...
sábado ,8 fevereiro 2025
Home / Noticias do Mundo / Trabalho infantil no mundo aumenta pela primeira vez em 20 anos

Trabalho infantil no mundo aumenta pela primeira vez em 20 anos

1280px-crianca_lixao_20080220_-_marcello_casal_jr._-_agencia_brasil

Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal/Agência Brasil

Dados são de relatório da OIT e do Unicef divulgado hoje


Pub­li­ca­do em 10/06/2021 — 08:04 Por RTP — Lis­boa

RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O número de cri­anças víti­mas de tra­bal­ho infan­til aumen­tou pela primeira vez em 20 anos, atingin­do 160 mil­hões no mun­do, anun­cia­ram hoje (10) a Orga­ni­za­ção Inter­na­cional do Tra­bal­ho (OIT) e o Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef).

No relatório Tra­bal­ho Infan­til: esti­ma­ti­vas globais de 2020, tendên­cias e o cam­in­ho a seguir, divul­ga­do pelas duas insti­tu­ições por ocasião do Dia Mundi­al con­tra o Tra­bal­ho Infan­til, cel­e­bra­do em 12 de jun­ho, desta­ca-se a neces­si­dade de medi­das para com­bat­er a práti­ca, que poderá ser agrava­da pela pan­demia.

O doc­u­men­to desta­ca que, pela primeira vez em 20 anos, a evolução da errad­i­cação do tra­bal­ho infan­til “inver­teu o sen­ti­do”, con­trar­ian­do a tendên­cia de que­da reg­istra­da entre 2000 e 2016, perío­do em que hou­ve redução de pelo menos 94 mil­hões de cri­anças no mun­do do tra­bal­ho.

Nos últi­mos qua­tro anos, esse aumen­to foi de 8,4 mil­hões de pes­soas, diz o relatório divul­ga­do nes­sa quin­ta-feira. “Cer­ca de 9 mil­hões a mais de cri­anças estão em risco dev­i­do aos efeitos da covid-19” até o fim de 2022, e “esse número poderá aumen­tar para 46 mil­hões, caso não ven­ham a ter aces­so a medi­das de pro­teção social essen­ci­ais”.

“Novas crises econômi­cas e o fechamen­to de esco­las, dev­i­do à covid-19, podem sig­nificar que as cri­anças tra­bal­ham mais horas, ou em condições agravadas, enquan­to muitas out­ras podem ser forçadas às piores for­mas de tra­bal­ho infan­til, dev­i­do à per­da de emprego e rendi­men­to em famílias vul­neráveis”, aler­ta o doc­u­men­to.

Cita­da em um comu­ni­ca­do, a dire­to­ra exec­u­ti­va do Unicef, Hen­ri­et­ta Fore, lem­brou que o mun­do ter­reno na luta con­tra o tra­bal­ho infan­til e que 2020 não facil­i­tou esse tra­bal­ho.

Hen­ri­et­ta defend­eu a importân­cia de se inve­stir em pro­gra­mas que deses­tim­ulem o tra­bal­ho infan­til, num momen­to em que o fechamen­to de esco­las, as crises econômi­cas e os ajustes nos orça­men­tos nacionais podem forçar as famílias “a tomar decisões muito drás­ti­cas”.

“Apelam­os aos gov­er­nos e os ban­cos inter­na­cionais de desen­volvi­men­to para que pri­or­izem os inves­ti­men­tos em pro­gra­mas que per­mi­tam que as cri­anças saiam do mer­ca­do de tra­bal­ho e regressem à esco­la, além de apostarem em pro­gra­mas de pro­teção social que evitem que as famílias ten­ham de recor­rer ao tra­bal­ho infan­til”.

O relatório mostra ain­da um aumen­to sub­stan­cial no número de cri­anças, entre os 5 e os 11 anos, que tra­bal­ham e que rep­re­sen­tam mais de metade de todos os casos de tra­bal­ho infan­til no mun­do.

O número de cri­anças com idade entre 5 e 17 anos, envolvi­das em tra­bal­hos perigoso, ativi­dades lab­o­rais que podem prej­u­dicar a sua saúde, segu­rança físi­ca ou desen­volvi­men­to cog­ni­ti­vo, aumen­tou 6,5 mil­hões des­de 2016, situan­do-se atual­mente em 79 mil­hões, acres­cen­ta.

A pub­li­cação indi­ca que 70% dos casos de tra­bal­ho infan­til, o equiv­a­lente a 112 mil­hões de cri­anças, ocor­rem no setor agrí­co­la, 20%, o cor­re­spon­dente a 31,4 mil­hões de menores, nos serviços, e 10%, 16,5 mil­hões de cri­anças, na indús­tria.

O tra­bal­ho infan­til nas áreas rurais (14%) é quase três vezes supe­ri­or quan­do com­para­do com as áreas urbanas (5%).

“Quase 28% das cri­anças com idade entre 5 e 11 anos e 35% das cri­anças entre 12 e 14 anos que tra­bal­ham não fre­quen­tam a esco­la”, obser­va o relatório, acres­cen­tan­do que há maior maior incidên­cia de meni­nos no tra­bal­ho infan­til, aten­uan­do-se essa dis­pari­dade quan­do se con­sid­era o tra­bal­ho domés­ti­co.

O dire­tor-ger­al da OIT, Guy Ryder, declar­ou, cita­do no mes­mo comu­ni­ca­do, que essas novas esti­ma­ti­vas “são um aler­ta” e apelou para que se inter­ven­ha, para não ser pos­ta em risco “toda uma nova ger­ação de cri­anças”.

“A pro­teção social inclu­si­va per­mite que as famílias man­ten­ham seus fil­hos na esco­la, mes­mo em situ­ação econômi­ca adver­sa. O aumen­to do inves­ti­men­to é essen­cial para pro­mover o desen­volvi­men­to rur­al e o tra­bal­ho decente no setor agrí­co­la”, disse Ryder.

“Esta­mos num momen­to cru­cial, os resul­ta­dos alcança­dos vão depen­der, em grande parte, das medi­das que tomar­mos” e é necessário reit­er­ar o com­pro­mis­so e a von­tade “para revert­er essa situ­ação e inter­romper o ciclo da pobreza e do tra­bal­ho infan­til”, pediu Guy Ryder.

O relatório adverte que “o tra­bal­ho infan­til com­pro­m­ete a edu­cação das cri­anças, restringe os seus dire­itos, limi­ta as suas opor­tu­nidades futuras e con­tribui para a manutenção de cic­los de pobreza viciosos.

Além do aumen­to dos gas­tos com edu­cação e a facil­i­tação do regres­so das cri­anças à esco­la, a OIT e o Unicef defen­d­em a pro­moção do tra­bal­ho dig­no para adul­tos, de modo que as famílias não ten­ham que recor­rer à aju­da dos fil­hos para ger­ar rendi­men­to em casa.

As infor­mações divul­gadas pelas duas insti­tu­ições baseiam-se em dados de 106 pesquisas que cobrem mais de 70% da pop­u­lação mundi­al de cri­anças entre 5 e 17 anos.

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Segunda aeronave com brasileiros deportados dos EUA chega hoje

Avião pousará em Fortaleza Pedro Peduzzi — Repórter da Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do em 07/02/2025 — …