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UFF ensinará técnica que permite 100% de cura em cânceres de pele

Repro­dução: @ Agên­cia Brasil / EBC

Hospital universitário recebeu doação de aparelho


Pub­li­ca­do em 20/07/2022 — 18:34 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O Hos­pi­tal Uni­ver­sitário Antônio Pedro (HUAP), da Uni­ver­si­dade Fed­er­al Flu­mi­nense (UFF), é a primeira unidade da rede do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) no esta­do do Rio de Janeiro a ter um apar­el­ho usa­do na cirur­gia micro­grá­fi­ca de Mohs, cuja téc­ni­ca aumen­ta a chance de cura em cânceres de pele, em torno de 100%, para tumores com baixa capaci­dade de dis­sem­i­nação via lin­fáti­ca ou san­guínea. 

O apar­el­ho foi doa­do ao HUAP pela Sociedade Brasileira de Cirur­gia Der­ma­tológ­i­ca (SBCD), com a con­tra­parti­da que o hos­pi­tal ofer­eça a for­mação de novos espe­cial­is­tas nes­ta téc­ni­ca, que per­mite uma visão com­ple­ta da super­fí­cie tumoral na pele durante sua reti­ra­da.

O coor­de­nador da Der­ma­tolo­gia do HUAP, pro­fes­sor Flavio Luz, expli­cou hoje (20) à Agên­cia Brasil que essa téc­ni­ca per­mite a visu­al­iza­ção microscópi­ca de 100% da super­fí­cie do tumor. “Dessa maneira e mape­an­do o mate­r­i­al, a peça, a gente con­segue uma pre­cisão quase que abso­lu­ta, ple­na, de onde está o tumor e até onde ele vai. Isso nos per­mite remover total­mente o tumor”. Ou seja, a cirur­gia micro­grá­fi­ca de Mohs é que per­mite a visu­al­iza­ção da super­fí­cie tumoral e faz com que seja pos­sív­el um mapea­men­to mais pre­ciso e a chance maior de cura.

A téc­ni­ca da cirur­gia micro­grá­fi­ca de Mohs é con­sagra­da e con­sid­er­a­da padrão ouro no trata­men­to de câncer de pele no mun­do. Para ser via­bi­liza­da, entre­tan­to, a téc­ni­ca pre­cisa do apar­el­ho doa­do pela SBCD, além de out­ros equipa­men­tos. Flavio Luz asse­gurou que os bene­fí­cios são grandes para os pacientes, uma vez que o tumor é total­mente removi­do. “Ele não vol­ta. É uma van­tagem enorme. Ele deixa de ser agres­si­vo, o paciente fica cura­do, diminui muti­lações, previne novas cirur­gias, previne radioter­apia, quimioter­apia, etc”.

O médi­co esclare­ceu que o câncer de pele é o tipo de câncer mais fre­quente no ser humano, respon­den­do por cer­ca de 30% de todos os cânceres que afe­tam o homem. “É um vol­ume gigan­tesco de pacientes com câncer de pele por todo o sis­tema de saúde. O Anto­nio Pedro não foge à regra”, disse.

Especialização

O HUAP está ini­cian­do, no momen­to, a for­mação de novos espe­cial­is­tas na téc­ni­ca da cirur­gia micro­grá­fi­ca de Mohs. Essa for­mação leva em média dois anos. “A pes­soa tem que com­ple­tar 75 cirur­gias ple­nas, do iní­cio ao fim, para poder se cer­ti­ficar como cirurgião micro­grá­fi­co. E quan­do ele entra nes­sa for­mação, já é um cirurgião der­ma­tológi­co pleno. Quer diz­er, ele já dom­i­na todo o con­hec­i­men­to de oncolo­gia cutânea, já dom­i­na a cirur­gia der­ma­tológ­i­ca e já tem uma boa noção de der­matopa­tolo­gia. Aí, sim, ele vai se habil­i­tar a faz­er a for­mação especí­fi­ca em cirur­gia micro­grá­fi­ca”, indi­cou o pro­fes­sor. “Um cole­ga que tente faz­er a téc­ni­ca sem se espe­cializar, vai ter difi­cul­dades”, man­i­festou Flavio Luz.

Há um tipo de câncer, em espe­cial, para o qual a cura pode ser asse­gu­ra­da total­mente com essa téc­ni­ca. Tra­ta-se do car­ci­no­ma basocelu­lar primário, que nun­ca foi oper­a­do pre­vi­a­mente. “Ele tem 100% de chance de cura. Existe uma pos­si­bil­i­dade mín­i­ma do tumor voltar. Por isso, o que se tem nas estatís­ti­cas, na ver­dade, é 99,9% de cura para um car­ci­no­ma basocelu­lar primário”. Já para um tumor que ten­ha volta­do após algu­ma cirur­gia, o índice de cura fica em torno de 95%. Luz lem­brou que o car­ci­no­ma basocelu­lar rep­re­sen­ta 70% dos cânceres de pele.

“A cirur­gia micro­grá­fi­ca ben­e­fi­cia muitos pacientes”, disse Flavio Luz, mas admi­tiu que o Brasil ain­da está aquém de país­es como Esta­dos Unidos e Aus­trália, que têm mais de mil cirurgiões micro­grá­fi­cos cer­ti­fi­ca­dos, cada, enquan­to o Brasil está atingin­do ago­ra o número de 100 espe­cial­is­tas, dos quais dez estão no Rio de Janeiro. “O apar­el­ho é fun­da­men­tal, prin­ci­pal­mente em um hos­pi­tal uni­ver­sitário, para poder for­mar novas pes­soas. Mas a gente pre­cisa de cirurgiões micro­grá­fi­cos bem for­ma­dos”, salien­tou.

Formação

A primeira cirur­gia micro­grá­fi­ca com o uso do apar­el­ho doa­do pela SBCD está pre­vista para o próx­i­mo dia 27. A ideia, em um primeiro momen­to, é realizar uma cirur­gia desse tipo no HUAP a cada sem­ana. “Vamos começar com uma cirur­gia por sem­ana e, como é uma for­mação, a gente não tem como faz­er a cirur­gia em quan­ti­dade”. O foco, atual­mente, é a for­mação de bons cirurgiões micro­grá­fi­cos. Na medi­da em que o hos­pi­tal for for­man­do novos espe­cial­is­tas, serão real­izadas cirur­gias em um menor tem­po, o que per­mi­tirá realizar mais cirur­gias a cada dia. “E, com mais pes­soas, isso vai se mul­ti­pli­can­do cada vez mais. Essa é a intenção”, afir­mou o coor­de­nador da Der­ma­tolo­gia do HUAP/UFF.

Segun­do expôs, os resul­ta­dos para o SUS são tam­bém pos­i­tivos porque, quan­do se con­segue cer­ca de 100% de cura com essa téc­ni­ca, evi­ta-se cus­tos de novas cirur­gias e trata­men­tos. Em casos que deman­dari­am, às vezes, várias cirur­gias, pas­sa a ser necessário ape­nas um pro­ced­i­men­to cirúr­gi­co res­o­lu­ti­vo.

Edição: Aline Leal

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