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Tragédia climática afeta saúde mental de profissionais e voluntários

Repro­dução: © Pedro Piegas/PMPA

Mobilização para ajudar Rio Grande do Sul ocorre em todo o país


Publicado em 12/05/2024 — 11:33 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

A médi­ca vet­er­inária Andres­sa Schafe tirou a tarde de sex­ta-feira (10) para dormir em casa, com a família. “Estou muito abal­a­da emo­cional­mente”, disse Andres­sa à Agên­cia Brasil. Morado­ra do municí­pio de San­ta Maria, no Rio Grande do Sul, ela tra­bal­ha como vol­un­tária des­de o primeiro dia da tragé­dia climáti­ca que abala o esta­do, chegan­do ao giná­sio que con­cen­tra as doações aos desabri­ga­dos dos municí­pios gaú­chos às 7h40, todas as man­hãs.

“As pes­soas que atu­am na lin­ha de frente, como eu, já estão no automáti­co. A gente só vai indo, ten­ta resolver os prob­le­mas o máx­i­mo que con­segue.” Na sex­ta, o giná­sio onde os vol­un­tários estão tra­bal­han­do, e onde guardam roupas e comi­da, inun­dou. “A gente ten­tou erguer tudo, porque San­ta Maria está sendo a region­al de recol­hi­men­to. Todo mun­do pegou em vas­souras e rodos e começou a limpar. Mas, depois daqui­lo, eu me sen­tei e acho que chor­ei uma hora, porque já esta­mos exaus­tos. Todo mun­do que se encon­tra na lin­ha de frente está cansa­do. Mas seguimos.”

Andres­sa con­ta que mui­ta gente chega à region­al de recol­hi­men­to queren­do aju­da, e os vol­un­tários não estão con­seguin­do mon­tar ces­tas bási­cas sufi­cientes, porque as doações dimin­uíram muito, e as pes­soas ficam decep­cionadas. O que se con­segue é envi­a­do para a quar­ta colô­nia, que reúne as dez cidades dev­as­tadas pelas enchentes e situ­adas per­to de bar­ra­gens.

“Foi onde dev­as­tou tudo. As pes­soas estão sem água e comi­da”. Oito ou dez cam­in­honetes tra­cionadas lev­am as ces­tas bási­cas para ess­es municí­pios, onde nem helicópteros ou car­ros estão con­seguin­do chegar. “As pes­soas de San­ta Maria que vêm pedir aju­da ficam frustradas. Porém, esta­mos ten­tan­do apa­gar o incên­dio onde as pes­soas não têm nem água. Não con­seguimos aten­der todo mun­do, mas esta­mos ten­tan­do da maneira mais jus­ta.”

Brasília (DF) 08/05/2024 – Base aérea de Brasília recebe doações para os atingidos das chuvas no estado Rio Grande do Sul. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Repro­dução: Doações à pop­u­lação do Rio Grande do Sul chegam de todas as partes do país — Joéd­son Alves/Agência Brasil

Com a chega­da de roupas doadas, que vêm de muitos locais do Brasil, os vol­un­tários de San­ta Maria con­seguem mon­tar kits com­ple­tos de roupas e sap­atos fem­i­ni­nos, mas­culi­nos e infan­tis por taman­ho.

Solidariedade

Sama­ra Buch­mann, que faz mestra­do de psi­colo­gia na Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio Grande do Sul, está sem aulas, com restrição de água e de movi­men­tos. A ofic­i­na mecâni­ca de seu pai, Denis, ficou ala­ga­da com a cheia do Guaí­ba, em Por­to Ale­gre, e ele teve prob­le­mas finan­ceiros. A família abri­ga uma ami­ga de Pelotas e sua cachor­ra, que não pud­er­am entrar em casa por causa das  enchentes que asso­lam o esta­do.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, Sama­ra con­ta que vive uma situ­ação nova e atípi­ca, ape­sar da enchente no Vale do Taquari no ano pas­sa­do ter oca­sion­a­do muitos estra­gos. “Nes­sa pro­porção que a gente está ven­do ago­ra, porém, nem a enchente de 1941, que era a mais famosa, mais con­heci­da e a pior até hoje. Ago­ra, quase todas as cidades do esta­do foram afe­tadas de algu­ma sorte. Mais de 100 pes­soas mor­reram por causa das chu­vas, e há cen­te­nas de mil­hares de pes­soas desabri­gadas e muitos desa­pare­ci­dos.”

