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UFPR anuncia pesquisa sobre vacina contra a covid-19

Vacinação drive thru na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), zona norte do Rio. A cidade do Rio de Janeiro retoma hoje (25) sua campanha de aplicação da primeira dose da vacina contra a covid-19 em idosos da população em geral. Hoje serão vacinados os idosos com 82 anos.
Repro­du­ção:  © Tânia Rêgo/Agência Bra­sil

Perspectiva é que o estudo possa ser finalizado até 2022


Publi­ca­do em 26/04/2021 — 16:33 Por Jonas Valen­te – Repór­ter Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

A Uni­ver­si­da­de Fede­ral do Para­ná (UFPR) anun­ci­ou hoje (26) que uma equi­pe de pes­qui­sa­do­res da ins­ti­tui­ção avan­çou no desen­vol­vi­men­to de uma vaci­na con­tra a covid-19. A pers­pec­ti­va é que o estu­do pos­sa ser fina­li­za­do até o ano que vem.

Em entre­vis­ta cole­ti­va vir­tu­al, os pes­qui­sa­do­res res­pon­sá­veis expli­ca­ram que a tec­no­lo­gia uti­li­za par­te de mate­ri­al do pró­prio vírus. Um gene é esco­lhi­do e é recom­bi­na­do com par­tí­cu­las e sin­te­ti­za­do em um bio­po­lí­me­ro, então é inje­ta­do no paci­en­te para esti­mu­lar a pro­du­ção de anti­cor­pos.

“Uma vez pre­pa­ra­da a pro­teí­na e a par­tí­cu­la, nós reu­ni­mos os dois in vitro e a auto­mon­ta­gem da par­tí­cu­la resul­ta em um polí­me­ro, uma par­tí­cu­la que mime­ti­za a par­tí­cu­la viral. Ele tem pro­pri­e­da­de de esti­mu­lar o nos­so sis­te­ma imu­ne con­tra o SARS-Cov2”, expli­cou o pro­fes­sor Ema­nu­el Mal­tem­pi, um dos res­pon­sá­veis pelo pro­je­to.

De acor­do com os pes­qui­sa­do­res, dados pre­li­mi­na­res indi­ca­ram que a vaci­na pode ter uma efi­cá­cia mai­or do que a Oxford/AstraZeneca. Pelos cál­cu­los dos res­pon­sá­veis, o imu­ni­zan­te pode­ria ter bai­xo cus­to, de entre R$ 5 e R$ 10 cada dose.

A taxa de efi­cá­cia só será con­fir­ma­da após o fim dos estu­dos, espe­ci­al­men­te aque­les em huma­nos na fase clí­ni­ca. Atu­al­men­te, o pro­je­to está na fase de tes­tes de efi­cá­cia em ani­mais e de aná­li­ses como tes­tes toxi­co­ló­gi­cos.

Os repre­sen­tan­tes da UFPR afir­ma­ram que o imu­ni­zan­te pode­rá che­gar à fase dos ensai­os clí­ni­cos em huma­nos em até seis meses. Esse cro­no­gra­ma depen­de da capa­ci­da­de de dar anda­men­to aos demais ensai­os que pre­ci­sam ser fei­tos.

O rei­tor da UFPR, Ricar­do Fon­se­ca, des­ta­cou que mes­mo com o cro­no­gra­ma pre­vis­to para o ano que vem a ino­va­ção é impor­tan­te, já que ain­da há ris­cos con­cre­tos dos imu­ni­zan­tes con­tra a covid-19 terem que ser apli­ca­das mais do que uma vez nos cida­dãos.

“É plau­sí­vel que espe­re­mos que a vaci­na con­tra a covid-19 tenha que ser rea­pli­ca­da per­ma­nen­te­men­te. Ade­mais, temos ques­tões das vari­an­tes e pre­ci­sa­mos den­tro des­te cená­rio de incer­te­za fazer apos­tas para o futu­ro. Ela vai ser estra­té­gi­ca e neces­sá­ria em 2022, em 2023 e quem sabe até depois”, dis­se o rei­tor.

Fon­se­ca acres­cen­tou que o pro­je­to é impor­tan­te tam­bém por sina­li­zar um avan­ço na auto­no­mia tec­no­ló­gi­ca do país ao cami­nhar com a pro­du­ção de um imu­ni­zan­te 100% naci­o­nal, que não depen­da nem de tec­no­lo­gia nem de ingre­di­en­tes far­ma­cêu­ti­cos ati­vos (IFAs) fabri­ca­dos em outros paí­ses.

Cortes de recursos

A 1ª fase da pes­qui­sa foi apoi­a­da com recur­sos do Minis­té­rio da Ciên­cia, Tec­no­lo­gia e Ino­va­ções (MCTI). A 2ª fase, de novos tes­tes em ani­mais, terá recur­sos de pro­gra­mas de fomen­to à pes­qui­sa do gover­no do esta­do do Para­ná.

O rei­tor da UFPR obser­vou que os cus­tos devem cres­cer for­te­men­te com o avan­ço do pro­je­to, espe­ci­al­men­te na fase clí­ni­ca e com uma even­tu­al mon­ta­gem de uma plan­ta para a fabri­ca­ção do imu­ni­zan­te.

“Segun­dos alguns rei­to­res, este cus­to pode che­gar a R$ 50 milhões na fase clí­ni­ca. Nenhu­ma uni­ver­si­da­de teria con­di­ções de fazer isso sozi­nha. Aí será uma par­ce­ria que tere­mos que cele­brar”, comen­tou Fon­se­ca.

O supe­rin­ten­den­te geral de Ciên­cia, Tec­no­lo­gia e Ensi­no Supe­ri­or do gover­no do Para­ná, Aldo Bona, infor­mou que a admi­nis­tra­ção esta­du­al pre­ten­de levar a fren­te a ins­ta­la­ção de uma plan­ta de pro­du­ção de imu­ni­zan­tes no Ins­ti­tu­to de Tec­no­lo­gia do Para­ná (Tec­Par).

Vacinas brasileiras

Até o momen­to foram anun­ci­a­dos dois desen­vol­vi­men­tos de vaci­nas bra­si­lei­ras, ain­da que com par­ce­ri­as com ins­ti­tui­ções de pes­qui­sa de fora. Uma delas é a Butan­Vac, ela­bo­ra­da pelo Ins­ti­tu­to Butan­tan, do gover­no de São Pau­lo.

Outra está sen­do pro­du­zi­da por pes­qui­sa­do­res da Uni­ver­si­da­de de São Pau­lo, cam­pus de Ribei­rão Pre­to, com apoio de recur­sos fede­rais. Ambas já entra­ram com pedi­do para a rea­li­za­ção de estu­dos clí­ni­cos na Anvi­sa.

Edi­ção: Ali­ne Leal

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