...
sexta-feira ,7 fevereiro 2025
Home / Saúde / Transtorno bipolar requer ajuda especializada, recomenda médico

Transtorno bipolar requer ajuda especializada, recomenda médico

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Distúrbio é lembrado nesta quinta-feira, em seu dia mundial


Pub­li­ca­do em 30/03/2023 — 08:22 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

ouvir:

No Dia Mundi­al do Transtorno Bipo­lar, comem­o­ra­do nes­ta quin­ta-feira (30), o psicól­o­go, psi­coter­apeu­ta e pro­fes­sor do Insti­tu­to de Edu­cação Médi­ca (Idomed), Denis Coel­ho, recomen­da que a pes­soa com sus­pei­ta do dis­túr­bio pro­cure aju­da profis­sion­al espe­cial­iza­da em saúde men­tal, com psiquia­tras, psicól­o­gos ou mes­mo um atendi­men­to mul­ti­profis­sion­al.

“Os profis­sion­ais habil­i­ta­dos vão saber se real­mente a pes­soa está com transtorno bipo­lar. Digo isso porque muitas pes­soas procu­ram diag­nós­ti­co infor­mal, em fontes como o Google, e isso pode ser perigoso, fazen­do com que ela fique cada vez mais ansiosa e aler­ta em relação ao seu prob­le­ma”, disse ele.

A data coin­cide com o aniver­sário do pin­tor holandês Vin­cent Van Gogh, que foi diag­nos­ti­ca­do, pos­tu­ma­mente, como prováv­el por­ta­dor desse dis­túr­bio. De acor­do com dados da Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS), o transtorno afe­ti­vo bipo­lar atinge atual­mente cer­ca de 140 mil­hões de pes­soas em todo o mun­do.

Essa condição causa mudanças extremas de humor, que podem vari­ar de perío­dos de eufo­ria e hiper­a­tivi­dade a out­ros de depressão pro­fun­da. Pesquisa fei­ta pelo Insti­tu­to Nacional de Saúde Men­tal dos Esta­dos Unidos ver­i­fi­cou que pes­soas diag­nos­ti­cadas com transtorno bipo­lar têm expec­ta­ti­va de vida reduzi­da em até nove anos, com­para­das com a pop­u­lação em ger­al. Segun­do rev­el­ou tam­bém o estu­do, a taxa de suicí­dio entre indi­ví­du­os com transtorno bipo­lar é cer­ca de 20 vezes maior do que na pop­u­lação em ger­al.

Tratamento

Denis Coel­ho infor­mou que o trata­men­to para pacientes com o transtorno envolve psi­coter­apia, medica­men­tos ou os dois com­bi­na­dos. Expli­cou que den­tro do espec­tro do transtorno bipo­lar exis­tem depressões ciclotími­cas que difi­cul­tam o diag­nós­ti­co. Daí não se ter a noção pre­cisa de quan­tos pacientes exis­tem com essa condição no Brasil, emb­o­ra o país este­ja entre os que apre­sen­tam maiores índices de ansiedade e de esgo­ta­men­to físi­co e men­tal no tra­bal­ho.

Além de medica­men­tos e psi­coter­apia, a pes­soa deve incluir no trata­men­to mudanças no esti­lo de vida, como praticar exer­cí­cios físi­cos, ter dieta equi­li­bra­da e evi­tar o con­sumo de álcool e dro­gas. “Eu sem­pre digo para os meus pacientes que o trata­men­to tem aspec­tos biológi­co, men­tal, social e espir­i­tu­al. Biológi­co, porque envolve cuidar do seu cor­po de for­ma inte­gral, com exer­cí­cios físi­cos e boa ali­men­tação; men­tal, sem­pre com bons pen­sa­men­tos e ten­tan­do ter bons sen­ti­men­tos; social, bus­can­do man­ter bons rela­ciona­men­tos, que não sejam abu­sivos ou tóx­i­cos; e espir­i­tu­al, no sen­ti­do de a pes­soa acred­i­tar em algo que pos­sa, real­mente, levá-la a sair de uma situ­ação ‘xis’ para uma condição mel­hor”. Desta­cou que ess­es ele­men­tos vão inter­ferir pos­i­ti­va­mente no trata­men­to, na medi­da em que dimin­uem a sen­sação de estresse e ansiedade e alter­ações de humor, aumen­tan­do a sen­sação de praz­er.