Sama­ra elo­giou o tra­bal­ho da Defe­sa Civ­il, dos bombeiros e do Exérci­to no res­gate e colo­cação de pes­soas e ani­mais em abri­gos e no trans­porte de man­ti­men­tos. “Há uma rede muito grande de vol­un­tários arrecadan­do recur­sos, fazen­do as com­pras de que os abri­gos pre­cisam: mate­r­i­al de higiene e limpeza, roupas de frio, ago­ra que está cain­do a tem­per­atu­ra, remé­dios, ração para os ani­mais. Toda hora está pas­san­do car­ro de polí­cia, helicóptero.”

CHUVAS NO RS - ABRIGOS - Porto Alegre, 08/05/2024. Ponto de saída e chegada para resgate dos desabrigados em função da enchente na Usina do Gasômetro. Foto: Cristine Rochol/PMPA
Repro­dução: Sol­i­dariedade e união mobi­lizam vol­un­tários no Rio Grande do Sul — Foto: @CristineRochol/PMPA

A estu­dante desta­ca que todos estão mobi­liza­dos para aju­dar, tan­to no Rio Grande do Sul quan­to nos demais esta­dos, e tam­bém no exte­ri­or, divul­gan­do o que está acon­te­cen­do e infor­man­do do que os gaú­chos estão pre­cisan­do neste momen­to. Para Sama­ra, sol­i­dariedade e união são os prin­ci­pais fatores que mobi­lizam atual­mente as pes­soas. “Não é só aqui, com o povo gaú­cho se aju­dan­do, é tam­bém em lugares muito dis­tantes, com o dese­jo de enviar mui­ta aju­da para cá, de ter algum par­ente ou ami­go e estar entran­do em con­ta­to para saber se essa pes­soa está bem, se pre­cisa de algu­ma coisa. Essa rede é de apoio emo­cional e não só mate­r­i­al”, con­cluiu.

Saúde mental

O psiquia­tra Jorge Jaber, mem­bro fun­dador e asso­ci­a­do da Inter­na­tion­al Soci­ety of Addic­tion Med­i­cine e asso­ci­a­do à World Fed­er­a­tion Against Drugs, afir­ma que tragé­dias climáti­cas, como as enchentes do Rio Grande do Sul, afe­tam a saúde men­tal das pes­soas, tan­to as que per­dem par­entes e ami­gos, além de bens, quan­to profis­sion­ais e vol­un­tários que se esforçam para faz­er sal­va­men­tos e, muitas vezes, não con­seguem.

Na área especí­fi­ca de psiquia­tria, a Asso­ci­ação Brasileira de Psiquia­tria (ABP) criou um link para que espe­cial­is­tas do Brasil inteiro pos­sam aju­dar  a pop­u­lação gaúcha, seja por  atendi­men­to pres­en­cial, com profis­sion­ais que estão mais próx­i­mos do even­to, ou a dis­tân­cia, pelas mídias soci­ais. O Con­sel­ho Region­al de Med­i­c­i­na do Rio Grande do Sul mod­i­fi­cou tam­bém uma deter­mi­nação para que os médi­cos, nesse perío­do, tal como ocor­reu na época da pan­demia de covid-19, pos­sam emi­tir receituário con­tro­la­do.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, Jaber expli­ca que quase todos os medica­men­tos psiquiátri­cos são alvo de con­t­role da Agên­cia Nacional de Vig­ilân­cia San­itária (Anvisa), em ter­mos de receitas. “Exis­tem receitas bran­cas, azuis e amare­las. As receitas azuis e amare­las, que são emi­ti­das pelo Con­sel­ho Region­al de Med­i­c­i­na do esta­do, estão sendo lib­er­adas para que sejam feitas, inclu­sive, a dis­tân­cia, de modo a reduzir o impacto que esse cat­a­clis­mo está cau­san­do na pop­u­lação.”

