...
sexta-feira ,7 fevereiro 2025
Home / Saúde / Transtorno alimentar requer cuidado multidisciplinar, diz associação

Transtorno alimentar requer cuidado multidisciplinar, diz associação

Repro­dução: © Cam­in­hos da Reportagem /TV Brasil

Alerta é feito no Dia Mundial de Ação dos Transtornos Alimentares


Pub­li­ca­do em 02/06/2022 — 07:07 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

O Dia Mundi­al de Ação dos Transtornos Ali­menta­res, comem­o­ra­do hoje (2), tem como foco este ano o movi­men­to Cuidan­do de quem cui­da. A data foi cri­a­da em 2015 pela Acad­e­my for Eat­ing Dis­or­ders, e seu obje­ti­vo prin­ci­pal é pro­mover ações mundi­ais para con­sci­en­ti­zar, sen­si­bi­lizar e infor­mar a pop­u­lação sobre os prob­le­mas rela­ciona­dos a ess­es dis­túr­bios.

Em todo o mun­do, esti­ma-se que mais de 70 mil­hões de pes­soas sejam afe­tadas por algu­ma for­ma de transtorno ali­men­tar, seja anorex­ia, bulim­ia, transtorno de com­pul­são ali­men­tar, entre out­ras. O coor­de­nador da Comis­são de Transtornos Ali­menta­res da Asso­ci­ação Brasileira de Psiquia­tria (ABP), José Car­los Appolinário, disse que os transtornos ali­menta­res são doenças men­tais difer­entes, “porque o lim­ite entre a doença men­tal e a doença clíni­ca, às vezes, é muito tênue”.

Pes­soas com anorex­ia ner­vosa, por exem­p­lo, podem atin­gir graus de desnu­trição muito grandes, per­da de pro­teí­nas, baixa de pressão arte­r­i­al e de potás­sio, podem até mor­rer em função da desnu­trição. As pes­soas com bulim­ia ner­vosa, com vômi­tos autoin­duzi­dos e uso de lax­a­tivos e diuréti­cos, podem causar alter­ações hidroeletrolíti­cas que tam­bém podem levar à morte. Essas alter­ações ocor­rem quan­do os níveis de hidratação e de eletról­i­tos cor­po­rais, como sódio, potás­sio, cál­cio, mag­né­sio, entre out­ros, estão descom­pen­sa­dos. “São transtornos men­tais com con­se­quên­cias muito impor­tantes sobre a saúde físi­ca dos indi­ví­du­os”.

O psiquiatra José Carlos Appolinario explica que os gatilhos para a compulsão alimentar estão mais presentes na pandemia.
Repro­dução: O psiquia­tra José Car­los Appoli­nario expli­ca que os gatil­hos para a com­pul­são ali­men­tar estão mais pre­sentes na pan­demia. — Cam­in­hos da Reportagem /TV Brasil

Multiprofissional

Segun­do o médi­co psiquia­tra, a ABP tem incen­ti­va­do a divul­gação des­ta data e de todos os tópi­cos da cam­pan­ha. Como asso­ci­ação de psiquia­tras e profis­sion­ais de saúde men­tal, a enti­dade tem o papel impor­tante de aju­dar a pop­u­lação a ter um con­hec­i­men­to maior sobre transtornos ali­menta­res. De acor­do com ele, isso pode faz­er com que as pes­soas ten­ham um diag­nós­ti­co pre­coce, porque quan­to mais cedo é ini­ci­a­do o trata­men­to, mel­hor é o prognós­ti­co.  “Essa con­sci­en­ti­za­ção da pop­u­lação em relação a transtornos ali­menta­res é uma ativi­dade que a ABP desen­volve, inclu­sive divul­gan­do o dia mundi­al e levan­do infor­mação à sociedade. Os pais e famil­iares vão ser muito aju­da­dos nis­so para levar mais pre­co­ce­mente seus fil­hos, par­entes e pes­soas con­heci­das que ten­ham ess­es prob­le­mas a sus­peitar ante­ci­pada­mente da doença”, afir­mou.

O trata­men­to para pes­soas com transtornos ali­menta­res tem que ser mul­ti­profis­sion­al. Deve ser con­duzi­do por um psiquia­tra, um psicól­o­go, um nutri­cionista e um clíni­co. “Ess­es qua­tro profis­sion­ais têm que atu­ar con­jun­ta­mente. Várias dessas condições vão neces­si­tar de con­hec­i­men­tos especí­fi­cos”, lem­brou o espe­cial­ista, acres­cen­tan­do que a anorex­ia ner­vosa é con­sid­er­a­da a doença de maior mor­tal­i­dade na psiquia­tria.

