...
domingo ,20 abril 2025
Home / Noticias / Sesc Pinheiros, em São Paulo, recebe exposição Retratista dos Morros

Sesc Pinheiros, em São Paulo, recebe exposição Retratista dos Morros

Repro­dução: © Afon­so Pimenta/Divulgação

Mostra contribui para a preservação do patrimônio histórico


Pub­li­ca­do em 24/06/2023 — 14:30 Por Flávia Albu­querque — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

ouvir:

A exposição Retratis­tas do Mor­ro foi aber­ta no Sesc Pin­heiros, em São Paulo. É com­pos­ta por fotografias feitas por Afon­so Pimen­ta e João Mendes, no perío­do de 1960 a 1990 da região do Aglom­er­a­do da Ser­ra, comu­nidade ao sul de Belo Hor­i­zonte.

Con­sid­er­a­da a maior favela do Brasil, o Aglom­er­a­do da Ser­ra surgiu no iní­cio do sécu­lo 20 como solução de mora­dia para as pes­soas que foram tra­bal­har na con­strução da cap­i­tal mineira. Segun­do as lid­er­anças pop­u­lares, hoje vivem no local mais de 150 mil pes­soas.

A mostra é um des­do­bra­men­to do pro­je­to social Retratis­tas do Mor­ro, ini­ci­a­do por Guil­herme Cun­ha em 2015, para con­tribuir para a preser­vação do patrimônio históri­co-cul­tur­al nacional e ampli­ar o entendi­men­to sobre a história das ima­gens no Brasil, espe­cial­mente as nar­ra­ti­vas visuais pro­duzi­das por retratis­tas que atu­aram nas comu­nidades. Para isso, foi real­iza­do um tra­bal­ho de mapea­men­to, iden­ti­fi­cação, cat­a­lo­gação e restau­ração dos acer­vos fotográ­fi­cos dess­es retratis­tas.

Memórias afetivas

Segun­do o curador, pesquisador e artista visu­al, Guil­herme Cun­ha, o acer­vo traz o tra­bal­ho dos fotó­grafos que tra­bal­haram ao lon­go dos últi­mos 50 anos reg­is­tran­do as memórias afe­ti­vas e o cotid­i­ano dessa comu­nidade e rev­ela, tam­bém, que hou­ve no Brasil um movi­men­to artís­ti­co de fotó­grafos que se dedicaram a fave­las.

“Esse movi­men­to traz para nós uma out­ra ver­são da real­i­dade da história das ima­gens brasileiras. O esforço do pro­je­to é para que nós con­sig­amos res­gatar essa memória e traz­er à tona essas histórias a par­tir do restau­ro desse mate­r­i­al”, disse Guil­herme.

Durante a pesquisa, destacaram-se Afon­so Pimen­ta e João Mendes, que atu­aram na região des­de o fim da déca­da de 1960 e pos­suem um vol­ume sig­ni­fica­ti­vo de acer­vo, incluin­do neg­a­tivos em pre­to e bran­co de médio for­ma­to (6x6), neg­a­tivos col­ori­dos em 35mm, monócu­los e neg­a­tivos em 35mm de meio quadro.

“O pro­je­to entende que eles dois — como moradores da comu­nidade — trazem uma rep­re­sen­tação de ima­gens que a gente chama de ima­gens autôno­mas e de ima­gens dos próprios moradores. Esse tra­bal­ho é difer­ente de ser doc­u­men­tal, é biográ­fi­co, porque ali eles estão fotografan­do os cole­gas, os ami­gos, as pes­soas com quem eles con­vivem no dia a dia, os viz­in­hos. Então, temos out­ra per­spec­ti­va e out­ro entendi­men­to sobre as for­mas de rep­re­sen­tação dessas comu­nidades”, afir­mou o curador.

Para a mostra no Sesc Pin­heiros, Guil­herme real­i­zou um pro­fun­do proces­so de pesquisa sobre a história da comu­nidade, além de um tra­bal­ho de curado­ria a par­tir dos mais de 250 mil neg­a­tivos disponíveis no acer­vo. Dessa seleção, aprox­i­mada­mente 33 mil ima­gens foram restau­radas e apre­sen­tam uma per­spec­ti­va históri­ca do Aglom­er­a­do da Ser­ra em for­ma de ima­gens.

O curador expli­cou que os vis­i­tantes da exposição poderão con­hecer as pes­soas fotografadas não só pelo retra­to na parede, já que nos últi­mos três anos foram feitas entre­vis­tas com os fotografa­dos, per­mitin­do que os vis­i­tantes os con­heçam por meio de áudio e vídeo.

“Esta­mos pen­san­do na fotografia tam­bém como um espaço de escu­ta, tra­bal­han­do com elas tan­to na dimen­são visu­al quan­to oral. Entre­vis­tas foram feitas recen­te­mente com as pes­soas relem­bran­do aque­le momen­to das fotos, trazen­do as memórias que estão ali nas ima­gens, além das memórias dos fotó­grafos”, ressaltou.

Preto e branco

As primeiras ima­gens de João Mendes datam de 1968, ape­sar de ele ter se esta­b­ele­ci­do como um dos primeiros fotó­grafos profis­sion­ais no bair­ro, em 1973. Sua loja Foto Mendes está local­iza­da no mes­mo local e é uma refer­ên­cia. João ficou con­heci­do pelos retratos em pre­to e bran­co, 3x4 para doc­u­men­tos, feitos prin­ci­pal­mente para carteiras de iden­ti­dade, e fotos postais envi­adas pelos Cor­reios como car­tas ou obje­tos de recor­dação a par­entes que, muitas vezes, per­mane­ci­am no inte­ri­or. Em seu acer­vo há uma grande coleção de fotografias de becas ou for­mat­uras das cri­anças e jovens do local.

Afon­so Pimen­ta saiu de São Pedro do Suaçuí, em Minas Gerais, em 1970 para viv­er em Belo Hor­i­zonte, para aju­dar sua madrin­ha em uma das vilas que for­mam a comu­nidade do Aglom­er­a­do da Ser­ra.

Ele foi assis­tente do fotó­grafo João Mendes e, enquan­to lava­va as ima­gens já rev­e­ladas, apren­deu sua futu­ra profis­são. Afon­so se esta­b­ele­ceu como fotó­grafo profis­sion­al quan­do pas­sou a reg­is­trar os bailes de músi­ca soul da Comu­nidade da Ser­ra, a con­vite de Mis­ael Aveli­no dos San­tos, um dos fun­dadores da Rádio Favela e orga­ni­zador dos bailes.

Colaborou Sara Quines, da TV Brasil

 

Edição: Kle­ber Sam­paio

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Hospitais têm programação especial de Páscoa para crianças internadas

Profissionais e voluntários levaram alegria para os pequenos Tâmara Freire — Repórter da Agên­cia Brasil …