Sobre o even­to traumáti­co de natureza ecológ­i­ca, Jaber diz que a reper­cussão é grande e de lon­ga duração. Ele lem­bra que, em 2024, ain­da se avaliam os efeitos de lon­ga duração da pan­demia da covid-19 (2020–2023). “O que está acon­te­cen­do ago­ra vai reper­cu­tir em uma ger­ação de jovens que estão sendo sub­meti­dos a per­das traumáti­cas de entes queri­dos, à per­da de bens e ao dano ecológi­co. Um esta­do que tem car­ac­terís­ti­cas de preser­vação ecológ­i­ca como o Rio Grande do Sul vai sofr­er um dano muito grande.”

Segun­do o psiquia­tra, a mudança climáti­ca, a mudança da veg­e­tação, a morte de ani­mais, tudo isso gera sofri­men­to a mais e con­tribui forte­mente para a per­da da saúde men­tal.

Jaber enfa­ti­za que não só as pes­soas doentes, mas o ser humano, de maneira ger­al, todos pre­cisam ter uma cer­ta segu­rança ambi­en­tal para viv­er ple­na­mente a sua saúde. “Qual­quer dano ecológi­co ao ambi­ente reper­cute na saúde men­tal do indi­ví­duo por uma série de razões, prin­ci­pal­mente aque­las voltadas ao medo, angús­tia, ansiedade, depressão, transtornos psicóti­cos, abu­so de sub­stân­cias, uso inde­v­i­do de remé­dios. Isso tudo cria uma solução bas­tante difí­cil que tem reper­cussões de cur­to e tam­bém de lon­go pra­zo.” De acor­do com o psiquia­tra, esti­ma-se que, em um even­to como este, a pop­u­lação demore de cin­co a dez anos para começar a se esta­bi­lizar, do pon­to de vista da saúde men­tal.

No tocante aos profis­sion­ais e vol­un­tários que estão no Rio Grande do Sul sal­van­do pes­soas e ani­mais, Jaber desta­ca o tra­bal­ho da Defe­sa Civ­il, ao  cri­ar equipes mul­ti­pli­cado­ras, moti­vadas por líderes. O psiquia­tra lem­bra, con­tu­do, que pes­soas com menor capaci­dade de resistên­cia a frus­trações, situ­ações que envolvem morte e situ­ações cat­a­stró­fi­cas e dolorosas, devem ser afas­tadas, aprovei­tan­do-se aque­les que real­mente demon­stram algu­ma resil­iên­cia nes­sas cir­cun­stân­cias.

Socorro psicológico

Para con­tribuir com as ini­cia­ti­vas de acol­hi­men­to em saúde men­tal às víti­mas das enchentes, os pro­fes­sores Chris­t­ian Haag Kris­tensen e Car­o­line San­ta Maria Rodrigues, do Núcleo de Estu­dos e Pesquisa em Trau­ma e Estresse (Nepte), da Esco­la de Ciên­cias da Saúde e da Vida da Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca do Rio Grande do Sul (PUCRS), cri­aram um cur­so rápi­do, volta­do para pes­soas que estão atuan­do como vol­un­tárias em res­gates e abri­gos ou aju­dan­do de out­ras for­mas. O obje­ti­vo é con­tribuir com as ini­cia­ti­vas de acol­hi­men­to em saúde men­tal às víti­mas, facil­i­tan­do, ao mes­mo tem­po, o atendi­men­to psi­cológi­co mais ade­qua­do no momen­to. O mate­r­i­al tem apoio do Con­sel­ho Region­al de Psi­colo­gia (CRP-RS).

O cur­so Primeiros Socor­ros Psi­cológi­cos: Inter­vin­do em Situ­ações de Crises, Desas­tres e Catástro­fes foi grava­do pelos dois pesquisadores e divi­di­do em duas partes. Na primeira, é fei­ta uma con­tex­tu­al­iza­ção de desas­tres, indi­can­do quais os pos­síveis efeitos psi­cológi­cos e agra­vantes da situ­ação, como fome, machu­ca­dos e abu­sos, entre out­ras situ­ações. Na segun­da, são expli­cadas as maneiras práti­cas de abor­dar e se comu­nicar com as víti­mas e as for­mas de comu­ni­cação ade­quadas.

