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Saúde e Opas lançam guia de prevenção ao suicídio em português

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Publicação orienta países na elaboração de políticas públicas


Publicado em 21/09/2024 — 13:19 Por Daniella Almeida — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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O Min­istério da Saúde lançou nes­ta sem­ana, em parce­ria com a Orga­ni­za­ção Pan-Amer­i­cana de Saúde (Opas), a primeira ver­são em por­tuguês do man­u­al Viv­er a Vida — Guia de Imple­men­tação para a Pre­venção do Suicí­dio nos País­es.

De auto­ria da Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS), a pub­li­cação tem o obje­ti­vo de ori­en­tar país­es na con­cretiza­ção de medi­das cole­ti­vas de pre­venção ao suicí­dio, para que os gov­er­nos destas local­i­dades pos­sam desen­volver estraté­gias nacionais com este foco.

A OMS con­sid­era que os gov­er­nos e comu­nidades têm papéis cru­ci­ais na pre­venção do prob­le­ma de saúde públi­ca e que uma das prin­ci­pais medi­das de pre­venção é a imple­men­tação de políti­cas de saúde men­tal e de redução do álcool.

A ver­são ofi­cial em por­tuguês é a tradução da obra orig­i­nal em inglês Live life, lança­da em 2021. Além de inglês, o guia tam­bém con­ta com ver­sões em chinês, espan­hol e core­ano.

Guia

Para estim­u­lar o com­par­til­hamen­to de boas práti­cas, o guia apre­sen­ta ini­cia­ti­vas do poder públi­co que foram imple­men­tadas por diver­sos país­es em difer­entes con­tex­tos que apre­sen­taram eficá­cia na redução das taxas de suicí­dio.

A OMS pre­vê que ess­es con­teú­dos podem servir como inspi­ração para cri­ação de novas políti­cas públi­cas e soluções cole­ti­vas.

Entre os estu­dos divul­ga­dos estão a inclusão de pes­soas com exper­iên­cia dire­ta com suicí­dio para garan­tir que as neces­si­dades reais daque­les que pre­cisam de apoio sejam aten­di­dos e descrim­i­nal­iza­ção do suicí­dio, ado­ta­dos na Irlan­da; a inte­gração da pre­venção do suicí­dio na políti­ca de saúde men­tal e abu­so de sub­stân­cias, no Líbano; as parce­rias públi­co-pri­vadas nos Esta­dos Unidos; entre out­ros.

O doc­u­men­to detal­ha, tam­bém, qua­tro inter­venções con­sid­er­adas essen­ci­ais para pre­venir o suicí­dio: restringir o aces­so aos meios de suicí­dio; inter­a­gir com a mídia para a divul­gação respon­sáv­el do suicí­dio; desen­volver habil­i­dades socioe­mo­cionais para a vida dos ado­les­centes; agir para iden­ti­ficar pre­co­ce­mente, avaliar, ori­en­tar e acom­pan­har qual­quer pes­soa com com­por­ta­men­tos sui­ci­das.

O Viv­er a Vida descreve, ain­da, seis pilares para a imple­men­tação de políti­cas:

1.       análise da situ­ação e per­fil atu­al do suicí­dio e da pre­venção a ele no país;

2.       capac­i­tação em saúde men­tal de profis­sion­ais den­tro e fora do setor da saúde para iden­ti­fi­cação e gestão do risco de suicí­dio;

3.       colab­o­ração mul­ti­s­se­to­r­i­al que inclua áreas de gov­er­no (saúde, edu­cação, tra­bal­ho, justiça, desen­volvi­men­to social, etc) e a sociedade, com a colab­o­ração de orga­ni­za­ções não gov­er­na­men­tais (ONGs) e tra­bal­hadores comu­nitários;

4.       finan­cia­men­to ded­i­ca­do à pre­venção do suicí­dio de origem gov­er­na­men­tal, filantrópi­ca, de gru­pos comu­nitários ou empre­sas;

5.       con­sci­en­ti­za­ção sobre a causa para chamar a atenção de que o suicí­dio é um prob­le­ma de saúde públi­ca;

6.       vig­ilân­cia, mon­i­tora­men­to e avali­ação do pro­gres­so do plano de ação para faz­er ajustes e desen­volver novas ações.

Dados sobre suicídio

De acor­do com a OMS, a cada ano, mais de 700 mil pes­soas per­dem a vida para o suicí­dio em todo o mun­do, sendo que 77% dos casos ocor­rem em país­es de baixa e média ren­da. O suicí­dio é a quar­ta causa de morte entre pes­soas de 15 a 29 anos. Para cada suicí­dio, esti­ma-se que ocor­rem out­ras 20 ten­ta­ti­vas. A maio­r­ia dos casos está rela­ciona­da a transtornos men­tais, como a depressão, em primeiro lugar, segui­da do transtorno bipo­lar e do abu­so de sub­stân­cias.

