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Segundo dia de desfiles na Sapucaí destaca histórias afro-brasileiras

Repro­dução: © Arte ABR

Seis escolas do Grupo Especial fecham o carnaval carioca nessa segunda


Pub­li­ca­do em 12/02/2024 — 14:23 Por Rafael Car­doso — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A Mar­quês de Sapu­caí, no Rio de Janeiro, recebe nes­ta segun­da-feira (12) à noite o segun­do e últi­mo dia de des­files do Grupo Espe­cial. Mais seis esco­las entram na aveni­da em bus­ca do títu­lo de campeã do car­naval car­i­o­ca.

Em destaque estão os enre­dos que hom­e­nageiam per­son­al­i­dades e histórias da pop­u­lação afro-brasileira, como a can­to­ra Alcione (Mangueira), o livro Um Defeito de Cor (Portela), o almi­rante negro João Cân­di­do (Tuiu­ti) e divin­dades africanas (Viradouro).

Cada agremi­ação tem entre 1 hora e 1 hora e 10 min­u­tos para atrav­es­sar a Sapu­caí. Há penal­iza­ção para aque­las que não con­seguem con­cluir sua apre­sen­tação a tem­po. De acor­do com a pro­gra­mação, o últi­mo des­file está pre­vis­to para ini­ciar entre 3h e 3h50.

Confira a ordem dos desfiles de hoje:

Moci­dade Inde­pen­dente de Padre Miguel: 22h

Portela: entre 23h e 23h10

Unidos de Vila Isabel: entre 0h e 0h20

Estação Primeira de Mangueira: entre 1h e 1h30

Paraí­so do Tuiu­ti: entre 2h e 2h40

Unidos do Viradouro: entre 3h e 3h50

Enredos

Primeira esco­la a des­fi­lar nes­ta segun­da-feira, a Moci­dade Inde­pen­dente de Padre Miguel traz para a aveni­da enre­do com o títu­lo “Pede caju que dou… Pé de caju que dá!”, coman­da­do pelo car­navale­sco Mar­cus Fer­reira. Como anun­cia o nome, a esco­la verde e bran­ca cel­e­bra a importân­cia do caju na cul­tura nacional. A ideia é con­tar a história da fru­ta nati­va dos povos orig­inários até os dias atu­ais, com refer­ên­cias a ícones da músi­ca pop­u­lar brasileira, como “Cajuí­na”, de Cae­tano Veloso, e “More­na Trop­i­cana”, de Alceu Valença.

Os ver­sos trazem bom humor e dup­lo sen­ti­do, com o caju sendo trans­for­ma­do tam­bém em um sím­bo­lo de sen­su­al­i­dade. Além dis­so, a promes­sa é explo­rar um con­jun­to de cores vibrantes, para enal­te­cer a ale­gria e diver­si­dade do país. Em um dos car­ros alegóri­cos, que fala do caju e da tec­nolo­gia de pro­dução, vão estar pre­sentes 500 cajueiros anões, tam­bém chama­dos de clones, doa­d­os pela Empre­sa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embra­pa).

Na sequên­cia, a Portela apre­sen­ta o enre­do Um defeito de cor”, basea­do no livro homôn­i­mo de Ana Maria Gonçalves. No romance, Kehinde, mul­her escrav­iza­da na África, que viveu boa parte da vida no Brasil, procu­ra um fil­ho per­di­do, que seria Luiz Gama, famoso abo­l­i­cionista, jor­nal­ista, poeta e advo­ga­do brasileiro. Os car­navale­scos Antônio Gon­za­ga e André Rodrigues pro­puser­am uma con­tin­u­ação ou out­ra per­spec­ti­va da história.

No sam­ba, é Luiz Gama que escreve uma car­ta para a mãe e expres­sa orgul­ho pela tra­jetória de luta e resistên­cia. E desta­ca que o afe­to e o amor da mãe foram essen­ci­ais na vida dele. A ideia ger­al é hom­e­nagear a ances­tral­i­dade fem­i­ni­na negra. Falar de ger­ações de escrav­iza­dos, lutas de lib­er­tação e das mães negras que con­struíram o país.

