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STF: Moraes vota contra decretos sobre armas; Nunes Marques pede vista

Repro­du­ção: © Fabio Rodri­gues Pozzebom/Agência Bra­sil

Julgamento é feito pelo plenário virtual do Supremo


Publi­ca­do em 17/09/2021 — 11:57 Por Feli­pe Pon­tes — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

O ple­ná­rio do Supre­mo Tri­bu­nal Fede­ral (STF) reto­mou hoje (17) aná­li­se sobre a cons­ti­tu­ci­o­na­li­da­de de decre­tos edi­ta­dos pela Pre­si­dên­cia da Repú­bli­ca que faci­li­ta­ram o aces­so a armas de fogo no Bra­sil.

O jul­ga­men­to, entre­tan­to, foi nova­men­te inter­rom­pi­do por um pedi­do de vis­ta (mais tem­po de aná­li­se) do minis­tro Nunes Mar­ques, fei­to logo após Ale­xan­dre de Mora­es votar pela der­ru­ba­da das nor­mas, seguin­do os votos dos rela­to­res – Rosa Weber e Edson Fachin – no mes­mo sen­ti­do. Os três foram os úni­cos a votar até o momen­to.

O assun­to esta­va sen­do jul­ga­do no ple­ná­rio vir­tu­al do Supre­mo, ambi­en­te digi­tal em que os minis­tros têm um pra­zo para votar remo­ta­men­te, sem deba­te oral. Antes do pedi­do de vis­ta, a pre­vi­são era de que o jul­ga­men­to ter­mi­nas­se em 24 de setem­bro. Ago­ra, não há pra­zo.

É a segun­da vez que o jul­ga­men­to sobre o decre­to de armas é inter­rom­pi­do. Em abril, a aná­li­se dos casos foi inter­rom­pi­da por uma vis­ta do pró­prio Mora­es, que devol­veu os pro­ces­sos para jul­ga­men­to somen­te na sema­na pas­sa­da.

O Supre­mo jul­ga 14 ações, aber­tas por diver­sos par­ti­dos – como PSDB, PSB, PT, Psol e Rede. Os atos impug­na­dos tra­tam de assun­tos diver­sos, des­de a com­pra, pos­se e por­te de armas de fogo até meca­nis­mos de ras­tre­a­men­to, impor­ta­ção e tri­bu­ta­ção.

Alguns dis­po­si­ti­vos dos decre­tos e de outros atos do Poder Exe­cu­ti­vo que ampli­a­vam o aces­so a armas foram sus­pen­sos por Rosa Weber ain­da em abril, por meio de uma limi­nar (deci­são pro­vi­só­ria). Encon­tra-se sus­pen­sa, por exem­plo, a auto­ri­za­ção para que civis tenham até seis armas de fogo com sim­ples decla­ra­ção de neces­si­da­de.

Tre­chos que tra­tam sobre o con­tro­le de arma­men­tos pelo Exér­ci­to e do aumen­to do núme­ro de muni­ções que podem ser com­pra­das por cole­ci­o­na­do­res e ati­ra­do­res tam­bém foram sus­pen­sos por Weber pou­co antes de os decre­tos assi­na­dos pelo pre­si­den­te Jair Bol­so­na­ro entra­rem em vigor.

Na oca­sião, a minis­tra afir­mou que os dis­po­si­ti­vos pre­ci­sa­vam ser sus­pen­sos por serem incom­pa­tí­veis com os sis­te­mas de con­tro­le e fis­ca­li­za­ção pre­vis­tos no pró­prio esta­tu­to, além de extra­po­la­rem o poder de regu­la­men­ta­ção do pre­si­den­te da Repú­bli­ca, ain­da que tenham sido edi­ta­dos para regu­la­men­tar o Esta­tu­to do Desar­ma­men­to (Lei 10.826/2003).

