...
segunda-feira ,17 fevereiro 2025
Home / Direitos Humanos / Último episódio do podcast Golpe de 1964: Perdas e Danos já está no ar

Último episódio do podcast Golpe de 1964: Perdas e Danos já está no ar

Repro­dução: © Arte: EBC

A Radioagência Nacional reflete sobre o futuro interrompido pelo golpe


Publicado em 17/05/2024 — 10:25 Por Eliane Gonçalves — Radioagência Nacional — Brasília

O últi­mo episó­dio da primeira tem­po­ra­da do pod­cast Per­das e Danos relem­bra o incên­dio da Vila Socó, favela de Cubatão (SP), para falar sobre o pro­je­to de refor­ma habita­cional que vin­ha sendo dis­cu­ti­do antes do Golpe de 1964 e as políti­cas que  a ditadu­ra colo­cou no lugar.

O incên­dio acon­te­ceu em 1984, no final do gov­er­no de João Batista Figueire­do, o últi­mo pres­i­dente mil­i­tar. Segun­do o Min­istério Públi­co de São Paulo, o desas­tre deixou pelo menos 508 mor­tos e é o maior da história do Brasil. Mas como as inves­ti­gações foram arquiv­adas, o número ofi­cial de mortes é bem menor: 93 pes­soas.

O caso da Vila Socó é exem­plar do aban­dono que as pes­soas de baixa ren­da enfrentaram ao lon­go de 21 anos de ditadu­ra em que as políti­cas habita­cionais pri­orizaram os sis­temas de mora­dia vin­cu­ladas ao sis­tema finan­ceiro:

“O cus­to da habitação, na ver­dade, não esta­va pre­vis­to no salário do tra­bal­hador. O tra­bal­hador não gan­ha­va o sufi­ciente para pagar uma mora­dia ade­qua­da”, afir­ma Nabil Bon­du­ki, urban­ista e pro­fes­sor da USP.

A alter­na­ti­va para quem sem viu excluí­do do dire­ito bási­co à mora­dia foi apelar para proces­sos de “auto­con­strução”. Em que as eram con­struí­das em eta­pas, com­pran­do aos poucos o mate­r­i­al e erguen­do habitações em lotea­men­tos, legais ou clan­des­ti­nos, sem estru­turas bási­cas para uma vida digna, como rede de água e esgo­to ou sis­tema de trans­porte públi­co. As fave­las e invasões que já exis­ti­am antes, mas que pro­lif­er­aram no perío­do, são resul­ta­do desse proces­so.

Essa exclusão fica explíci­ta em Cubatão, o prin­ci­pal pólo petro­quími­co do país, onde metade dos habi­tantes vivia em fave­las.

“Debaixo do tel­ha­do quente” dis­cute a refor­ma habita­cional, uma das pro­postas João Goulart em suas refor­mas de base, fio con­du­tor para esse pod­cast. A mudança no setor habita­cional que tam­bém foi anun­ci­a­da no históri­co comí­cio da Cen­tral do Brasil, em 13 de março de 1964:

“Den­tro de pou­cas horas, out­ro decre­to será tam­bém dado ao con­hec­i­men­to da Nação. Tra­ta-se do decre­to que vai reg­u­la­men­tar o preço extor­si­vo e abom­ináv­el dos aparta­men­tos que encon­tram-se vazios”.

Jan­go fala­va de um prob­le­ma que se desen­rola­va des­de os tem­pos de Getúlio Var­gas: o val­or altís­si­mo dos aluguéis. Uma con­se­quên­cia da políti­ca de con­ge­la­men­to dos aluguéis e a baixa ofer­ta de imóveis para alu­gar.

“Debaixo Tel­ha­do Quente” é o séti­mo episó­dio da tem­po­ra­da “Futuro Inter­rompi­do”. Os episó­dios que ante­ce­dem esse que foi ao ar nes­ta quin­ta-feira (16) tam­bém lançaram luz sobre as pro­postas de políti­cas públi­cas que estavam em debate no iní­cio dos anos de 1960 e que servi­ram de estopim para que a dire­i­ta se unisse e inter­rompesse o proces­so democráti­co no Brasil

Refor­ma agrária, refor­ma fis­cal, refor­ma edu­ca­cional… As Refor­mas Estru­tu­rais de Base, apre­sen­tadas por João Goulart no comí­cio na Cen­tral do Brasil, no dia 13 de março de 1964, foram o pon­to de par­ti­da da inves­ti­gação.

Naque­la época, um país com quase 80 mil­hões de pes­soas, mais de 40% de anal­fa­batos sem dire­ito ao voto, a mes­ma pro­porção de pes­soas viven­do no cam­po, mas enfrentan­do um sis­tema injus­to de dis­tribuição de ter­ras, ao mes­mo tem­po que o país vivia uma políti­ca  indus­tri­al­iza­ção que provo­cou um êxo­do rur­al.

Essas são as histórias recu­per­adas na primeira tem­po­ra­da de Per­das e Danos e os pro­je­tos que inter­romper­am um proces­so de país, como disse a jor­nal­ista Mar­iluce Moura, no primeiro episó­dio, que foi ao ar no dia 1o de abril:

“Eu acho que 1964 inter­rompeu um proces­so de país, eu não ten­ho nen­hu­ma dúvi­da dis­so.”

O pod­cast Per­das e Danos vai con­tar ain­da com uma segun­da tem­po­ra­da, que dessa vez vai inves­ti­gar as empre­sas que apoiaram a rup­tura democráti­ca e o que elas lucraram com isso. Nes­sa segun­da tem­po­ra­da, com data de lança­men­to ain­da a ser defini­da, o fio con­du­tor vão ser as pesquisas sobre o tema coor­de­nadas pelo Cen­tro de Antropolo­gia e Antropolo­gia e Arque­olo­gia Forense (CAAF) da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de São Paulo (Unife­sp).

Para ouvir o episó­dio Debaixo do tel­ha­do quente”  e todos os out­ros episó­dios de Per­das e Danos, acesse: aqui:

Ou con­fi­ra por abaixo os já pub­li­ca­dos na Radioagên­cia Nacional:

Tam­bém é pos­sív­el ouvir pelo Spo­ti­fy.

Edição: Beat­riz Arcoverde

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Anvisa interdita oito clínicas de estética em três estados e no DF

Fiscalização encontrou diversas irregularidades nos locais Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do em 15/02/2025 — 18:38 Brasília Ver­são …