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Terra Yanomami tem menos garimpo e fome, mas desafios são diários

Após crise humanitária, ações do governo e entidades completam 2 anos

Luiz Clau­dio Fer­reira – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 20/01/2025 — 20:29
Brasília
Surucucu (RR), 09/02/2023 - Mulheres e crianças yanomami em Surucucu, na Terra Indígena Yanomami. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Nos últi­mos dois anos, uma luta diária con­tra as invasões de garimpeiros em ter­ritório yanoma­mi, por parte do poder públi­co e de enti­dades civis, foi capaz de enfrentar a crise human­itária na maior reser­va indí­ge­na do Brasil, que abri­ga 376 comu­nidades e cer­ca de 33 mil pes­soas.

Entre os resul­ta­dos, hou­ve uma redução de 91% nos garim­pos. O ter­ritório tem quase 10 mil­hões de hectares em área nos esta­dos d Ama­zonas e Roraima.

Além dis­so, essas ações, segun­do con­tabi­liza o gov­er­no, provo­caram uma que­da de 95,76% na aber­tu­ra de novos espaços de explo­ração ile­gal. Os garim­pos con­t­a­m­i­nam os rios, dimin­uem a ofer­ta de recur­sos nat­u­rais para a pop­u­lação e, além de ger­ar um prob­le­ma de saúde públi­ca, se trans­for­maram tam­bém em risco de segu­rança aos moradores das comu­nidades da região.

Somente em 2024, foram mais de três mil oper­ações de com­bate às ile­gal­i­dades, que envolver­am ativi­dades diu­tur­nas de mil­itares e civis. Diante da crise human­itária que se instalou na região, hou­ve dis­tribuição de mais de 114 mil ces­tas de ali­men­tos e lib­er­ação de R$ 1,7 bil­hão em crédi­tos extra­ordinários. As ações con­jun­tas reduzi­ram 68% dos óbitos por desnu­trição no primeiro semes­tre de 2024 em com­para­ção a 2023.

Ações de proteção

Segun­do o que rev­ela uma cober­tu­ra espe­cial do pro­gra­ma Cam­in­hos da Reportagem, da TV Brasil, que vai ao ar nes­ta segun­da (20), a par­tir das 23h, no fim de 2023, por exem­p­lo, o garim­po atingiu uma área de mais de 5 mil hectares, o que rep­re­sen­tou um cresci­men­to de 7% em relação ao ano ante­ri­or.

Diante dis­so, em março do ano pas­sa­do, o gov­er­no fed­er­al instalou a Casa de Gov­er­no para coor­denar as ações de pro­teção aos yanoma­mi. As oper­ações envolvem profis­sion­ais de difer­entes forças de segu­rança.

Nova Mamoré (RO) 31/07/2024 – Assessor da Casa Civil, Nilton Tubino posa para foto após ato do governo federal para marcar a entrega da desintrusão da Terra Indígena Karipuna, em Rondônia, na Aldeia Panorama. Durante a solenidade, os órgãos envolvidos na operação efetuarão a entrega dos resultados da desintrusão do território indígena. Localizada entre os municípios de Porto Velho e Nova Mamoré, a Terra Karipuna sofria constantes invasões que resultaram em desmatamento, grilagem de terra e outras ações ilegais. O processo de desintrusão, determinado pela Justiça, teve início em junho e foi concluído em julho deste ano. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Repro­dução: Chefe da Casa de Gov­er­no na TI Yanoma­mi, Nil­ton Tubi­no– Bruno Peres/Agência Brasil

Inclu­sive, diante da con­statação de ativi­dades crim­i­nosas, ações pas­saram a ocor­rer durante 24 horas.

