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Secretário-geral da ONU pede “espírito de consenso” para G20 avançar

Declaração foi resposta a pergunta sobre postura diplomática argentina

Rafael Car­doso — repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 17/11/2024 — 18:43
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro(RJ), 17/11/2024 - O secretário-geral da ONU, António Guterres, concede coletiva no Centro de mídia do G20. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

O secretário-ger­al da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU), António Guter­res, disse neste domin­go (11) que os país­es do G20 pre­cisam bus­car con­sen­sos e não divisões, se quis­erem avançar na redução das desigual­dades globais. A declar­ação foi dada ao ser ques­tion­a­do sobre o pres­i­dente argenti­no Javier Milei, que se opõe ao mul­ti­lat­er­al­is­mo, aos acor­dos climáti­cos e, recen­te­mente, foi o úni­co a votar con­tra res­olução da ONU pelo fim da vio­lên­cia con­tra mul­heres e meni­nas. A Argenti­na, de Milei, é um dos país­es que estará pre­sente na Cúpu­la do G20, no Rio de Janeiro, na segun­da (18) e terça-feira (19).

“A Agen­da 2030 teve con­sen­so de todos os país­es do mun­do e é o cam­in­ho claro para enfrentar as tremen­das desigual­dades e injustiça que exis­tem no mun­do. E, por isso, eu faço esse ape­lo a todos os país­es, ago­ra que estão em cur­so as nego­ci­ações do G20, para que ten­ham espíri­to de con­sen­so, para que exibam bom sen­so e que encon­trem as pos­si­bil­i­dades de trans­for­mar essa reunião do G20 num êxi­to, com decisões que sejam rel­e­vantes para a ordem inter­na­cional. Se o G20 se divide, ele perde importân­cia a nív­el glob­al. E, do meu pon­to de vista, é algo inde­se­jáv­el para um mun­do que já tem tan­tas divisões geopolíti­cas”, disse o secretário-ger­al.

Uma das pre­ocu­pações no G20 é em relação a capaci­dade de influên­cia de Don­ald Trump, pres­i­dente eleito dos Esta­dos Unidos, que com­par­til­ha do pen­sa­men­to políti­co de Milei, e pode recor­rer aos ali­a­dos para defend­er ideias de dis­sensão durante os debates da Cúpu­la. Ao ser per­gun­ta­do sobre como os país­es dev­e­ri­am se preparar para o gov­er­no Trump, que começa no ano que vem, Guter­res disse que o mel­hor cam­in­ho é man­ter e reforçar o diál­o­go glob­al .

“O prin­ci­pal é recon­hecer a importân­cia do mul­ti­lat­er­al­is­mo e das insti­tu­ições. Se os país­es fiz­erem isso no nív­el das Nações Unidas, no nív­el das leis inter­na­cionais, e adotarem um diál­o­go mín­i­mo, e se eles forem hábeis em todas essas áreas para faz­er uma batal­ha forte em favor do mul­ti­lat­er­al­is­mo, essa é mel­hor pos­si­bil­i­dade de respos­ta”, disse o secretário.

António Guter­res deu entre­vista cole­ti­va nesse domin­go no espaço no cen­tro de impren­sa do G20, ao lado Museu de Arte Mod­er­na do Rio. Ele falou de out­ros temas como as guer­ras na Ucrâ­nia e na Palesti­na, a crise climáti­ca e a neces­si­dade de refor­ma do Con­sel­ho de Segu­rança da ONU.

Crise climática

“Estou vin­do da COP 29, em Baku, Azer­bai­jão. Neste tra­je­to eu ten­ho vis­to e ouvi­do pre­ocu­pações sobre a crise climáti­ca. O ano de 2024 deve ser o mais quente da história. Vemos os impactos em todos os lugares. E não pre­cisamos ir longe. A seca na Amazô­nia e as enchentes no Sul do Brasil são exem­p­los con­tun­dentes dis­so”.

“Ago­ra é hora de as maiores econo­mias lid­er­arem pelo exem­p­lo. Fal­har não é uma opção. Há muitos desafios, mas tam­bém há muitas soluções pos­síveis. Isso é cru­cial para restau­rar a con­fi­ança e a legit­im­i­dade do sis­tema glob­al”.

Estados Unidos e clima

“É óbvio que os Esta­dos Unidos são impor­tantes para con­ter a crise climáti­ca. Mas os Esta­dos Unidos são um país fed­er­al e uma econo­mia de mer­ca­do. E todos os sinais dados pelo mer­ca­do hoje são no sen­ti­do de pri­orizar opções sus­ten­táveis mais verdes e mais baratas de pro­duzir ener­gia. Então, estou con­fi­ante de que que o dinamis­mo da econo­mia amer­i­cana e da sociedade amer­i­cana vão se mover na direção da ação climáti­ca, ao recon­hecer que a influên­cia dos gov­er­nos hoje é muito menor do que já foi no pas­sa­do”.

Conselho de Segurança

“O Con­sel­ho de Segu­rança cor­re­sponde ao mun­do de 1945. Para dar um exem­p­lo, há três país­es europeus que são mem­bros per­ma­nentes do Con­sel­ho de Segu­rança. Não há nen­hum país africano, nem lati­no-amer­i­cano. Ele não cor­re­sponde ao mun­do de hoje, E tem rev­e­la­do uma grande ineficá­cia por causa das divisões políti­cas. E tem um prob­le­ma de legit­im­i­dade porque não rep­re­sen­ta a real­i­dade dos nos­sos tem­pos. Há neces­si­dade de refor­ma do Con­sel­ho de Segu­rança. E uma dessas questões tem a ver com a adesão de novos país­es, nomeada­mente do Sul Glob­al, per­ma­nentes ou não, e com revisão do méto­do de tra­bal­ho para que pos­sa ser mais efi­caz. A refor­ma do Con­sel­ho é um dos pilares essen­ci­ais das mudanças para que ten­hamos um mun­do mais jus­to”.

Palestina

“Sobre o Ori­ente Médio, eu acred­i­to que não podemos ter pos­turas dúbias. Nós temos que aplicar os mes­mos princí­pios em qual­quer lugar. Nós temos que aplicar a lei inter­na­cional. E no Ori­ente Médio nós pre­cisamos de paz, mas paz de uma maneira que garan­ta os dire­itos dos palesti­nos, assim como os dire­itos dos israe­lens­es, de ter dois esta­dos viven­do em paz e segu­rança. E, ao mes­mo tem­po, nós pre­cisamos dire­cionar a crise ime­di­a­ta. Nós podemos con­denar o ataque do Hamas, mas recon­hecer que eles não jus­ti­fi­cam o sofri­men­to cole­ti­vo do povo palesti­no. É pre­ciso um ces­sar fogo ime­di­a­to e prover aju­da human­itária efe­ti­va em Gaza”.

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