Treinamento

A ABP real­iza tam­bém treina­men­tos e pro­gra­mas de desen­volvi­men­to dos próprios psiquia­tras, para que ten­ham, cada vez mais, mel­hor capac­i­tação no trata­men­to da doença. No Brasil, o maior número de transtornos ali­menta­res inclui bulim­ia, anorex­ia ner­vosa e com­pul­são ali­men­tar. Con­sideran­do todos os transtornos ali­menta­res, con­jun­ta­mente, há uma prevalên­cia em 3% a 4% da pop­u­lação. José Car­los Appolinário adver­tiu, entre­tan­to, que há casos que não são ain­da transtornos pro­pri­a­mente ditos, mas que neces­si­tam acom­pan­hamen­to e trata­men­to.

“A gente chama de sín­dromes par­ci­ais. Você ain­da não tem um baixo peso, mas um com­por­ta­men­to ali­men­tar muito restri­to. Está em que­da de peso muito acen­tu­a­da. Ou, então, não tem ain­da uma fre­quên­cia muito alta, mas já começou a induzir vômi­tos depois de episó­dios de com­pul­são, ou seja, não tem um diag­nós­ti­co com­ple­to, mas já neces­si­taria de acom­pan­hamen­to”. De acor­do com o médi­co, se somar­mos tudo isso, podem ser iden­ti­fi­cadas sín­dromes par­ci­ais.

Diante dessas doenças com­plexas, que alter­am o com­por­ta­men­to do indi­ví­duo e, geral­mente, a par­tir de idade muito jovem — em ger­al, fim da infân­cia ou iní­cio da ado­lescên­cia — com a pes­soa ain­da muito lig­a­da aos pais, os famil­iares ficam per­tur­ba­dos com todas as mod­i­fi­cações, disse o coor­de­nador da Comis­são da ABP, tam­bém pro­fes­sor da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio.

Relação familiar

“Isso per­tur­ba, prin­ci­pal­mente, uma função de relação famil­iar, que é a ali­men­tação”, afir­ma Apolinário. A pes­soa com anorex­ia ner­vosa rejei­ta comi­da, não sen­ta com a família para faz­er as refeições. Isso mexe com a relação famil­iar e provo­ca sobre­car­ga em relação à doença e ao trata­men­to. Por isso, ele sug­ere que a família par­ticipe do trata­men­to des­de o iní­cio das alter­ações. Tam­bém reforça a importân­cia de se tratar não só os doentes, mas dar apoio e suporte aos famil­iares, ami­gos, com­pan­heiros (as), pes­soas que estão aju­dan­do a cuidar de quem está com transtornos ali­menta­res.

Muitas vezes, a pes­soa com esse tipo de dis­túr­bios não acei­ta que está com a doença e que pre­cisa bus­car trata­men­to. Por isso, é pre­ciso cuidar tam­bém dos cuidadores, que vão pre­cis­ar de muito apoio e suporte. O papel do cuidador é de extrema importân­cia no proces­so de recu­per­ação dos afe­ta­dos por transtornos ali­menta­res. A ABP desta­cou que para cuidar do out­ro faz-se necessário o autocuida­do.

A asso­ci­ação sug­eriu algu­mas estraté­gias sim­ples que podem aju­dar na qual­i­dade de vida do cuidador, como dividir tare­fas, dedicar um tem­po para si, cuidan­do da própria saúde físi­ca, e con­stru­ir uma rede de apoio para que pos­sa pedir aju­da. Segun­do a ABP, os transtornos ali­menta­res, quan­do trata­dos pre­coce e cor­re­ta­mente, têm impor­tante taxa de recu­per­ação.

Agente de transformação

Para mar­car a data, a Asso­ci­ação Brasileira de Transtornos Ali­menta­res (Astral), que con­gre­ga mais de 40 gru­pos espe­cial­iza­dos de diver­sas regiões do país, pro­move cam­pan­ha com o tema Seja um agente de trans­for­mação!.

A cam­pan­ha inclui a pub­li­cação de uma série de vídeos e pequenos infor­ma­tivos para as redes soci­ais da enti­dade, pro­duzi­dos em colab­o­ração com profis­sion­ais de saúde espe­cial­iza­dos.

A Astral defende que a pre­venção dos transtornos ali­menta­res se faz estim­u­lan­do uma ali­men­tação saudáv­el e ade­qua­da, livre da cul­tura da dieta e da cul­pa, “um esti­lo de vida ati­vo, sem foco exclu­si­vo no peso cor­po­ral, e o incen­ti­vo à con­strução de uma imagem cor­po­ral pos­i­ti­va”.

Edição: Graça Adju­to

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Volta às aulas: especialistas reforçam importância da vacinação

Recomendação é conferir se carteira de vacinação está em dia Tama­ra Freire — Repórter do …