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Seca do Rio Madeira pode se agravar ainda mais, aponta SGB

Repro­dução: © Defe­sa Civil/Porto Vel­ho

Previsões não mostram chuvas significativas nos próximos 15 dias


Publicado em 10/09/2024 — 15:37 Por Fabíola Sinimbú — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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Sem pre­visões para um vol­ume sig­ni­fica­ti­vo de chu­vas na Amazô­nia, o Rio Madeira con­tin­ua baten­do recordes no reg­istro dos níveis mais baixos da cota da série históri­ca do Serviço Geológi­co do Brasil (SGB). Des­de a últi­ma sem­ana, a cota já havia super­a­do a mín­i­ma reg­istra­da em 2023, de 1,10 metro e, na man­hã des­ta terça-feira (10), a medição na estação de Por­to Vel­ho atingiu 71 cen­tímet­ros, a menor reg­istra­da des­de 1967.

De acor­do com o engen­heiro hidról­o­go do SGB Guil­herme Car­doso, a maior pre­ocu­pação do momen­to é o pro­longa­men­to do perío­do de esti­agem, como ocor­reu em 2023, quan­do somente no final de out­ubro as chu­vas foram sig­ni­fica­ti­vas.

“Os mod­e­los de pre­visão do GFS [Glob­al Fore­cast Sys­tem, do Serviço Nacional de Mete­o­rolo­gia dos Esta­dos Unidos] não apre­sen­tam chu­vas sig­ni­fica­ti­vas para os próx­i­mos 15 dias”, infor­mou Car­doso.

As pro­jeções para os próx­i­mos 3 meses tam­bém não apre­sen­tam vol­umes de chu­va sig­ni­fica­tivos e, segun­do Car­doso, isso desen­ha um cenário de seca semel­hante ao de 2023, mas agrava­do pela ante­ci­pação da vazante do Rio Madeira.

“Esse atra­so [nas chu­vas] vai faz­er com que a gente ten­ha um perío­do de esti­agem muito maior do que esta­mos acos­tu­ma­dos porque a gente já começou a obser­var níveis muito baixos em jul­ho, em níveis que nor­mal­mente só ocor­rem antes do final de setem­bro”, expli­ca.

Ape­sar da adoção de medi­das como a sus­pen­são da nave­g­ação no perío­do noturno, des­de o dia 11 de jul­ho, e a declar­ação de escassez hídri­ca pela Agên­cia Nacional de Águas e Sanea­men­to Bási­co (ANA), no final do mes­mo mês, a pop­u­lação da região ain­da enfrenta difi­cul­dades como o iso­la­men­to de algu­mas comu­nidades.

De acor­do com o Depar­ta­men­to Nacional de Infraestru­tu­ra de Trans­portes (DNIT), o plano de manutenção aqua­viária da hidrovia do Rio Madeira já pre­vê crono­gra­ma de dra­ga­gens reg­u­lares para evi­tar a inter­rupção por com­ple­to de tre­chos do rio.

Car­doso expli­ca que, ape­sar da cota do Rio Madeira já ter atingi­do níveis muito baixos, até esta sem­ana a vazão do rio ain­da não foi impacta­da de for­ma críti­ca.

“Ness­es ter­mos, a gente ain­da tem uma vazão útil bem sig­ni­fica­ti­va. Na quin­ta-feira da sem­ana pas­sa­da, nós fize­mos uma medição de vazão e med­i­mos 2.800 met­ros cúbi­cos por segun­do, que é uma vazão bas­tante rep­re­sen­ta­ti­va”, disse.

De acor­do com o engen­heiro, com a esti­agem pro­lon­ga­da, a tendên­cia é que a vazão tam­bém seja impacta­da, poden­do chegar ao pon­to de inter­romper a ger­ação de ener­gia elétri­ca nas usi­nas hidrelétri­c­as de Jirau e San­to Antônio, ambas em Rondô­nia. Em 2023, as duas unidades, que têm capaci­dade insta­l­a­da de 3.750 Megawatts (MW) e 3.568 MW, respec­ti­va­mente, foram desli­gadas em out­ubro, após a que­da de 50% na vazão do Rio Madeira.

“Hoje a oper­ação dessas hidrelétri­c­as já está com mui­ta restrição. Daqui a pouco pode haver uma para­da, e não con­seguirão ter a capaci­dade de ger­ar ener­gia. E aí a gente começa a ver, não só um cenário de escassez hídri­ca, como de restrição energéti­ca”, disse Guil­herme Car­doso.

O Oper­ador Nacional do Sis­tema Elétri­co (ONS) infor­mou por meio de nota que des­de o dia 3, sete unidades ger­ado­ras da UHE de San­to Antônio estão em fun­ciona­men­to com uma capaci­dade de ape­nas 490 MW. A capaci­dade da UHE de Jirau tam­bém foi reduzi­da a oper­ação de dez unidades ger­ado­ras, com capaci­dade de 260 MW. O oper­ador descar­tou qual­quer risco de inse­gu­rança energéti­ca.

“A afluên­cia abaixo da média vem sendo um pon­to de atenção des­de dezem­bro de 2023. Porém, cabe ressaltar que o Sis­tema Interli­ga­do Nacional dis­põe de recur­sos sufi­cientes para aten­der as deman­das de car­ga e potên­cia da sociedade”, diz o ONS.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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