Os pro­fes­sores ressaltam a neces­si­dade de se con­sid­er­ar que as pes­soas estão em situ­ação de vul­ner­a­bil­i­dade, como cri­anças e ado­les­centes, pes­soas com prob­le­mas de saúde, defi­ciên­cias, ou ain­da cor­ren­do risco de dis­crim­i­nação ou vio­lên­cia. O cur­so bus­ca ofer­e­cer um panora­ma rápi­do, para que os atingi­dos mais forte­mente pela catástrofe sejam trata­dos de maneira human­iza­da. A PUCRS está abri­g­an­do pes­soas e famílias afe­tadas pelas chu­vas e enchentes do esta­do nas dependên­cias do Par­que Esporti­vo (Pré­dio 81) e tam­bém recebe e encam­in­ha doações.

As ativi­dades acadêmi­cas foram sus­pen­sas na uni­ver­si­dade, mas o cam­pus per­manece aber­to aos estu­dantes e à comu­nidade, ofer­e­cen­do aces­so à ener­gia elétri­ca, equipa­men­tos, ambi­entes de estu­do, serviços de ali­men­tação e uso das estru­turas disponíveis.

Política pública

Para a douto­ra em saúde cole­ti­va e espe­cial­ista em saúde men­tal do Insti­tu­to de Estu­dos para Políti­cas de Saúde Dayana Rosa, a relação entre saúde men­tal e meio ambi­ente ain­da é pouco debati­da no Brasil mas, no mun­do inteiro, tem sido abor­da­da com fre­quên­cia. “Na Europa, por exem­p­lo, já se fala em ansiedade climáti­ca, prin­ci­pal­mente entre a pop­u­lação mais jovem”, disse Dayana à Agên­cia Brasil.

No Brasil, onde existe mui­ta riqueza nat­ur­al e a explo­ração da natureza con­sti­tui uma das prin­ci­pais ativi­dades econômi­cas, é cada vez mais necessário que o Esta­do pro­mo­va políti­cas públi­cas, ao mes­mo tem­po que amplia o aces­so e pro­tege o meio ambi­ente, como for­ma de pro­mover tam­bém saúde men­tal e de pre­venir transtornos e sofri­men­tos desse tipo, diz a espe­cial­ista. “O aces­so ao meio ambi­ente deve cam­in­har jun­to com a pro­moção do aces­so à saúde men­tal”, enfa­ti­za.

Dayana Rosa cita pesquisa fei­ta no Reino Unido, segun­do a qual, pes­soas que vivem em áreas com altos níveis de poluição do ar têm 40% mais chance de desen­volver depressão que as que estão em áreas com ar mais limpo. No Brasil, no caso do rompi­men­to da bar­ragem de Mar­i­ana (MG), em 2015, pesquisa da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Minas Gerais (UFMG), fei­ta em 2018, con­sta­tou que 74% das pes­soas tiver­am pio­ra do esta­do de saúde. Na saúde men­tal, a depressão e a ansiedade, que afe­tavam 1% da pop­u­lação, subi­ram para 23%. Em 2020, dois anos depois da tragé­dia, quase 30% dos atingi­dos sofri­am com depressão, número cin­co vezes maior do que a média nacional na época. “São transtornos provo­ca­dos pela condição em que a natureza se encon­tra e pelas con­se­quên­cias de você perder a casa, não ter aces­so a bens bási­cos como água, ali­men­tação, e sem eles é impos­sív­el falar de saúde men­tal”.

A espe­cial­ista lem­bra que, durante a pan­demia da covid-19, os profis­sion­ais de saúde que ficaram na lin­ha de frente foram os que mais adoe­ce­r­am em ter­mos de saúde men­tal. “Fica a neces­si­dade tam­bém de pro­te­ger os profis­sion­ais de saúde e os demais profis­sion­ais que estão na lin­ha de frente no Rio Grande do Sul”.

A Frente Par­la­men­tar de Saúde Men­tal, da qual o Insti­tu­to de Estu­dos para Políti­cas de Saúde faz a sec­re­taria exec­u­ti­va, propôs o pro­je­to de lei Cuidan­do de Quem Cui­da, para pro­te­ger profis­sion­ais de saúde que estão na lin­ha de frente, como no caso do Rio Grande do Sul.

