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Sobe para 20 os mortos por policiais militares na Baixada Sant

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Policiais mataram um homens no sábado e outro no domingo


Pub­li­ca­do em 13/02/2024 — 13:34 Por Cami­la Boehm – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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A Polí­cia Mil­i­tar de São Paulo matou mais duas pes­soas na Baix­a­da San­tista, litoral do esta­do, neste final de sem­ana. Ao todo, foram 20 mor­tos na região em supos­tos con­fron­tos con­tra a polí­cia des­de o dia 2 de fevereiro, quan­do o poli­cial mil­i­tar Samuel Wes­ley Cos­mo foi mor­to em San­tos, durante patrul­hamen­to. Na ocasião, a Sec­re­taria de Segu­rança Públi­ca (SSP) infor­mou que as polí­cias civ­il e mil­i­tar se mobi­lizaram para localizar e pren­der os envolvi­dos no crime con­tra Cos­mo.

De acor­do com a SSP, poli­ci­ais mil­itares da Ron­das Osten­si­vas Tobias de Aguiar (Rota) fazi­am ron­da em San­tos, no domin­go (11), quan­do sus­peitaram de um homem que anda­va de bici­cle­ta. O homem foi atingi­do por dis­paros de arma de fogo, após um supos­to con­fron­to, e socor­ri­do na Unidade de Pron­to Atendi­men­to (UPA) da zona noroeste, onde mor­reu. A Polí­cia Civ­il solic­i­tou perí­cia no local e inves­ti­ga o caso.

Tam­bém em San­tos, um homem que teria resis­ti­do à ordem de para­da dos poli­ci­ais mil­itares foi mor­to por vol­ta das 17h30 do sába­do (10). A SSP afir­mou que os agentes averiguavam uma denún­cia de trans­porte de armas e que o rapaz tin­ha pas­sagens por ten­ta­ti­va de homicí­dio e asso­ci­ação crim­i­nosa. “A perí­cia foi aciona­da e todas as cir­cun­stân­cias dos fatos serão apu­ra­da”, infor­mou a SSP em nota.

No domin­go, moradores de bair­ros da per­ife­ria da Baix­a­da San­tista denun­cia­ram a práti­ca de exe­cuções, tor­tu­ra e abor­da­gens vio­len­tas por poli­ci­ais mil­itares con­tra a pop­u­lação local e egres­sos do sis­tema pri­sion­al. Os relatos foram col­hi­dos por uma comi­ti­va for­ma­da pela Ouvi­do­ria da Polí­cia de São Paulo, Defen­so­ria Públi­ca, e par­la­mentares, como os dep­uta­dos estad­u­ais de São Paulo Eduar­do Supl­i­cy (PT) e Môni­ca Seixas (PSOL).

De acor­do com os relatos, os poli­ci­ais falam aber­ta­mente em ameaças aos jovens usuários de dro­gas, aos aviõez­in­hos, e que a polí­cia vai vin­gar o poli­cial mor­to. “A sociedade e os ter­ritórios per­iféri­cos estão muito assus­ta­dos, rela­tan­do abor­da­gens tru­cu­len­tas, vio­len­tas e aleatórias, bus­ca de egres­sos do sis­tema pri­sion­al, tor­turas e exe­cuções. O que a gente está ven­do aqui é um esta­do de exceção. O Esta­do autor­izan­do a sua força poli­cial a exe­cu­tar pes­soas sem o dev­i­do proces­so legal, sem man­da­do judi­cial, sem chance à ampla defe­sa”, denun­ciou a dep­uta­da Môni­ca Seixas à Agên­cia Brasil, na ocasião.

A SSP infor­mou que todos os casos estão sendo apu­ra­dos e que, des­de o iní­cio do ano, foram reg­istradas seis mortes de poli­ci­ais em todo o esta­do, sendo qua­tro PMs ativos e um ina­ti­vo, e um poli­cial civ­il em serviço. Desse total, três foram na Baix­a­da San­tista, em 26 de janeiro, um PM; um poli­cial da Rota, em 2 de fevereiro; e out­ro PM no dia 7.

A ter­ceira fase da Oper­ação Verão, com reforço de poli­ci­ais de batal­hões de diver­sas regiões, da Ron­das Osten­si­vas Tobias de Aguiar (Rota) e do Coman­do de Oper­ações Espe­ci­ais (COE), teve iní­cio jus­ta­mente na quar­ta-feira (7), segun­do a SSP.

O min­istro dos Dire­itos Humanos, Sil­vio Almei­da, pub­li­cou, no sába­do, nas redes soci­ais, uma nota man­i­fe­s­tando pre­ocu­pação em relação à atu­ação da polí­cia na Baix­a­da San­tista. “O Min­istério dos Dire­itos Humanos e da Cidada­nia (MDHC) vem a públi­co externar a pre­ocu­pação do gov­er­no fed­er­al diante dos relatos rece­bidos pela Ouvi­do­ria Nacional de Dire­itos Humanos de que graves vio­lações de dire­itos humanos têm ocor­ri­do durante a chama­da Oper­ação Escu­do”, diz o tex­to.

Na sex­ta-feira (9), a prefeitu­ra de São Vicente, na Baix­a­da San­tista, can­celou o car­naval de rua na cidade em razão da fal­ta de segu­rança.

Operação Escudo

O esta­do de São Paulo deu iní­cio à Oper­ação Escu­do, na Baix­a­da San­tista, após a morte do sol­da­do Patrick Bas­tos Reis, per­ten­cente à equipe da Ron­das Osten­si­vas Tobias de Aguiar (Rota), que foi balea­do e mor­to em Guaru­já, no dia 27 de jul­ho do ano pas­sa­do. Segun­do a SSP, Reis foi atingi­do durante patrul­hamen­to em uma comu­nidade por um dis­paro de cal­i­bre 9 milímet­ros. A oper­ação resul­tou na morte de 28 pes­soas em 40 dias de duração. Na época, moradores da região tam­bém chegaram a denun­ciar exe­cuções e ile­gal­i­dades.

Para a sociólo­ga Giane Sil­vestre, pesquisado­ra do Núcleo de Estu­dos da Vio­lên­cia da Uni­ver­si­dade de São Paulo (NEV-USP), ouvi­da pela Agên­cia Brasil, é fun­da­men­tal que não se repi­ta o que acon­te­ceu na Oper­ação Escu­do de 2023, no litoral paulista. Segun­do ela, nen­hu­ma oper­ação poli­cial que resul­ta nes­sa quan­ti­dade de pes­soas mor­tas pode ser con­sid­er­a­da uma oper­ação de suces­so e que oper­ação poli­cial de suces­so é aque­la que preser­va a vida das pes­soas.

Na avali­ação da espe­cial­ista, a lóg­i­ca de enfrenta­men­to deixa os poli­ci­ais mais vul­neráveis a esse tipo de ataque e a mel­hor for­ma de lidar com a vio­lên­cia con­tra os poli­ci­ais é atu­ar com foco na pre­venção com inves­ti­gações qual­i­fi­cadas.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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