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Tiro de arma de filho de fazendeiro matou indígena, conclui perícia

Repro­dução: © Leo Otero / MPI

Confronto com tribo pataxó hã-hã-hãe foi no sul da Bahia


Pub­li­ca­do em 24/01/2024 — 13:02 Por Alex Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Per­i­tos baianos ates­taram que o pro­jétil que atingiu e matou uma indí­ge­na pataxó hã-hã-hãe no sul da Bahia, no domin­go (21), par­tiu da arma apreen­di­da com um dos dois home­ns pre­sos em fla­grante depois que moradores da região atacaram os indí­ge­nas que, des­de sába­do (20), ocu­pam uma fazen­da em Poti­raguá, a cer­ca de 200 quilômet­ros de Por­to Seguro.

Segun­do o dire­tor region­al da Polí­cia Civ­il, del­e­ga­do Rober­to Júnior, o lau­do de micro­com­para­ção balís­ti­ca foi entregue à Polí­cia Civ­il nes­ta terça-feira (23) e anex­a­do ao inquéri­to que a cor­po­ração instau­rou para apu­rar o caso, mas que, por uma questão de com­petên­cia de atribuições, será encam­in­hado à Polí­cia Fed­er­al (PF), órgão fed­er­al ao qual cabe reprim­ir e pre­venir os crimes cometi­dos con­tra comu­nidades indí­ge­nas.

“Ao realizarmos a vis­to­ria nas armas de fogo apreen­di­das, ficou evi­dente que as armas tin­ham sido dis­paradas. Ime­di­ata­mente, req­ui­si­ta­mos perí­cias de local de crime, bem como a micro­com­para­ção balís­ti­ca do pro­jétil extraí­do do cor­po da víti­ma, para que fos­se con­fronta­da com as duas armas apreen­di­das”, expli­cou o del­e­ga­do, em uma men­sagem de áudio.

“Esse exame peri­cial deu pos­i­ti­vo, como imag­iná­va­mos. Já tín­hamos indí­cios sufi­cientes de auto­ria, tan­to que os dois con­duzi­dos foram autu­a­dos em fla­grante. Esse lau­do peri­cial foi rece­bido ontem [terça-feira] e acosta­do ao inquéri­to poli­cial, com­pro­van­do que o pro­jétil extraí­do do cor­po da víti­ma foi dis­para­do da arma do jovem apre­sen­ta­do pela Polí­cia Mil­i­tar e autu­a­do em fla­grante pela Polí­cia Civ­il”, acres­cen­tou o del­e­ga­do, desta­can­do que a Polí­cia Civ­il acred­i­ta ter esclare­ci­do o homicí­dio de Maria de Fáti­ma Muniz, con­heci­da como Nega Pataxó.

Con­forme ini­cial­mente apu­ra­do, cer­ca de 200 pes­soas, a maio­r­ia fazen­deiros da região, se mobi­lizaram após uma con­vo­cação para que rural­is­tas e com­er­ciantes retomassem, por meio da força, e sem decisão judi­cial, a posse da Fazen­da Inhu­ma, ocu­pa­da por indí­ge­nas no sába­do. De acor­do com a Artic­u­lação dos Povos Indí­ge­nas do Brasil (Apib), ain­da era madru­ga­da quan­do os agres­sores — mem­bros de um grupo autoin­ti­t­u­la­do Invasão Zero — cer­caram a área ocu­pa­da, sur­preen­den­do suas víti­mas.

No con­fron­to resul­tante do ataque, o irmão de Maria de Fáti­ma, o cacique Nail­ton Muniz Pataxó tam­bém foi atingi­do por um dis­paro de arma de fogo e teve que ser sub­meti­do a uma cirur­gia no Hos­pi­tal Cristo Reden­tor, em Itapetinga (BA), a cer­ca de 80 quilômet­ros da área onde o ataque ocor­reu.

Out­ros indí­ge­nas foram feri­dos, incluin­do uma mul­her, espan­ca­da, que teve um dos braços que­bra­dos. Um não indí­ge­na foi flecha­do em um dos braços.

A Polí­cia Mil­i­tar deteve dois home­ns que par­tic­i­pavam do ataque con­tra os indí­ge­nas. Segun­do a Sec­re­taria estad­ual da Segu­rança Públi­ca, os dois sus­peitos fazi­am parte do grupo Invasão Zero e por­tavam dois revólveres, car­regadores e munições. Os nomes não foram divul­ga­dos, mas de acor­do com notí­cias pub­li­cadas por vários órgãos de impren­sa da Bahia, um deles é um poli­cial mil­i­tar refor­ma­do, que está deti­do no Batal­hão da Polí­cia Mil­i­tar de Itabuna. O out­ro é fil­ho de um fazen­deiro da região e, segun­do o del­e­ga­do Rober­to Júnior, era ele quem por­ta­va a arma de onde saiu o pro­jétil que matou Maria de Fáti­ma.

“Com isso, podemos afir­mar, segu­ra­mente, que a Polí­cia Civ­il elu­ci­dou o homicí­dio da indí­ge­na Maria, con­heci­da como Nega Pataxó”, disse o del­e­ga­do.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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