Transtorno

O neu­rol­o­gista Guil­herme Schmidt, docente do Insti­tu­to de Edu­cação Médi­ca (Idomed), disse à Agên­cia Brasil que, quan­do se pen­sa em saúde, isso não envolve ape­nas ausên­cia de doenças, porque saúde requer bem-estar físi­co, men­tal e social. “A pop­u­lação do Rio Grande do Sul perdeu, no mín­i­mo, o bem-estar men­tal e social. Até que haja recu­per­ação, prin­ci­pal­mente da parte social e de roti­na, é uma pop­u­lação que tem maior risco de transtorno men­tal”.

Schmidt aler­ta que o gov­er­no pre­cisa ter uma per­spec­ti­va de recon­strução para essas pes­soas, “de voltar à nor­mal­i­dade, de cri­anças voltarem para a esco­la, pes­soas voltarem para o emprego, se não tiverem per­di­do, voltarem para casa, se tiverem a casa para voltar”. Na avali­ação do médi­co, essa é uma pop­u­lação que apre­sen­ta maior risco de doença psiquiátri­ca.

Uma das primeiras reações de quem pas­sa por uma situ­ação traumáti­ca de tal porte é a con­fusão men­tal, segui­da pelo esta­do de angús­tia pelo que está acon­te­cen­do, o que leva ao espíri­to de sol­i­dariedade para ten­tar resolver o prob­le­ma. “Quan­do isso vai pas­san­do, e a pes­soa con­sta­ta que não está voltan­do para a roti­na dela, podem apare­cer prob­le­mas. A pes­soa não tem mais aque­le sen­ti­men­to de util­i­dade, nem a roti­na ante­ri­or. É uma pop­u­lação na qual a gente tem que ficar de olho.”

Pacientes que têm risco de desen­volver doenças psiquiátri­c­as podem apre­sen­tar, entre out­ros sin­tomas, pen­sa­men­tos per­tur­badores ou pesade­los, reviven­do o que acon­te­ceu, medo de enlouque­cer, de perder o con­t­role e ficar em esta­do de hiper­vig­ilân­cia, mais ner­vosos, mais inqui­etos – é mais fácil entrar em pâni­co. Ess­es sin­tomas podem afe­tar relações pes­soais e até de tra­bal­ho, uma vez que as pes­soas ficam muito irritáveis, diz o neu­rol­o­gista.

Muitos pas­sam a evi­tar o con­ta­to com pes­soas que pas­saram pela mes­ma tragé­dia e dimin­uem o cír­cu­lo social com medo de lem­brar os acon­tec­i­men­tos. Podem apre­sen­tar alter­ação do sono e mostrar difi­cul­dade de con­cen­tração e se tornar mais indifer­entes na parte emo­cional. Nor­mal­mente, é mais suscetív­el a tais sin­tomas a pop­u­lação que já era mais vul­neráv­el ou por­ta­do­ra de algu­ma doença men­tal e sem rede de apoio de par­entes e ami­gos, além da parcela que sofreu maiores per­das no desas­tre. Schmidt salien­ta a neces­si­dade de ficar de olho nesse grupo, que cos­tu­ma aumen­tar o uso de álcool e dro­gas.

Schmidt acen­tua que a fase de luto con­sid­er­a­da nor­mal é de, no máx­i­mo, até dois meses após a tragé­dia, porque as pes­soas tiver­am perder­am par­entes e bens. “Mas ficar com depressão após uma tragé­dia dessas não é nor­mal. Se o luto está demor­an­do mais que dois meses, é pre­ciso começar a se pre­ocu­par e tratar esse paciente, que ele tem maior risco de depressão. Tem que tratar logo porque aumen­ta a chance de um transtorno depres­si­vo asso­ci­a­do”, diz o médi­co, que aler­ta tam­bém para o aumen­to de doenças car­dio­vas­cu­lares.

Segun­do o neu­rol­o­gista, uma coisa pos­i­ti­va que pode ocor­rer nesse tipo de even­to é o cresci­men­to pós-traumáti­co, na medi­da que situ­ações extremas acabam levan­do a mudanças na vida das pes­soas, como cuidar mais da saúde, dedicar-se mais à família, aumen­tar a rede de con­tatos. “E a grande coisa que aumen­ta nis­so tudo é a resil­iên­cia, que é a nos­sa capaci­dade de voltar ao fun­ciona­men­to nor­mal depois de even­tos traumáti­cos descon­fortáveis. Algu­mas pes­soas ficam mais fortes depois dess­es even­tos”, afir­ma Schmidt.

Edição: Nádia Fran­co

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