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SUS está preparado para atender transplantados com HIV

Infectologista diz que há protocolos consolidados para a situação

Mar­i­ana Tokar­nia — Repórter da Agên­cia Brasil*
Pub­li­ca­do em 17/10/2024 — 07:13
Rio de Janeiro
Transplante de órgãos - Governo do Estado do Rio de Janeiro
Repro­dução: © Divulgação/ Gov­er­no do Esta­do do Rio de Janeiro

No Brasil, a pre­sença do vírus HIV no organ­is­mo de doadores é um dos poucos fatores que impe­dem a doação de órgãos que ain­da estão em condições de serem doa­d­os, emb­o­ra quem já seja infec­ta­do pelo vírus pos­sa rece­ber um trans­plante. A infec­tol­o­gista Lígia Pier­rot­ti, mem­bro do Comitê Cien­tí­fi­co de Infecção em Trans­plante e Imun­ode­prim­i­do da Sociedade Brasileira de Infec­tolo­gia, ressalta que a situ­ação dos seis pacientes do Rio de Janeiro que foram infec­ta­dos pelo vírus HIV ao rece­berem trans­plante de órgãos é sem prece­dentes e não deve ser trata­da como um acon­tec­i­men­to den­tro da nor­mal­i­dade.

“É ina­ceitáv­el o que hou­ve, o que hou­ve é crim­i­noso”, afir­ma. Ela asse­gu­ra, no entan­to, que há pro­to­co­los no Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) para que estes pacientes sejam cuida­dos, já que os trata­men­tos para pacientes trans­plan­ta­dos que já tin­ham HIV antes do trans­plante estão con­sol­i­da­dos no país. “A gente já tem exper­iên­cia com isso”.

Após rece­ber um trans­plante, de acor­do com a infec­tol­o­gista, todos os pacientes pre­cisam faz­er o uso con­tín­uo de med­icação para diminuir a imu­nidade e evi­tar que organ­is­mo rejeite o novo órgão. Essa med­icação é com­patív­el com o chama­do coque­tel para HIV.

“Eles vão faz­er uso de med­icação para diminuir a imu­nidade e não ter rejeição. Então, para toda a vida, eles têm um acom­pan­hamen­to, em ger­al, com as equipes de trans­plante ou com equipes que têm exper­iên­cia nesse atendi­men­to, para faz­er uso de med­icações imunos­su­pres­so­ras e várias med­icações para garan­tir o fun­ciona­men­to do órgão trans­plan­ta­do”, expli­ca Pier­rot­ti.

A médi­ca acres­cen­ta: “jun­to com isso, ago­ra, ess­es pacientes que são infec­ta­dos, eles tam­bém vão faz­er o trata­men­to da infecção do HIV, toman­do a ter­apia anti­retro­vi­ral alta­mente efi­caz, que é o coque­tel do HIV, que todo mun­do con­hece, fazen­do todo o acom­pan­hamen­to espe­cial­iza­do do HIV. Então, a gente vai somar duas ver­tentes de cuida­do, que são com­ple­ta­mente com­patíveis”.

Há tam­bém, de acor­do com a infec­tol­o­gista, os casos de pacientes trans­plan­ta­dos que adquirem HIV ao lon­go da vida, que tam­bém seguem o trata­men­to nor­mal­mente. Ela desta­ca que os medica­men­tos evoluíram muito ao lon­go dos últi­mos anos, dan­do mais con­for­to aos pacientes. “Ao lon­go dos últi­mos 30 anos a gente aumen­tou muito o número de dro­gas antir­retro­vi­rais que a gente tem disponíveis e hoje, feliz­mente, temos no cenário, no arse­nal ter­apêu­ti­co do HIV, várias dro­gas que podem ser uti­lizadas com maior segu­rança no paciente trans­plan­ta­do”.

Doação de órgãos

A soropos­i­tivi­dade para HTLV — vírus lin­fotrópi­co de célu­las T humanas, retro­vírus humano que pode causar câncer — tam­bém é out­ro impedi­ti­vo para a doação de órgãos no país, bem como a tuber­cu­lose ati­va. Para garan­tir que os órgãos a serem doa­do este­jam em per­feitas condições, é fei­ta uma bate­ria de exam­es. Foi nes­ta eta­pa que hou­ve fal­ha no caso dos seis pacientes trans­plan­ta­dos do Rio de Janeiro, o que, de acor­do com Lígia Pier­rot­ti é uma situ­ação sem prece­dentes e que não deve ser trata­da como um acon­tec­i­men­to den­tro da nor­mal­i­dade.

Para a médi­ca, as nor­mas exis­tentes são seguras, e o que hou­ve foi um des­cumpri­men­to das regras que exis­tem e não um prob­le­ma nas regras em si. “Não hou­ve uma fal­ha no que é pre­coniza­do, hou­ve uma fal­ha em seguir do que é pre­coniza­do. Hoje a gente tem várias ori­en­tações do que é pre­coniza­do tan­to no cuida­do, na cadeia de cuida­do, des­de a iden­ti­fi­cação do poten­cial doador até a real­iza­ção do trans­plante, e depois até o pro­to­co­lo de acom­pan­hamen­to do recep­tor”, diz.

Sistema de transplantes

O Sis­tema Nacional de Trans­plantes é con­sid­er­a­do o maior pro­gra­ma públi­co de trans­plante de órgãos, teci­dos e célu­las do mun­do. Ele é garan­ti­do a toda a pop­u­lação por meio do SUS, e é respon­sáv­el pelo finan­cia­men­to de cer­ca de 88% dos trans­plantes no país, segun­do dados do Min­istério da Saúde.

O trans­plante de órgãos pode sal­var vidas em caso de órgãos vitais como o coração, bem como devolver a qual­i­dade de vida, quan­do o órgão trans­plan­ta­do não é vital, como os rins. Com o trans­plante, é pos­sív­el ter um pro­longa­men­to da expec­ta­ti­va de vida, per­mitin­do o resta­b­elec­i­men­to da saúde e, por con­se­quên­cia, a retoma­da das ativi­dades nor­mais.

Em todo o país, 44.844 pes­soas esper­am pelo trans­plante de um órgão, de acor­do com o Min­istério da Saúde. A maior parte, 41.445, está na fila por um rim. O fíga­do aparece em segun­do lugar, com fila de 2.325 pes­soas, segui­do pelo coração, com 436. São Paulo é esta­do com o maior número de pes­soas que aguardam um trans­plante, 21.601. O Rio de Janeiro aparece em quin­to lugar, com 2.160 pes­soas na lista de espera.

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