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SP: Zoológico comemora sucesso em reprodução de saguis-da-serra-escuro

Espécie está ameaçada de extinção

Flávia Albu­querque — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 06/11/2024 — 08:28
São Paulo
São Paulo (SP), 31/10/2024 - Nascem dois sagui-da-serra-escuro, espécie em extinção, no zoo de SP , espécie ameaçada de extinção. Os recém-nascidos são filhos do casal Rolo e Scarlet, que chegaram à instituição ano passado seguindo as recomendações do programa de conservação, vinculado ao Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da preguiça-de-coleira, coordenado pelo ICMBio. Existem cerca de apenas dez mil indivíduos adultos, mas a espécie está em declínio. primata pequeno e raro, endêmico da Mata Atlântica do Sudeste, e está listado como em perigo de extinçãoFoto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Prestes a com­ple­tar um mês de nasci­men­to, dois fil­hotes de sagui-da-ser­ra-escuro (Cal­lithrix auri­ta) são moti­vo de comem­o­ração no Zoológi­co de São Paulo, já que a espé­cie está ameaça­da de extinção. Fil­hos do casal Rolo e Scar­let, que chegaram à insti­tu­ição no ano pas­sa­do, os fil­hotes são os primeiros a nascer no local e rep­re­sen­tam avanço sig­ni­fica­ti­vo na con­ser­vação da fau­na brasileira.

O casal pas­sou a inte­grar a área de vis­i­tação do Zoo neste ano e a roti­na da família é acom­pan­ha­da de per­to pela equipe téc­ni­ca. Os cuida­dos seguem as recomen­dações do pro­gra­ma de con­ser­vação, vin­cu­la­do ao Plano de Ação Nacional para a Con­ser­vação dos Pri­matas da Mata Atlân­ti­ca e da preguiça-de-coleira, coor­de­na­do pelo Insti­tu­to Chico Mendes de Con­ser­vação da Bio­di­ver­si­dade (ICM­Bio).

“Não inter­fe­r­i­mos nos cuida­dos, a menos que seja necessário, e a Scar­let está se sain­do uma óti­ma mãe. É o pai quem car­rega os fil­hotes, enquan­to a mãe cui­da dos bebês no momen­to da ama­men­tação. Esta­mos muito felizes com o cresci­men­to da família. É a primeira vez que man­te­mos essa espé­cie, e o nasci­men­to dess­es fil­hotes rep­re­sen­ta a con­sol­i­dação do nos­so tra­bal­ho pela con­ser­vação. É impor­tante man­ter uma pop­u­lação de segu­rança que, no futuro, poderá con­tribuir com ações na natureza, se necessário”, afir­mou o biól­o­go chefe do setor de mamífer­os, Luan Moraes.

Moraes expli­cou que ess­es pri­matas, pop­u­lar­mente con­heci­dos como sagui-caveir­in­ha, são nativos de peque­nas áreas da Mata Atlân­ti­ca nos esta­dos de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Eles desem­pen­ham papéis ecológi­cos cru­ci­ais, como a dis­per­são de sementes e o con­t­role de inse­tos, sendo fun­da­men­tais para o equi­líbrio do ecos­sis­tema e a manutenção da bio­di­ver­si­dade. No entan­to, sua sobre­vivên­cia está ameaça­da por diver­sos fatores, como expan­são urbana, incên­dios flo­restais, des­mata­men­to e com­petição com espé­cies inva­so­ras. Atual­mente, a espé­cie é clas­si­fi­ca­da como “Em Peri­go” na Lista Ver­mel­ha de Espé­cies Ameaçadas da União Inter­na­cional para a Con­ser­vação da Natureza (IUCN).

Os saguis-da-ser­ra-escuro Rolo e Scar­let não foram os primeiros pri­matas a se repro­duzirem no Zoo de São Paulo. Antes deles, a área de Moraes já teve suces­so na repro­dução de micos-leões, o que con­cretiza o suces­so do mane­jo dos téc­ni­cos e o sinal de que eles estão no cam­in­ho cer­to. Segun­do ele, o cuida­do cor­re­to com as espé­cies em extinção é extrema­mente impor­tante porque per­mite que se crie uma pop­u­lação de back­up, que é nada mais nada menos do que uma reser­va de indi­ví­du­os que podem ser soltos na natureza, caso haja neces­si­dade.

