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Transplantes são seguros e salvam vidas, dizem entidades

“Eu acredito no sistema”, diz transplantado

Mar­i­ana Tokar­nia — Repórter da Agên­cia Brasil*
Pub­li­ca­do em 15/10/2024 — 07:20
Rio de Janeiro
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Transplante de órgãos - Governo do Estado do Rio de Janeiro
Repro­dução: © Divulgação/ Gov­er­no do Esta­do do Rio de Janeiro

Clau­dio Cezar Alves da Sil­va reto­mou a qual­i­dade de vida graças ao Sis­tema Nacional de Trans­plantes. Em 1994 desco­briu uma doença que ata­cou os rins. Ele pre­cisou ser sub­meti­do a sessões fre­quentes de hemod­iálise – trata­men­to que remove sub­stân­cias tóx­i­cas do sangue, fun­cio­nan­do como um rim arti­fi­cial – até que con­seguiu faz­er um trans­plante de rim. Hoje, aos 58 anos, ele é um defen­sor do Sis­tema que já o salvou out­ras vezes. Ele está na fila para rece­ber o ter­ceiro rim.

“Você vê que eu con­fio bas­tante, o sis­tema tem cred­i­bil­i­dade”, diz Sil­va, que é, atual­mente, pres­i­dente da Asso­ci­ação dos Renais e Trans­plan­ta­dos do Esta­do do Rio de Janeiro. Ele aju­da out­ros pacientes renais e famílias a acred­itarem nos trata­men­tos, a se cuidarem e a con­fi­arem, nos casos necessários, nos trans­plantes.

“A hemod­iálise te man­tém vivo. Graças a Deus, você tem uma máquina, né? Que três vezes por sem­ana, qua­tro horas por dia, você fazen­do a hemod­iálise ou fazen­do a diálise peri­to­nial em casa, você fica tran­qui­lo, te man­tém vivo. Mas nada mel­hor do que você voltar a ter a tua liber­dade. Você sair da máquina, cuidar dire­it­in­ho de você mes­mo. O prin­ci­pal fator para você ter uma qual­i­dade de vida e ter uma dura­bil­i­dade mel­hor do seu órgão trans­plan­ta­do, é você mes­mo. É com os cuida­dos que você tem que ter no dia a dia. Com ali­men­tação, com exer­cí­cios”, diz.

Foi com sur­pre­sa que Sil­va rece­beu a notí­cia que pacientes que fiz­er­am trans­plantes no Rio de Janeiro foram infec­ta­dos por HIV.

“Imag­i­na só, você está numa expec­ta­ti­va, você está numa fila, aí vem esse baque, nos­sa, você vai mur­char. Você não pode deixar isso acon­te­cer. Foi um erro. Erros acon­te­cem. Foi uma fal­ta grave? Foi uma fal­ta grave. Mas vamos emb­o­ra. Vamos pas­sar por cima e vamos con­tin­uar”, ressalta. “Eu vou pro ter­ceiro. É porque eu acred­i­to no sis­tema. Isso não vai me abalar jamais. Isso vai me dar mais força ain­da pra brigar mais e pra incen­ti­var mais as pes­soas a saírem dessa fila. Vamb­o­ra. Vamos voltar a uma vida nor­mal”, defende.

O Sis­tema Nacional de Trans­plantes é con­sid­er­a­do o maior pro­gra­ma públi­co de trans­plante de órgãos, teci­dos e célu­las do mun­do. Ele é garan­ti­do a toda a pop­u­lação por meio do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS), que, por sua vez, é respon­sáv­el pelo finan­cia­men­to de cer­ca de 88% dos trans­plantes no país, segun­do dados do Min­istério da Saúde.

O trans­plante de órgãos pode sal­var vidas em caso de órgãos vitais como o coração, bem como devolver a qual­i­dade de vida, quan­do o órgão trans­plan­ta­do não é vital, como os rins. Com o trans­plante, é pos­sív­el ter um pro­longa­men­to da expec­ta­ti­va de vida, per­mitin­do o resta­b­elec­i­men­to da saúde e, por con­se­quên­cia, a retoma­da das ativi­dades nor­mais.

Segurança

O caso do Rio de Janeiro é inédi­to. Assim que foi noti­ci­a­do, pronta­mente enti­dades médi­cas e de out­ras cat­e­go­rias lig­adas à saúde, Sec­re­taria de Esta­do de Saúde do Rio de Janeiro (SES) e Min­istério da Saúde saíram em defe­sa do Sis­tema Nacional de Trans­plantes.

Entre as enti­dades estão a Sociedade Brasileira de Córnea (SBC) e o Con­sel­ho Brasileiro de Oftal­molo­gia (CBO). “É um sis­tema que fun­ciona há décadas e que tem pos­si­bil­i­ta­do a recu­per­ação da visão de mil­hares de pes­soas no país inteiro. O nos­so sis­tema de trans­plante, no caso de córnea, ele é recon­heci­da­mente um dos mel­hores do mun­do”, diz o pres­i­dente da enti­dade, José Álvaro.

Segun­do Álvaro, um dos pacientes rece­beu o trans­plante de córnea de um dos doadores infec­ta­dos por HIV. Como não se tra­ta de um órgão vas­cu­lar­iza­do, ele não foi infec­ta­do.

A córnea é uma estru­tu­ra trans­par­ente local­iza­da na parte ante­ri­or do globo ocu­lar. Álvaro expli­ca que algu­mas doenças podem faz­er com que ela fique opaca e isso prej­u­di­ca a visão das pes­soas, poden­do levar à cegueira. O trans­plante ofer­ece a chance de os pacientes voltarem a enx­er­gar.

Para ele, o caso do Rio de Janeiro é “serís­si­mo” e está sendo dev­i­da­mente inves­ti­ga­do, mas não deve com­pro­m­e­ter a con­fi­ança em um sis­tema que “salvou a vida de mil­hões de pes­soas e devolveu a visão a mil­hares de pes­soas”, ressalta.

Segun­do dados do Min­istério da Saúde, em todo o país, 44.777 pes­soas esper­am por trans­plante de órgão. A maior parte, 41.395, estão na fila por um rim. O fíga­do aparece em segun­do lugar, com uma fila de 2.320 pes­soas, segui­do pelo coração, com 431. São Paulo é esta­do com o maior número de pes­soas que aguardam um trans­plante, 21.564. O Rio de Janeiro aparece em quin­to lugar, com 2.167 pes­soas na lista de espera.

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