No Brasil, em 2022, 16.468 óbitos por suicí­dio foram noti­fi­ca­dos no Sis­tema de Infor­mações sobre Mor­tal­i­dade (SIM). Durante o lança­men­to da pub­li­cação, a dire­to­ra do Depar­ta­men­to de Análise Epi­demi­ológ­i­ca e Vig­ilân­cia de Doenças Não Trans­mis­síveis, do Min­istério da Saúde, Letí­cia Car­doso, afir­mou que os casos são mais comuns entre pes­soas do sexo mas­culi­no. A taxa de 12,6 por 100 mil habi­tantes é 3,7 vezes maior do que a do públi­co fem­i­ni­no (3,4 por 100 mil habi­tantes). O grupo de pes­soas indí­ge­nas é mais vul­neráv­el.

De acor­do com o Min­istério da Saúde, entre os anos 2016 e 2021, hou­ve um aumen­to de 49,3% nas taxas de mor­tal­i­dade de ado­les­centes de 15 a 19 anos, chegan­do a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre ado­les­centes de 10 a 14 anos, chegan­do a 1,33 por 100 mil.

Diante dos números cres­centes, o Brasil assum­iu com­pro­mis­so com o Obje­ti­vo de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el (ODS) da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU) de reduzir em um terço, até 2030, a mor­tal­i­dade pre­matu­ra por doenças não trans­mis­síveis, como o suicí­dio, via pre­venção e trata­men­to, além de pro­mover a saúde men­tal e o bem-estar das pes­soas.

Neste sen­ti­do, a pas­ta do gov­er­no brasileiro expli­ca que, até 2026, o Novo Pro­gra­ma de Acel­er­ação do Cresci­men­to irá con­stru­ir 150 novos Cen­tros de Atenção Psi­cos­so­cial (Caps), com inves­ti­men­to de mais de R$ 339 mil­hões. Com ampli­ação, o min­istério esti­ma que há poten­cial para incluir 13,4 mil­hões de pes­soas na Rede de Saúde Men­tal do Sis­tema Úni­co de Saúde.

A dire­to­ra do Min­istério da Saúde Letí­cia Car­doso reforçou o posi­ciona­men­to do gov­er­no brasileiro na pre­venção ao suicí­dio. “A saúde men­tal e a vio­lên­cia auto provo­ca­da têm sido um tema cen­tral de um esforço cole­ti­vo das nos­sas ações”.

A coor­de­nado­ra da Unidade Téc­ni­ca de Deter­mi­nantes da Saúde, Doenças Crôni­cas não Trans­mis­síveis e Saúde Men­tal — Opas/OMS no Brasil, Elisa Pietro, con­sid­era que a rede de apoio psi­cos­so­cial do Brasil é uma das maiores do mun­do e colo­ca o país em evidên­cia. “São vários país­es que já pedi­ram nes­ta coop­er­ação téc­ni­ca para apren­der sobre a exper­iên­cia do Brasil com a refor­ma psiquiátri­ca e com a con­strução e for­t­alec­i­men­to da rede de apoio psi­cos­so­cial.”

Onde buscar ajuda

O Min­istério da Saúde defende que o suicí­dio pode ser pre­venido e que saber recon­hecer os sinais de aler­ta pode ser o primeiro e mais impor­tante pas­so. Entre os indí­cios que devem ser obser­va­dos estão:

·         fal­ta de esper­ança ou pre­ocu­pação com a própria morte;

·         expressão de ideias ou de intenções sui­ci­das;

·         iso­la­men­to;

·         out­ros fatores como per­da de emprego, crises políti­cas e econômi­cas, dis­crim­i­nação por ori­en­tação sex­u­al e iden­ti­dade de gênero, agressões psi­cológ­i­cas e/ou físi­cas, sofri­men­to no tra­bal­ho.

O min­istério ori­en­ta que as man­i­fes­tações ver­bais e com­por­ta­men­tos de quer­er acabar com a própria vida não devem ser inter­pre­ta­dos por out­ras pes­soas como ameaças ou chan­tagem emo­cional.

Nos primeiros sinais, o indi­ví­duo com intenções sui­ci­das ou alguém próx­i­mo a ele deve bus­car aju­da, con­ver­sar com alguém que con­fie e entrar em con­ta­to com os serviços de suporte.

·         Cen­tro de Val­oriza­ção da Vida (CVV), disponív­el 24 horas no tele­fone 188 (lig­ação gra­tui­ta).

·         CAPS e Unidades Bási­cas de Saúde (Saúde da família, Pos­tos e Cen­tros de Saúde);

·         Unidade de Pron­to Atendi­men­to 24H, Serviço de Atendi­men­to Móv­el de Urgên­cia (Samu 192), pron­to socor­ro; e hos­pi­tais;

Setembro Amarelo

O lança­men­to ocorre durante o mês ded­i­ca­do à pre­venção do suicí­dio, o Setem­bro Amare­lo. Des­de 2014, a cam­pan­ha brasileira de con­sci­en­ti­za­ção sobre a importân­cia do tema é divul­ga­da pela Asso­ci­ação Brasileira de Psiquia­tria (ABP), em parce­ria com o Con­sel­ho Fed­er­al de Med­i­c­i­na (CFM).

Em 2024, o lema é: Se pre­cis­ar, peça aju­da!  As diver­sas ações em desen­volvi­men­to podem ser con­feri­das no site da cam­pan­ha.

Edição: Aline Leal

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