A Unidos de Vila Isabel apre­sen­ta o enre­do “Gbalá — viagem ao Tem­p­lo da Cri­ação”, lid­er­a­do pelo car­navale­sco Paulo Bar­ros. Vão ser nar­radas histórias yorubá des­de que a humanidade existe. É uma reed­ição do enre­do que foi trazi­do pela esco­la para a aveni­da em 1993.

Os ver­sos atu­al­izam a men­sagem ante­ri­or, com uma leitu­ra mais atu­al sobre a respon­s­abil­i­dade humana com o plan­e­ta e as ger­ações futuras. Assim, vão ser abor­da­dos des­de os males que o ser humano pode faz­er no plan­e­ta, até a pos­si­bil­i­dade de recon­strução, a par­tir da esper­ança trazi­da pelas cri­anças.

A Mangueira vai cel­e­brar a história de vida da can­to­ra Alcione por meio do enre­do “A negra voz do aman­hã”, que tem a frente os car­navale­scos Annik Salmon e Guil­herme Estevão. Ícone do sam­ba, da músi­ca brasileira e da esco­la do mor­ro da Mangueira, Alcione vai ser apre­sen­ta­da des­de a infân­cia no Maran­hão, onde nasceu, até a con­strução da vida artís­ti­ca no Rio de Janeiro.

Em 2024, a can­to­ra com­ple­ta 50 anos de car­reira. A Mangueira vai falar sobre as crenças famil­iares de Alcione, da importân­cia dela como ícone fem­i­ni­no e negro, além de reforçar o papel da artista na inspi­ração e for­mação de tal­en­tos da músi­ca nacional. Os ver­sos apre­sen­tam refer­ên­cias aos prin­ci­pais suces­sos da artista.

A Paraí­so do Tuiu­ti, do car­navale­sco Jack Vas­con­ce­los, apre­sen­ta o enre­do “Glória ao Almi­rante Negro”, sobre a tra­jetória rev­olu­cionária de João Cân­di­do Felis­ber­to, con­heci­do por lid­er­ar a revol­ta da Chi­ba­ta, em 1910. No episó­dio, o lev­ante pre­tendia acabar com as práti­cas vio­len­tas e maus tratos da Mar­in­ha aos mar­in­heiros, na maio­r­ia, negros.

Na época, o gov­er­no aca­ba ceden­do às deman­das por mel­hores condições de trata­men­to e tra­bal­ho. Mas muitos dos revoltosos são punidos com demis­sões, prisões e exílios. João Cân­di­do foi desli­ga­do da Mar­in­ha e pas­sou os últi­mos dias de vida como pescador. O obje­ti­vo da esco­la é mostrar o almi­rante a par­tir de um con­tex­to ger­al de luta e resistên­cia.

O últi­mo des­file na Sapu­caí vai ser da Unidos do Viradouro, que traz o enre­do “Arroboboi, Dan­g­bé!”, lid­er­a­do pelo car­navale­sco Tar­cí­sio Zanon. Vai ser con­ta­do na aveni­da o mito de uma ser­pente vodum, que se tornou uma divin­dade após épi­ca batal­ha entre reinos da anti­ga região da Cos­ta da Mina, na África.

O enre­do vai destacar a atu­ação de um poderoso exérci­to de mul­heres negras prepara­do por sac­er­do­ti­sas voduns, que tin­ham no espíri­to da cole­tivi­dade e leal­dade sua prin­ci­pal arma. A mis­são da esco­la é desmisti­ficar o cul­to aos voduns, que atrav­es­sou o atlân­ti­co e chegou ao Brasil na figu­ra da sac­er­do­ti­sa Ludov­ina Pes­soa, pilar de ter­reiros na Bahia.

Encer­ra­dos os des­files, é esper­ar pela quar­ta-feira de Cin­zas e pela apu­ração do Car­naval, quan­do será con­heci­da a campeã do Car­naval Car­i­o­ca de 2024.

Edição: Sab­ri­na Craide

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