...
segunda-feira ,9 dezembro 2024
Home / Sem categoria / Sete em cada dez bancos adotam biometria facial

Sete em cada dez bancos adotam biometria facial

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Pesquisa do Idec alerta para imposição a clientes


Publicado em 23/04/2024 — 08:12 Por Letycia Bond — Repórter da Agência Brasil — São Paulo

ouvir:

Sete em cada dez ban­cos brasileiros (75%) uti­lizam atual­mente a bio­me­tria facial na iden­ti­fi­cação de seus clientes. O dado está na primeira fase da Pesquisa Febra­ban de Tec­nolo­gia Bancária 2024, real­iza­da pela Deloitte Con­sul­to­ria.

Ao todo, 24 ban­cos respon­der­am os ques­tionários elab­o­ra­dos e apli­ca­dos entre novem­bro de 2023 e março deste ano. As insti­tu­ições que par­tic­i­param da amostragem cor­re­spon­dem a 81% das que atu­am no país. Além dis­so, 27 exec­u­tivos do seg­men­to con­ced­er­am entre­vis­tas à equipe da Deloitte.

Após con­cluir o lev­an­ta­men­to, a orga­ni­za­ção desta­cou o recon­hec­i­men­to facial como uma das tec­nolo­gias mais ado­tadas pelas insti­tu­ições finan­ceiras no país. O chat­bot, que sim­u­la um bate-papo com os cor­ren­tis­tas, geral­mente com o obje­ti­vo de esclare­cer dúvi­das e ori­en­tá-los, existe quase na mes­ma pro­porção da bio­me­tria, 71%.

Em segui­da, apare­cem na lista a RPA (67%), tec­nolo­gia que autom­a­ti­za proces­sos repet­i­tivos, facil­i­tan­do aque­les que são feitos de modo mas­si­vo; a Inteligên­cia Arti­fi­cial (IA) Gen­er­a­ti­va (54%), capaz de cri­ar con­teú­dos e códi­gos a par­tir de um repertório já exis­tente e que é um recur­so ampla­mente usa­do para mel­ho­rar a relação com os clientes no atendi­men­to; e a Inteligên­cia Cog­ni­ti­va (25%), que imi­ta o com­por­ta­men­to e o raciocínio humanos para solu­cionar questões. A pesquisa indi­ca ain­da que a IA já foi incor­po­ra­da por mais da metade (54%) dos ban­cos.

Os rep­re­sen­tantes das insti­tu­ições finan­ceiras declararam que pre­ten­dem pri­orizar medi­das de exper­iên­cia do cliente (83%), ino­vações tec­nológ­i­cas (71%), per­son­al­iza­ção de pro­du­tos e serviços (63%), segu­rança e pri­vaci­dade de pon­ta (58%), respon­s­abil­i­dade social e sus­tentabil­i­dade (54%), além de ofer­tas integradas de ecos­sis­tema (54%). De maneira unân­ime, os ban­cos enten­dem que a segu­rança cibernéti­ca é aspec­to que merece atenção.

Em 2023, o Insti­tu­to de Defe­sa de Con­sum­i­dores (Idec) fez pelo menos três aler­tas quan­to ao uso de recon­hec­i­men­to facial, em situ­ações difer­entes: no trans­porte públi­co, por planos de saúde e em con­domínios. O que ques­tiona é o lim­ite, muitas vezes ultra­pas­sa­do pelas empre­sas, frente à Lei Ger­al de Pro­teção de Dados Pes­soais (LGPD) e à leg­is­lação que con­cerne aos dire­itos dos con­sum­i­dores. No caso do trans­porte públi­co, o Idec desco­briu que a empre­sa que presta­va o serviço usou dados bio­métri­cos dos pas­sageiros para faz­er pub­li­ci­dade, por exem­p­lo.

Como driblar a biometria facial

Em entre­vista con­ce­di­da à Agên­cia Brasil, o advo­ga­do do Pro­gra­ma de Tele­co­mu­ni­cações e Dire­itos Dig­i­tais, do Idec, Lucas Mar­con, expli­cou que, pelos ter­mos da LGPD, os ban­cos pre­cisam per­mi­tir que o cliente escol­ha qual medi­da de segu­rança pref­ere. Isso inclui, por­tan­to, ofer­e­cer cam­in­hos menos inva­sivos do que a bio­me­tria.

“Porque out­ra grande pre­ocu­pação que existe com a bio­me­tria, emb­o­ra seja um mecan­is­mo de segu­rança, é com a segu­rança do armazena­men­to dess­es dados. Isso pode, depois, levar a um vaza­men­to de dados? Eles podem ser com­par­til­ha­dos com out­ras empre­sas? O risco de vaza­men­to, espe­cial­mente, é algo que traz bas­tante pre­ocu­pação, porque, se o dado bio­métri­co de uma pes­soa for vaza­do, em todo lugar em que ela tiv­er cadas­tro bio­métri­co estará vul­neráv­el”, afir­mou.

Para Mar­con, o ide­al é que os clientes solicitem, por escrito, uma opção dis­tin­ta da bio­me­tria facial. “A pes­soa não pode ser obri­ga­da a fornecer um dado que não é essen­cial para a prestação daque­le serviço. Por mais que os ban­cos enten­dam que é um mecan­is­mo de segu­rança, há vul­ner­a­bil­i­dades e a pes­soa dev­e­ria poder escol­her”.

Ele lem­brou que, na práti­ca, nem todos os ban­cos têm segui­do o que deter­mi­na a lei. “Alguns ban­cos per­mitem que se use meio difer­ente e out­ros são irre­dutíveis. Nes­sa situ­ação, o que a gente tem ori­en­ta­do aos con­sum­i­dores, como segun­do pas­so -, mas que, infe­liz­mente, às vezes, não resolve -, pen­san­do nes­sa lin­ha mais cole­ti­va, é reg­is­trar uma recla­mação pela Autori­dade Nacional de Pro­teção de Dados (ANPD). E por quê? Porque, emb­o­ra a ANPD ten­ha lim­i­tações para resolver deman­das do pon­to de vista indi­vid­ual, con­s­ta em sua agen­da reg­u­latória que dev­erá, no final deste ano ou no começo do ano que vem, soltar reg­u­la­men­tações sobre o uso de bio­me­tria. Então, é inter­es­sante que o máx­i­mo de clientes faça recla­mação, para que o órgão ten­ha uma base de dados grande e veja que esse é um prob­le­ma que a sociedade está enfrentan­do, que o uso de bio­me­tria está indis­crim­i­na­do”, defende o advo­ga­do do Idec.

Edição: Graça Adju­to

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Proibição dos celulares em salas de aula SP: como era, como ficou

Atualmente, o uso para fins pedagógicos ainda é permitido Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do em 06/12/2024 — …