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SUS vai substituir papanicolau por exame mais sensível ainda este ano

Exame molecular de DNA-HPV para rastreio terá intervalo de cinco anos

Tâmara Freire — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 26/03/2025 — 18:56
Rio de Janeiro
Saúde cria serviço de referência para tratar câncer de colo de útero e de mama
Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal/Arquivo/Agência Brasil

A par­tir deste ano, o teste citopa­tológi­co para a detecção do HPV, pop­u­lar­mente con­heci­do como papan­i­co­lau, deve ser grad­ual­mente sub­sti­tuí­do, no Sis­tema Úni­co de Saúde, pelo exame mol­e­c­u­lar de DNA-HPV. Com isso, o tem­po de inter­va­lo entre as cole­tas, quan­do não hou­ver diag­nós­ti­co do vírus, pas­sará a ser de cin­co anos. Já a faixa-etária para o exame de ras­treio, quan­do não hou­ver sin­tomas ou sus­pei­ta de infecção, per­manece a mes­ma: de 25 a 49 anos.

A mudança faz parte das novas dire­trizes para o diag­nós­ti­co do câncer do colo do útero, apre­sen­tadas nes­ta quar­ta-feira (26) pelo Insti­tu­to Nacional do Câncer (Inca). O con­jun­to de ori­en­tações já foi aprova­do pela Comis­são Nacional de Incor­po­ração de Tec­nolo­gias no Sis­tema Úni­co de Saúde e pela Comis­são de Pro­to­co­los Clíni­cos e Dire­trizes Ter­apêu­ti­cas (Conitec). Res­ta ape­nas a avali­ação final da Sec­re­taria de Ciên­cia, Tec­nolo­gia e Ino­vação do Min­istério da Saúde para entrar em vig­or.

O papi­lo­mavírus humano, ou HPV, é o cau­sador de mais de 99% dos casos de câncer deco­lo do útero, que é o ter­ceiro mais inci­dente entre as mul­heres brasileiras, com cer­ca de 17 mil novos casos por ano. Com altas cober­turas de vaci­nação e de exam­es de ras­treio orga­ni­za­do, espe­cial­is­tas acred­i­tam que a doença pode ser errad­i­ca­da em cer­ca de 20 anos.

O teste mol­e­c­u­lar é recomen­da­do como exame primário para detec­tar o HPV pela Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde des­de 2021, porque é mais efi­caz para a redução de casos e óbitos, em decor­rên­cia da sua maior sen­si­bil­i­dade. Ele tam­bém per­mite iden­ti­ficar o sub­tipo do vírus, caso o resul­ta­do seja pos­i­ti­vo, o que ofer­ece uma grande van­tagem, já que ape­nas algu­mas vari­antes têm risco de provo­car lesões que podem evoluir para câncer.

O pesquisador da Divisão de Detecção Pre­coce do Inca Ita­mar Ben­to expli­ca que essas van­ta­gens per­mitem um espaça­men­to maior entre as cole­tas.

“O teste DNA-HPV tem um val­or pred­i­ti­vo neg­a­ti­vo muito forte, ou seja, se a pes­soa tiv­er resul­ta­do neg­a­ti­vo, a gente pode de fato con­fi­ar nesse resul­ta­do. E, con­hecen­do a história nat­ur­al da doença, a evolução das lesões, é uma margem segu­ra aguardar cin­co anos para faz­er um novo teste.”

Além dis­so, a imple­men­tação do novo teste dev­erá ser com­bi­na­da com a real­iza­ção de ras­treio orga­ni­za­do, quan­do o sis­tema de saúde bus­ca ati­va­mente as pes­soas, em vez de esper­ar que elas pro­curem as unidades de saúde. “É necessário que a pop­u­lação alvo seja iden­ti­fi­ca­da e con­vo­ca­da ati­va­mente e indi­vid­ual­mente. E é pre­ciso garan­tir que ela terá aces­so à con­fir­mação diag­nós­ti­ca e ao trata­men­to das lesões haven­do essa neces­si­dade”, com­ple­men­ta o pesquisador do Inca.

De acor­do com dados do Sis­tema de Infor­mação do Câncer, entre 2021 e 2023, ape­nas três esta­dos tiver­am cober­tu­ra de real­iza­ção de papan­i­co­lau próx­i­ma de 50% do públi­co-alvo. Todos os out­ros tiver­am uma por­cent­agem abaixo desse pata­mar, e alguns não têm dados com­ple­tos para análise. Além dis­so, há esta­dos, como Acre, Maran­hão e Mato Grosso, onde a maior parte dos resul­ta­dos foi entregue após 30 dias, o que difi­cul­ta a real­iza­ção de exam­es con­fir­matórios para que a paciente ini­cie o trata­men­to em até 60 dias, como deter­mi­na a leg­is­lação.

Por isso, o ras­trea­men­to orga­ni­za­do tam­bém pre­vê uma lin­ha de con­du­ta orga­ni­za­da, como expli­ca Ita­mar Ben­to: “A pes­soa faz um teste de DNA-HPV, e, se não foi detec­ta­do, ela só vai repe­tir o exame após 5 anos. Se foi detec­ta­do um tipo oncogêni­co, como o 16 e o 18, que são respon­sáveis por 70% das lesões pre­cur­so­ras de câncer, ela vai ser encam­in­ha­da dire­ta­mente à col­po­scopia. Se a col­po­scopia iden­ti­ficar uma doença cer­vi­cal, vai seguir para con­du­tas especí­fi­cas.”

As novas dire­trizes tam­bém trazem out­ras duas ino­vações: a auto­co­le­ta do mate­r­i­al para teste em pop­u­lações de difí­cil aces­so ou resistentes ao exame feito por profis­sion­al de saúde; e ori­en­tações para o atendi­men­to de pes­soas trangênero, não binárias e inter­sex­u­ais.

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