Diagnóstico

Segun­do o Min­istério da Saúde, o diag­nós­ti­co de transtorno bipo­lar cos­tu­ma ser difí­cil e pode demor­ar, em média, dez anos para ser esta­b­ele­ci­do dev­i­do a “trata­men­tos equiv­o­ca­dos, ausên­cia de comu­ni­cação entre os profis­sion­ais envolvi­dos, descon­hec­i­men­to sobre como a doença se man­i­fes­ta, tan­to por ser pouco con­heci­da quan­to pela con­fusão dos seus sin­tomas com os de out­ros tipos de depressão, além de pre­con­ceito e autoes­tigma­ti­za­ção”. O min­istério indi­ca que o históri­co do indi­ví­duo pode con­tribuir para o diag­nós­ti­co con­clu­si­vo, já que alter­ações de humor ante­ri­ores, episó­dios atu­ais ou pas­sa­dos de depressão, históri­co famil­iar de per­tur­bação do humor ou suicí­dio e ausên­cia de respos­ta ao trata­men­to com anti­de­pres­sivos sinal­izam transtorno bipo­lar.

Com­por­ta­men­tos repet­i­tivos e exager­a­dos acen­dem o aler­ta para o transtorno bipo­lar. “Quan­do o indi­ví­duo começa a perce­ber que a sua vida não está ocor­ren­do da for­ma mais saudáv­el como ele gostaria de estar. Ou seja, quan­do está ten­do pre­juí­zo na fun­cional­i­dade da vida, na for­ma de pro­duzir, de se rela­cionar com os ami­gos, com a família. Quan­do o próprio sujeito é a primeira pes­soa a sen­tir que algo não está fun­cio­nan­do bem”, afir­mou o psicól­o­go.

Coel­ho esclare­ceu que as vari­ações extremas, como manias, exal­tação, com­por­ta­men­tos de com­pul­são, estão entre os sin­tomas desse tipo de transtorno: “a pes­soa ficar horas, ou mes­mo dias, acor­da­do; faz­er com­pras com­pul­si­vas; ter com­pul­são por ali­men­tação ou por práti­ca sex­u­al. Qual­quer hábito ou com­por­ta­men­to que ven­ha car­ac­teri­zar exagero ou com­pul­são”.

Out­ro polo é a depressão, quan­do a pes­soa tem que­da de humor, de pro­du­tivi­dade. “Quan­do ess­es esta­dos estão em dese­qui­líbrio e mostram momen­tos de pico exager­a­dos, sejam de eufo­ria ou depressão, con­stituem forte sinal de que a pes­soa deve bus­car aju­da, ou seja, quan­do ess­es polos são muito dís­pares, as difer­enças são muito claras e ocor­rem em perío­dos suces­sivos. Geral­mente é assim. O paciente vive exper­iên­cia de eufo­ria muito forte e depois vem a que­da, com depressão”.

Sem cura

O Min­istério da Saúde desta­ca que transtorno bipo­lar não tem cura, mas pode ser con­tro­la­do. A adesão ao trata­men­to pode traz­er impor­tantes resul­ta­dos, entre os quais redução das chances de recor­rên­cia de crises; con­t­role da evolução do transtorno; diminuição das chances de suicí­dio; redução da inten­si­dade de even­tu­ais episó­dios; e pro­moção de uma vida mais saudáv­el.

Denis Coel­ho chamou a atenção tam­bém para a neces­si­dade de a sociedade enten­der que o transtorno bipo­lar é uma condição médi­ca real, que requer trata­men­to para aju­dar no con­t­role dos sin­tomas e mel­ho­rar a qual­i­dade de vida.

Edição: Graça Adju­to

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Dengue em SP: total de casos não surpreende, mas óbitos sim, diz Saúde

Estado confirmou 28 mortes pela doença e 138 estão em investigação Paula Labois­sière – Repórter …