Em outra fren­te, o minis­tro Edson Fachin sus­pen­deu, em dezem­bro, tam­bém via limi­nar, uma reso­lu­ção da Câma­ra de Comér­cio Exte­ri­or (Camex) que havia zera­do o impos­to de impor­ta­ção de pis­to­las e revól­ve­res. A deci­são entra­ria em vigor em janei­ro. Nes­te caso espe­cí­fi­co, além de Ale­xan­dre de Mora­es, somen­te o minis­tro Luís Rober­to Bar­ro­so seguiu o rela­tor, antes do pedi­do de vis­ta de Nunes Mar­ques.

Entre­tan­to, duas ações rela­ta­das por Mora­es, que tra­tam de por­ta­ri­as do Exér­ci­to que tam­bém fle­xi­bi­li­za­ram o con­tro­le de armas e muni­ções, não foram alvo de pedi­do de vis­ta e con­ti­nu­am em anda­men­to. Até o momen­to, somen­te Mora­es votou nes­ses pro­ces­sos, no sen­ti­do de con­fir­mar uma limi­nar con­ce­di­da por ele ontem (16) para sus­pen­der as refe­ri­das por­ta­ri­as.

Voto

No voto que publi­cou nes­ta sex­ta-fei­ra (17), Mora­es con­cor­dou com argu­men­tos tan­to de Rosa Weber como de Edson Fachin, os dois minis­tros que já havi­am vota­do pela der­ru­ba­da dos decre­tos que faci­li­ta­ram o aces­so a armas de fogo.

Mora­es afir­mou que “há incons­ti­tu­ci­o­na­li­da­de por extra­po­la­ção do poder regu­la­men­tar, na medi­da em que o Poder Exe­cu­ti­vo sub­ver­teu a polí­ti­ca públi­ca de con­tro­le de armas”, tal como pre­vis­ta no Esta­tu­to do Desar­ma­men­to.

“O volu­me de alte­ra­ções pro­mo­vi­das pelo Poder Exe­cu­ti­vo, a ense­jar uma ver­da­dei­ra rede­fi­ni­ção da polí­ti­ca públi­ca de con­tro­le de armas de fogo, depen­de­ria de dis­cus­são e apro­va­ção pelo Con­gres­so Naci­o­nal”, escre­veu ele.

O minis­tro acres­cen­tou que a ampli­a­ção do aces­so e o enfra­que­ci­men­to da fis­ca­li­za­ção pro­mo­vi­dos pelos decre­tos são incons­ti­tu­ci­o­nais.

“Essas alte­ra­ções tran­si­gem em res­pei­to à pró­pria ideia de con­tro­le do mate­ri­al béli­co, que é um man­da­do ver­ba­li­za­do pelo pró­prio tex­to cons­ti­tu­ci­o­nal. Isso por­que aumen­tam o aces­so de mais indi­ví­du­os a mais equi­pa­men­tos béli­cos – inclu­si­ve a arma­men­tos mais peri­go­sos – ao mes­mo tem­po em que miti­ga fer­ra­men­tas de con­tro­le, como auto­ri­za­ção, regis­tro, exa­me de requi­si­tos, pos­si­bi­li­da­de de ras­tre­a­men­to”, escre­veu Mora­es.

Desburocratização

Em defe­sa dos decre­tos, a Advo­ca­cia Geral da União (AGU) se mani­fes­tou nos pro­ces­sos argu­men­tan­do que as nor­mas têm o obje­ti­vo de “des­bu­ro­cra­ti­zar” e “sim­pli­fi­car” o aces­so a armas de fogo, e que isso seria uma deman­da da soci­e­da­de, mani­fes­ta­da na elei­ção pre­si­den­ci­al de 2018.

O órgão argu­men­tou que os decre­tos ante­ri­o­res sobre o assun­to tra­zi­am a “impo­si­ção de res­tri­ções exces­si­vas” e que as nor­mas estão de ple­no acor­do com o Esta­tu­to do Desar­ma­men­to, bem como com outras leis que ver­sam sobre legí­ti­ma defe­sa e pro­te­ção de pro­pri­e­da­de pri­va­da.

Edi­ção: Valé­ria Agui­ar

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