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“Tenho orgulho de ser negra”, diz porta-bandeira que denunciou racismo

Repro­dução: © TV Brasil

Vilma Nascimento, de 85 anos, foi acusada de furto em Brasília


Pub­li­ca­do em 24/11/2023 — 16:00 Por Ana Cristi­na Cam­pos — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A por­ta-ban­deira e balu­arte da esco­la de sam­ba Portela, Vil­ma Nasci­men­to, 85 anos, disse estar triste por ter sido acu­sa­da de fur­to na loja Duty Free Shop do Aero­por­to de Brasília na últi­ma terça-feira (21). “Estou triste porque acon­te­ceu um episó­dio comi­go que eu nun­ca pen­sei em pas­sar.”

A família de Vil­ma denun­ciou nes­ta quin­ta-feira (23) que ela foi víti­ma de racis­mo. O caso ocor­reu quan­do ela volta­va ao Rio de Janeiro, depois de rece­ber uma hom­e­nagem na Câmara dos Dep­uta­dos, como parte da cel­e­bração do Dia da Con­sciên­cia Negra.

Vil­ma con­ta que ficou olhan­do os per­fumes da loja enquan­to sua fil­ha Danielle fazia uma com­pra. “Eu não com­prei nada. Pas­samos nova­mente em frente à loja e veio uma segu­rança e pediu para a gente entrar na loja para ser revis­ta­da a bol­sa. Min­ha fil­ha per­gun­tou o porquê daqui­lo. A segu­rança não respon­dia nada. Abri a bol­sa. Tin­ha um monte de freguês den­tro da loja ven­do eu tirar tudo da min­ha bol­sa e a segu­rança olhan­do. Tirei, ela viu que não tin­ha nada, se comu­ni­cou com alguém e disse que não tin­ha nada na min­ha bol­sa. Nem des­cul­pa pediu”, lem­bra.

Porta-bandeira da Portela, Vilma Nascimento, é obrigada a esvaziar a bolsa em aeroporto sob suspeita de furto. Imagem: TV Brasil
Repro­dução: Por­ta-ban­deira da Portela, Vil­ma Nasci­men­to teve de esvaziar a bol­sa em loja de aero­por­to sob sus­pei­ta de fur­to — TV Brasil

Vil­ma e Danielle pedi­ram, sem suces­so, que a polí­cia fos­se chama­da. Tiver­am que sair da loja cor­ren­do para pegar o voo para o Rio. “Hoje eu pos­so com­prar os per­fumes que eu quis­er. Não pre­ciso roubar. Quero agrade­cer todos os apoios que estou receben­do dos meus ami­gos, dos meus fãs. Sou negra, ten­ho orgul­ho se ter negra, meu avô era escra­vo e min­ha avó era índia”, diz a por­ta-ban­deira, em vídeo envi­a­do à TV Brasil.

O Grêmio Recre­ati­vo Esco­la de Sam­ba Portela pub­li­cou nota de sol­i­dariedade e con­de­nou o ocor­ri­do com Vil­ma Nasci­men­to e a família.

“A luta por uma sociedade mais jus­ta e humana pas­sa pelo com­bate ao racis­mo. O G.R.E.S Portela repu­dia vee­mente­mente o pre­con­ceito sofri­do por Vil­ma Nasci­men­to, o Cisne da Pas­sarela, no aero­por­to de Brasília, em com­pan­hia de sua fil­ha Danielle Nasci­men­to”, desta­ca o tex­to, ao acres­cen­tar que Vil­ma é um dos ícones da Portela e do car­naval.

“É uma sam­bista de destaque, que traz na pele a mar­ca de nos­sa ances­tral­i­dade. O con­strang­i­men­to, demon­stra­do nas ima­gens divul­gadas, é sen­ti­do por todos que temos no sam­ba parte impor­tante de nos­sa iden­ti­dade, e que enx­erg­amos em Vil­ma uma de nos­sas grandes refer­ên­cias. Em nome dessa ances­tral­i­dade, que orgul­hosa­mente com­par­til­hamos e exal­ta­mos, lev­an­ta­mos nos­sa voz pedin­do para que o caso seja apu­ra­do pelas autori­dades. Este é um dev­er do poder con­sti­tuí­do não ape­nas para com os sam­bis­tas, mas para toda a pop­u­lação pre­ta de nos­so país, que não admite mais ser dis­crim­i­na­da em lugares públi­cos”, com­ple­ta a nota.

A min­is­tra da Igual­dade Racial, Anielle Fran­co, tam­bém se man­i­festou em defe­sa de Vil­ma e disse que está toman­do providên­cias para ampli­ar o com­bate ao racis­mo.

“São absur­das e inad­mis­síveis as acusações racis­tas feitas por fun­cionários de uma loja do aero­por­to de Brasília a Vil­ma Nasci­men­to, Balu­arte da Portela e len­da viva da cul­tura negra brasileira. Entraremos em con­ta­to com a víti­ma para prestar nos­sa sol­i­dariedade e auxílio. O Min­istério da Igual­dade Racial está desen­vol­ven­do um acor­do de coop­er­ação téc­ni­ca com a Anac [Agên­cia Nacional de Avi­ação Civ­il], a Polí­cia Fed­er­al e os Min­istérios dos Dire­itos Humanos e Por­to e Aero­por­tos para medi­das efi­cazes de com­bate ao racis­mo, envol­ven­do capac­i­tação, preparo e for­mação antir­racis­tas para servi­dores e bol­sas para ampli­ar a diver­si­dade na avi­ação. Vamos tomar as providên­cias cabíveis para que casos absur­dos como esse não se repi­tam”, pub­li­cou Anielle nas redes soci­ais.

Aeroporto

A Inframer­i­ca, admin­istrado­ra do Aero­por­to de Brasília, divul­gou nota repu­dian­do o episó­dio. A con­ces­sionária afir­mou que a fun­cionária foi afas­ta­da. “A Inframer­i­ca repu­dia qual­quer tipo de ação dis­crim­i­natória, den­tro ou fora do aero­por­to. A empre­sa respon­sáv­el pelo esta­b­elec­i­men­to infor­mou que já tomou as medi­das cabíveis e afas­tou a fun­cionária”.

Assista na TV Brasil:

Edição: Juliana Andrade

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