“Não só com os saguis, mas em toda espé­cie ameaça­da é impor­tante cuidar do que a gente chama ex-situ, que sig­nifi­ca, con­ser­vação fora do lugar de origem, do ambi­ente nat­ur­al, seja ele em zoológi­co ou por cri­adores, porque podemos pro­mover uma pop­u­lação que chamamos de back­up. Caso ocor­ra algu­ma extinção na natureza, temos ess­es indi­ví­du­os que podemos rein­tro­duzir. Aqui no zoológi­co temos essas pop­u­lações e já hou­ve solturas”, ressaltou.

O biól­o­go se ref­ere à Arara-azul-de-lear, que já esteve em alto grau de ameaça de extinção e foi recu­per­a­da. Com essa espé­cie, o Zoo já tra­bal­ha há muitos anos fazen­do mane­jo de con­ser­vação integra­da com o Grupo de Pesquisa e Con­ser­vação da Arara-de-lear, que tra­bal­ha em cam­po, unin­do as ações ex-situ e as ações in-situ. No Zoo é feito todo o proces­so de incubação de ovos, max­i­mizan­do o número de fil­hotes das espé­cies ameaçadas.

“Nos­sa função aqui com essas espé­cies ameaçadas é ter uma pop­u­lação de segu­rança. Nós nun­ca sabe­mos como e quan­do uma espé­cie estará no seu grau de ameaça. Hoje, pos­so ter uma espé­cie que não está ameaça­da mas por con­ta de um desas­tre nat­ur­al ou prob­le­mas como, por exem­p­lo, a queima­da do Pan­tanal, não sabe­mos se isso pode acar­retar ameaça de algu­mas espé­cies que lá habitam. Caso a área pre­cise de revig­o­ra­men­to, con­seguimos fornecer ess­es ani­mais para soltura”, expli­cou a biólo­ga chefe do setor de aves, Fer­nan­da Vaz Gui­da.

Ape­sar de as espé­cies ameaçadas serem o foco desse tra­bal­ho, tam­bém há no Zoológi­co pop­u­lações de segu­rança de espé­cies domés­ti­cas, como o Cisne Negro e espé­cies nati­vas brasileiras. Já há suces­so na repro­dução da Jacutin­ga, uma espé­cie ameaça­da de Mata Atlân­ti­ca, com duas aves des­ti­nadas a um pro­gra­ma de soltura.

Esse mane­jo é feito tam­bém com os anfíbios, expli­ca a biólo­ga chefe do setor de her­peto­fau­na, Cybele Sabi­no Lis­boa. Ela cita o exem­p­lo dos anfíbios, que são os ani­mais ver­te­bra­dos mais ameaça­dos do mun­do, com 40% de todo o grupo clas­si­fi­ca­da nesse pon­to. Por isso, uma das recomen­dações é jus­ta­mente aumen­tar a pop­u­lação de segu­rança. No Zoológi­co é feito o mane­jo das per­ere­cas de Alca­traz, endêmi­ca da ilha de mes­mo nome e ameaça­da no perío­do em que foi ini­ci­a­do o mane­jo. Ape­sar de recente, com os primeiros ani­mais chegan­do à insti­tu­ição em 2011, já há uma pop­u­lação de 100 indi­ví­du­os.

“Essa espé­cie foi o iní­cio dessa estraté­gia no Brasil. Na época em que começamos, a per­ere­ca de Alca­traz era criti­ca­mente ameaça­da e, por causa de todos os esforços con­jun­tos, hoje em dia ela mel­horou a cat­e­go­ria de ameaça, pas­san­do a ser con­sid­er­a­da vul­neráv­el, e isso foi um grande gan­ho de um tra­bal­ho em con­jun­to e esforços prin­ci­pal­mente para pro­te­ger a área que ela ocorre. E saben­do que existe uma pop­u­lação de segu­rança, isso tam­bém dá força para que a espé­cie mel­hores o sta­tus de ameaça”, desta­cou Cybele.

O Zoológi­co de São Paulo está local­iza­do em área de mais de 450 mil met­ros quadra­dos de Mata Atlân­ti­ca, abri­ga mais de 2.200 ani­mais de 300 espé­cies, incluin­do diver­sas nati­vas da região. A vis­i­tação está aber­ta das 9h às 17h e a bil­hete­ria até as 16h. O zoo fica na Aveni­da Miguel Estefno, 4.241, Água Fun­da. É pos­sív­el com­prar os ingres­sos no site da insti­tu­ição.

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