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Senado aprova texto que tipifica injúria racial como racismo

Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Parlamentares aprovaram também criação do Selo Zumbi dos Palmares


Pub­li­ca­do em 18/11/2021 — 20:00 Por Heloisa Cristal­do – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

Por una­n­im­i­dade, o Sena­do aprovou nes­ta quin­ta-feira (18) pro­je­to de lei que tip­i­fi­ca a injúria racial como racis­mo. A pro­pos­ta pre­vê pena de mul­ta e prisão de dois a cin­co anos para quem come­ter o crime.

A matéria, que segue para análise da Câmara dos Dep­uta­dos, foi aprova­da em uma sessão des­ti­na­da à análise de pro­postas de enfrenta­men­to ao racis­mo e de val­oriza­ção da cul­tura negra. A sessão foi uma hom­e­nagem dos par­la­mentares ao Dia da Con­sciên­cia Negra, cel­e­bra­do em 20 de novem­bro, Dia de Zumbi dos Pal­mares, que lid­er­ou o Quilom­bo dos Pal­mares, no sécu­lo 17.

A aprovação da matéria ocorre após o Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF) decidir, em out­ubro, que o crime de injúria racial não pre­screve. Na ocasião, a Corte enten­deu que casos de injúria podem ser enquadra­dos crim­i­nal­mente como racis­mo, con­du­ta con­sid­er­a­da impre­scritív­el pela Con­sti­tu­ição.

Autor da pro­pos­ta, o senador Paulo Paim (PT-RS) argu­men­tou que, emb­o­ra defini­da em lei, a injúria racial não estaria ple­na­mente equipara­da aos crimes raci­ais definidos no Códi­go Penal.

Paim ressaltou a importân­cia da votação dos pro­je­tos da sessão de hoje no enfrenta­men­to ao racis­mo. “A pop­u­lação brasileira é com­pos­ta por 56,2% de pre­tos e par­dos, ou seja, 120 mil­hões de brasileiros. A grande maio­r­ia é pobre, todos nós sabe­mos. O racis­mo estru­tur­al é uma real­i­dade. Está no olhar, nos gestos, nas palavras, na vio­lên­cia, no ódio”, afir­mou.

Cais do Valongo

Repro­dução:  Sítio  arque­ológi­co  Cais  do  Val­on­go,  na  região por­tuária  do  Rio,  é  Patrimônio da Humanidade — Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em votação sim­bóli­ca, os senadores aprovaram o recon­hec­i­men­to do sítio arque­ológi­co Cais do Val­on­go, na região por­tuária do Rio de Janeiro, como Patrimônio da História e Cul­tura Afro-Brasileira e essen­cial à for­mação da iden­ti­dade nacional. O pro­je­to segue para análise da Câmara.

A matéria pre­vê dire­trizes para a pro­teção espe­cial do Cais do Val­on­go, em decor­rên­cia do títu­lo de Patrimônio Mundi­al da Humanidade con­ce­di­do pela Unesco, e pri­or­iza ações de preser­vação da memória e de pro­moção da igual­dade racial como meio de reparação à pop­u­lação afrode­scen­dente.

O rela­tor da matéria, senador Car­los Port­in­ho (PL-RJ), jus­ti­fi­cou a aprovação da matéria ao afir­mar que o Cais do Val­on­go foi o prin­ci­pal por­to de entra­da de africanos escrav­iza­dos na Améri­ca Lati­na e se tornou pon­to de encon­tro da comu­nidade negra no Rio de Janeiro, então cap­i­tal do país. Em cer­ca de 40 anos, quase 1 mil­hão de africanos escrav­iza­dos pas­saram pelo Cais do Val­on­go, o que o tornou o maior por­to recep­tor de escravos do mun­do.

“A importân­cia do local é taman­ha que o sítio arque­ológi­co do Cais do Val­on­go pas­sou a inte­grar a lista do Patrimôni­co Históri­co da Humanidade da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco), em 1º de março de 2017”, jus­ti­fi­cou Port­in­ho. O senador desta­cou que o local tem “val­or uni­ver­sal excep­cional, como memória da vio­lên­cia con­tra a humanidade, rep­re­sen­ta­da pela escravidão, e de resistên­cia, liber­dade e her­ança, for­t­ale­cen­do as respon­s­abil­i­dades históri­c­as, não só do Esta­do brasileiro, mas de todos os país­es-mem­bros da Unesco”.

Selo Zumbi dos Palmares

Os senadores tam­bém aprovaram a cri­ação do Selo Zumbi dos Pal­mares, que será con­ce­di­do aos municí­pios que adotarem políti­cas de com­bate ao racis­mo. A matéria vai a pro­mul­gação. O títu­lo será con­ce­di­do anual­mente pelo Sena­do.

“Nun­ca é demais lem­brar que [o quilom­bo de] Pal­mares resis­tiu durante mais de 100 anos, con­sol­i­dan­do-se como espaço de luta do povo negro. Muitos foram os ataques e as vio­lên­cias sofridas por aque­les que somente que­ri­am viv­er bem. O local físi­co per­manece, bem como sua ideia”, argu­men­tou a rela­to­ra da matéria, senado­ra Eliziane Gama (Cidada­nia-MA).

Edição: Nádia Fran­co

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