórios no rit­mo necessário para suprir o aumen­to da deman­da nas últi­mas sem­anas, quan­do se reg­istrou calor inten­so. A empre­sa está aumen­ta­do a pro­fun­di­dade de um dos poços e deve abrir out­ro poço pro­fun­do. A RIC Ambi­en­tal irá aten­der deman­das emer­gen­ci­ais com o uso de cam­in­hões-pipa, que serão dire­ciona­dos pri­or­i­tari­a­mente para hos­pi­tais, esco­las, unidades de pron­to atendi­men­to (UPAs) e residên­cias com clientes que ten­ham neces­si­dades médi­cas espe­ci­ais.

Em Vin­he­do há rodízio e o municí­pio emi­tiu decre­to de Emergên­cia Hídri­ca, em maio. O rodízio feito com abastec­i­men­to em dias alter­na­dos atinge cer­ca de 74% do municí­pio e há mul­ta, de R$ 663, para des­perdí­cio. A empre­sa munic­i­pal de sanea­men­to, Sanebavi, man­tém boletins sem­anais de infor­mação, e pre­vê aber­tu­ra de novos poços.

Bau­ru, a mais pop­u­losa das cidades com decre­to de emergên­cia recon­heci­do pelo gov­er­no do esta­do, tem 100 mil moradores (26% de sua pop­u­lação) em áreas com rodízio, por con­ta da diminuição do vol­ume do Rio Batal­ha, e está em situ­ação de emergên­cia hídri­ca des­de 9 de maio desse ano.

O Rio Batal­ha está com cer­ca de um metro de pro­fun­di­dade, quan­do o ide­al é 3,20 met­ros. O restante do municí­pio é aten­di­do por poços. Lá o con­tin­gen­ci­a­men­to chegou a ser de um dia de abastec­i­men­to para dois de inter­rupção, com três blo­cos de bair­ros se revezan­do, segun­do o Depar­ta­men­to de Água e Esgo­to de Bau­ru (DAE). As medi­das foram ampli­adas essa sem­ana, com o anún­cio de perío­dos de 8 horas diárias sem cap­tação no Batal­ha, a par­tir de hoje (23), para “recu­per­ar a vazão do man­an­cial e per­mi­tir um mel­hor fun­ciona­men­to do rodízio”.

A cidade tam­bém apli­ca mul­tas em caso de rein­cidên­cia no des­perdí­cio, de 50% sobre o val­or reg­istra­do com o con­sumo de água do mês ante­ri­or do infrator. Segun­do a lei munic­i­pal lavar calçadas e mol­har ruas com uso con­tín­uo de água, man­ter torneiras, canos, conexões, válvu­las, caixas d’água e reser­vatórios, tubos ou mangueiras elim­i­nan­do água con­tin­u­a­mente e faz­er a lavagem de veícu­los esta­ciona­dos em vias públi­cas com uso con­tín­uo de água são ações que con­stituem des­perdí­cio.

Medidas de economia

Tan­to a Sabe­sp quan­to algu­mas das com­pan­hias munic­i­pais de abastec­i­men­to recomen­dam medi­das de econo­mia para os con­sum­i­dores domés­ti­cos: tomar ban­hos mais cur­tos, fechar torneiras em ações cotid­i­anas, como esco­var os dentes, ens­aboar louça ou faz­er a bar­ba, evi­tar usar mangueiras para limpeza de ambi­entes, lavar roupas e louças quan­do acu­mu­ladas, otimizan­do a limpeza.

Os usuários domés­ti­cos, no entan­to, são respon­sáveis por menos da metade do con­sumo de água. Indús­trias con­somem cer­ca de 20% a 25% e a agri­cul­tura mais de 50% da deman­da por água, em média, no país.

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