“O pes­soal vira madru­ga­da fazen­do patrul­hamen­to tam­bém. Na real­i­dade, para cri­ar difi­cul­dade para quem ban­ca sen­tir no bol­so. Fica tão caro o negó­cio que o cara diz: ‘ó, aqui não com­pen­sa eu tra­bal­har porque estou começan­do a perder din­heiro’”, expli­ca o chefe da Casa de Gov­er­no, Nil­ton Tubi­no, em entre­vista ao Cam­in­hos da Reportagem

Ele expli­cou, por exem­p­lo, que, ao iden­ti­ficar trans­porte de com­bustív­el de for­ma irreg­u­lar, o sus­peito é encam­in­hado para a del­e­ga­cia. A cada oper­ação, são encon­tradas ain­da estru­turas camu­fladas e espal­hadas a serviço de ativi­dades ile­gais de garim­pos já que há maior pre­ocu­pação com a fis­cal­iza­ção.

“[Para encon­trar] tem dias que a gente cam­in­ha quase 10 quilômet­ros den­tro da flo­res­ta”, afir­ma Tubi­no.

Desafios

Tam­bém ao Cam­in­hos da Reportagem, a coor­de­nado­ra do Con­sel­ho Indi­genista Mis­sionário, Gilmara Fer­nan­des, avalia que as ativi­dades crim­i­nosas con­tam com recur­sos finan­ceiros e de logís­ti­ca que pre­cisam ser enfrenta­dos. “[Hou­ve] avanços, mas com muitos desafios ain­da”, disse.

O pres­i­dente do Con­sel­ho Dis­tri­tal de Saúde Yanoma­mi e Ye´Kwana, Junior Yanoma­mi, afir­mou que rece­beu infor­mações que está con­tro­la­da a entra­da dos inva­sores na comu­nidade. “Mas tem ain­da pon­tos, não são muitos”.

Ele entende que a água está fican­do mais limpa. Diante dos resul­ta­dos, a min­is­tra dos Povos Indí­ge­nas, Sonia Gua­ja­jara, tam­bém entende que o tra­bal­ho deve ser per­ma­nente porque as con­se­quên­cias das ativi­dades de garimpeiros são drás­ti­cas para as pes­soas:

“É pre­ciso man­ter essa pre­sença. Nós seguimos con­fi­antes de que, até o final desse gov­er­no, a gente entre­ga esse ter­ritório… eu não digo 100% restau­ra­do, mas 100% livre dess­es inva­sores”.

Somente no ano pas­sa­do, 159 pes­soas foram pre­sas, mais de 30 qui­los de ouro apreen­di­dos, 410 acam­pa­men­tos desmon­ta­dos e 50 pis­tas de pouso clan­des­ti­nas destruí­das. Hoje, voos em baixa alti­tude não pas­sam des­perce­bidos porque um radar foi insta­l­a­do na ter­ra indí­ge­na.

Amazonas-21/09/2024 Pista de pouso dentro da terra Indígena Yanomami foi destruída em operação das Forças Armadas. Foto: Bruno Mancinelle/Casa de Governo
Repro­dução: Pista de pouso den­tro da ter­ra Indí­ge­na Yanoma­mi destruí­da em oper­ação das Forças Armadas — Bruno Mancinelle/Casa de Gov­er­no

Menos mortes

O gov­er­no fed­er­al divul­gou ain­da que hou­ve uma que­da de 27% no número de mortes no primeiro semes­tre de 2024, em com­para­ção ao mes­mo perío­do de 2023. Os óbitos pas­saram de 213 para 155, com quedas nas mortes por desnu­trição (-68%), infecções res­pi­ratórias (-53%) e malária (-35%).

Out­ra medi­da, de acor­do com o poder públi­co, foi o aper­feiçoa­men­to da vig­ilân­cia nutri­cional de cri­anças menores de 5 anos, com a inten­si­fi­cação da bus­ca ati­va de pacientes e ampli­ação do aces­so aos serviços

Além dis­so, com a ampli­ação do aces­so ao diag­nós­ti­co hou­ve aumen­to 73% no número de exam­es de malária no primeiro semes­tre de 2024. Assim hou­ve mais reg­istros de casos, que pas­saram de 14.450 para 18.310. Ao con­hecer os casos, as equipes de saúde pud­er­am aplicar trata­men­to e o número de mortes caiu 35%.

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