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Tela de Di Cavalcanti, rasgada 7 vezes, é devolvida ao Planalto

Obra vandalizada por golpistas passou por restauro

Pedro Rafael Vilela — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 08/01/2025 — 11:42
Brasília
Brasília (DF), 05/01/2024, Laboratório montado no Palácio da Alvorada atua na restauração de obras vandalizadas no 8 de janeiro. Foto: Wallisson Breno/Audiovisual/PR
Repro­dução: © Wal­lis­son Breno/Audiovisual/PR

O pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula da Sil­va descer­rou a tela As Mulatas à mesa, do pin­tor mod­ernista Di Cav­al­can­ti, no Palá­cio do Planal­to, na man­hã des­ta quar­ta-feira (8), em Brasília, durante cer­imô­nia em defe­sa da democ­ra­cia. Hoje, a ten­ta­ti­va de golpe de Esta­do no país com­ple­ta dois anos.

Uma das obras mais van­dal­izadas por extrem­is­tas durante a invasão do Palá­cio do Planal­to, o quadro foi pin­ta­do em 1962 e retra­ta mul­heres de ascendên­cia africana, uma das bases for­mado­ras da sociedade e cul­tura brasileiras. Avali­a­da em cer­ca de R$ 8 mil­hões, a obra tem 3,5 met­ros de largu­ra por 1,2 metro de altura.

Violência

Con­sid­er­a­da uma das obras mais impor­tantes de todo acer­vo pres­i­den­cial, a tela de Di Cav­al­can­ti foi ras­ga­da em sete pon­tos difer­entes, não se sabe ao cer­to se por uma faca ou pun­hal usa­do pelos golpis­tas que invadi­ram o Palá­cio do Planal­to naque­le domin­go fatídi­co – 8 de janeiro de 2023. O tra­bal­ho de recu­per­ação — feito por uma equipe da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Pelotas (UFPel) — foi min­u­cioso. Além dos ras­gos, as travas de madeira que sus­ten­tam a pin­tu­ra foram com­ple­ta­mente destruí­das.

A obra já tin­ha um reen­te­la­men­to (cober­tu­ra pro­te­to­ra no ver­so da tela) com teci­do de lin­ho, que foi rompi­do pelos ras­gos e não era pos­sív­el emen­dar com fibras orig­i­nais. A opção foi uti­lizar um poli­ester, que é um teci­do sin­téti­co comu­mente usa­do em velas de bar­co.

Na parte frontal da tela, onde a obra está pin­ta­da, téc­ni­cas de justaposição das tex­turas dos fios, repro­duzin­do as pince­ladas do artista, dis­farçaram com­ple­ta­mente os ras­gos, que não são mais visíveis.

Já na parte de trás da tela, os ras­gos foram man­ti­dos. Foi uma opção políti­ca para mostrar que essa tela sofreu um proces­so de vio­lên­cia, como desta­cou o pres­i­dente do Insti­tu­to do Patrimônio Históri­co e Artís­ti­co Nacional (Iphan), Lean­dro Grass.

No descer­ra­men­to do quadro que fica no ter­ceiro andar do Palá­cio do Planal­to, a poucos met­ros do gabi­nete pres­i­den­cial, Lula rece­beu pin­turas de répli­cas da tela de Di Cav­al­can­ti feitas por estu­dantes da rede públi­ca de ensi­no do Dis­tri­to Fed­er­al. Um tra­bal­ho de edu­cação pat­ri­mo­ni­al em esco­las da cap­i­tal fed­er­al tam­bém faz parte de um acor­do de coop­er­ação téc­ni­ca entre o Iphan e a UFPel para o restau­ro do acer­vo.

Ao todo, 21 obras van­dal­izadas durante a invasão do Palá­cio do Planal­to foram ofi­cial­mente rein­tegradas ao patrimônio durante cer­imô­nia na man­hã des­ta quar­ta-feira.

Processo de restauro

Para via­bi­lizar a recu­per­ação das obras, uma inédi­ta estru­tu­ra lab­o­ra­to­r­i­al de restau­ração foi mon­ta­da no Palá­cio da Alvo­ra­da, residên­cia ofi­cial da Presidên­cia da Repúbli­ca, por meio da Dire­to­ria Cura­to­r­i­al dos Palá­cios Pres­i­den­ci­ais e da Coor­de­nação-Ger­al de Admin­is­tração das Residên­cias Ofi­ci­ais.

A ini­cia­ti­va foi fru­to de uma parce­ria entre o Insti­tu­to do Patrimônio Históri­co e Artís­ti­co Nacional (Iphan) e a Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Pelotas (UFPel), que pos­sui exper­iên­cia em con­ser­vação e restau­ração de peças de arte.

O acor­do durou cer­ca de um ano e nove meses, com cus­to de R$ 2,2 mil­hões em repass­es feitos pelo Iphan à UFPel para a aquisição de equipa­men­tos, con­tratação de bol­sis­tas e gas­tos logís­ti­cos.

 

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