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Turismo de aventura: associação defende fiscalização de prática segura

Repro­dução: © Arte/ABR

Sebrae ajuda empreendedores a implementar sistemas de gestão


Pub­li­ca­do em 27/09/2023 — 08:38 Por Alex Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Setores econômi­cos que movi­men­tam bil­hões de dólares ao redor do mun­do ten­dem a ado­tar nor­mas mín­i­mas de segu­rança para se preser­var e seguir crescen­do de for­ma sus­ten­táv­el. A regra se apli­ca, com pro­priedade, ao tur­is­mo de aven­tu­ra, seg­men­to da indús­tria turís­ti­ca car­ac­ter­i­za­do pela práti­ca de ativi­dades que envolvem algum grau de risco de aci­dentes.

No Brasil, logo nos primeiros anos da déca­da de 2000, poder públi­co, enti­dades esporti­vas e agentes turís­ti­cos se uni­ram para esta­b­ele­cer regras que elevassem a qual­i­dade e a segu­rança dos serviços asso­ci­a­dos não só ao seg­men­to, mas a toda a cadeia rela­ciona­da ao tur­is­mo de natureza e esporti­vo.

“Na época, final da déca­da de 1990 e iní­cio dos anos 2000, o tur­is­mo de aven­tu­ra se pop­u­lar­i­zou e o número de aci­dentes começou a aumen­tar muito, inclu­sive com óbitos”, con­ta o atu­al coor­de­nador de Natureza e Seg­men­tos Espe­ci­ais da Agên­cia Brasileira de Pro­moção Inter­na­cional do Tur­is­mo (Embratur), Leonar­do Per­si.

Admin­istrador de empre­sas com espe­cial­iza­ção em eco­tur­is­mo, Per­si par­ticipou ati­va­mente do proces­so. Ex-secretário das comis­sões de estu­do da Asso­ci­ação Brasileira de Nor­mas Téc­ni­cas (ABNT), ele inte­grou a del­e­gação brasileira jun­to ao Comitê Téc­ni­co de Tur­is­mo e Serviços, da Orga­ni­za­ção Inter­na­cional de Nor­mal­iza­ção (ISO).

“Todo o setor se uniu. Com a par­tic­i­pação de pes­soas de renome de diver­sos seg­men­tos esportivos, o Brasil pas­sou a esta­b­ele­cer req­ui­si­tos mín­i­mos de segu­rança para evi­tar­mos que oper­adores de tur­is­mo que não ten­ham exper­iên­cia com deter­mi­nadas ativi­dades come­cem a ofer­tá-las, colo­can­do em risco a segu­rança dos clientes e a dos próprios tra­bal­hadores”, desta­ca Per­si.

Segun­do o coor­de­nador da Embratur, autar­quia respon­sáv­el por pro­mover os atra­tivos turís­ti­cos do Brasil no exte­ri­or, algu­mas das exigên­cias de segu­rança elab­o­radas e imple­men­tadas com o aval da ABNT acabaram servin­do de exem­p­lo para regras de segu­rança depois ado­tadas pela ISO e que, hoje, estão em vig­or em vários país­es.

“Isso sig­nifi­ca que o Brasil está na van­guar­da des­ta dis­cussão há tem­pos. E que, para­le­la­mente ao tra­bal­ho de pro­moção que é feito no exte­ri­or, o país vem exe­cu­tan­do uma série de ações impor­tantes para atrair tur­is­tas de aven­tu­ra e esportivos”, ressalta Per­si ao tratar dos planos da Embratur para ten­tar aumen­tar a cap­tação de clientes estrangeiros, incluin­do os tur­is­tas de aven­tu­ra e esportivos. Para tan­to, a autar­quia cogi­ta inclu­sive se valer da imagem dos atle­tas profis­sion­ais brasileiros de destaque no exte­ri­or e out­ros for­madores de opinião.

“Mas não bas­ta ter­mos o nome de grandes atle­tas brasileiros para atrair­mos tur­is­tas estrangeiros se, ao chegarem ao Brasil, eles não encon­trarem uma estru­tu­ra min­i­ma­mente ade­qua­da para rece­bê-los. É pre­ciso ofer­e­cer serviços de qual­i­dade e seguros”, acres­cen­ta Per­si.

Informalidade

Cri­a­da em 2002 para ori­en­tar via­jantes e profis­sion­ais a adotarem práti­cas seguras, a Asso­ci­ação Férias Vivas aler­ta que, ape­sar da existên­cia de nor­mas de segu­rança que todo o setor (de agên­cias a hotéis, pas­san­do por guias e instru­tores) deve cumprir, “no Brasil, a fal­ta de fis­cal­iza­ção ain­da deixa o tur­ista cor­rer riscos desnecessários, per­mitin­do que muitos esta­b­elec­i­men­tos operem sem sequer saber que há regras mín­i­mas obri­gatórias de segu­rança”.

Em sua pági­na na inter­net, a orga­ni­za­ção elen­ca mais de 3.960 aci­dentes rela­ciona­dos a ativi­dades turís­ti­cas em ger­al (não só nos seg­men­tos de aven­tu­ra, esporti­vo ou de natureza), reg­istra­dos entre 2002 e 2020. “Algu­mas situ­ações chamam a atenção pela recor­rên­cia. Temos resul­ta­dos estar­rece­dores: 49% dos casos envolver­am algum grau de imperí­cia do profis­sion­al con­trata­do, enquan­to 70% dos aci­dentes ocor­reram por neg­ligên­cia do presta­dor de serviço. O desca­so com equipa­men­tos de pro­teção tam­bém é grande, prin­ci­pal­mente se con­sid­er­ar­mos as fal­has no uso (57%) e a ausên­cia de equipa­men­tos de pro­teção (77%). Alar­mantes 93% dos aci­dentes ocor­reram em lugares sem qual­quer sinal­iza­ção de risco.”

Para aju­dar a revert­er este quadro, em 2022, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque­nas Empre­sas (Sebrae) lançou um pro­gra­ma de custeio de parte do inves­ti­men­to necessário para que empreende­dores que ofer­e­cem ativi­dades lig­adas ao tur­is­mo de aven­tu­ra e ao eco­tur­is­mo imple­mentem em seus negó­cios um sis­tema de gestão da segu­rança, exigi­do por lei, e pleit­eiem uma cer­ti­fi­cação inter­na­cional.

Brasília (DF) 27/09/2023 – A diretora de Turismo do Sebrae, Ana Clevia, fala sobre normas de segurança para o turismo de aventura. Foto: Sebrae Nacional/Divulgação
Repro­dução: Brasília — A dire­to­ra de Tur­is­mo do Sebrae, Ana Cle­via, fala sobre nor­mas de segu­rança para o tur­is­mo de aven­tu­ra. Foto Sebrae Nacional/Divulgação

“Pre­cisamos que os negó­cios brasileiros implantem o sis­tema de gestão de segu­rança e que se cer­ti­fiquem”, obser­va a coor­de­nado­ra de Tur­is­mo do Sebrae, Ana Cle­via Guer­reiro. Segun­do ela, por meio do Pro­gra­ma Aven­tu­ra Nat­ur­al, o Sebrae sub­sidia até 70% do inves­ti­men­to necessário para que pequenos negó­cios imple­mentem seus sis­temas de gestão. A cer­ti­fi­cação inter­na­cional não é obri­gatória, mas, segun­do Ana Cle­via, é um impor­tante difer­en­cial de negó­cios, pois ates­ta o com­pro­mis­so da empre­sa com a segu­rança de seus clientes.

“O Brasil não pode parar de se pro­mover no exte­ri­or, mas tam­bém pre­cisamos faz­er o tra­bal­ho de casa. A implan­tação do sis­tema de gestão de segu­rança e a cer­ti­fi­cação qual­i­fi­cam os serviços presta­dos aos tur­is­tas, sejam brasileiros, sejam estrangeiros”, com­ple­tou Ana.

Para par­tic­i­par do pro­gra­ma, é pre­ciso que o negó­cio este­ja for­mal­iza­do como microem­preende­dor indi­vid­ual (MEI), microem­pre­sa (ME) ou empre­sa de pequeno porte (EPP) e dev­i­da­mente reg­istra­do no Cadas­tro de Presta­dores de Serviços Turís­ti­cos (Cadas­tur), do Min­istério do Tur­is­mo. A ini­cia­ti­va pre­vê um diag­nós­ti­co ini­cial, a imple­men­tação das nor­mas de segu­rança e a preparação para a auditagem da ABNT Cer­ti­fi­cado­ra. Para mais detal­h­es sobre o pro­gra­ma, bas­ta procu­rar uma unidade do Sebrae.

Edição: Juliana Andrade

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