...
quarta-feira ,13 novembro 2024
Home / Saúde / Uma em cada 10 crianças até 3 anos tem risco de baixo desenvolvimento

Uma em cada 10 crianças até 3 anos tem risco de baixo desenvolvimento

Repro­dução: © Antônio Cruz/Agência Brasil

Pesquisa mostra influência de condições socioeconômicas no Brasil


Pub­li­ca­do em 25/10/2023 — 12:56 Por Paula Labois­sière – Repórter da Agên­cia Brasil  — Brasília

ouvir:

Cri­anças de famílias ben­efi­ciárias de pro­gra­mas de trans­fer­ên­cia de ren­da, famílias que estão em inse­gu­rança ali­men­tar e famílias onde as mães têm menor grau de esco­lar­i­dade têm risco aumen­ta­do para um desen­volvi­men­to aquém do esper­a­do. O aler­ta é do Pro­je­to Pipas – Primeira Infân­cia Para Adul­tos Saudáveis, divul­ga­do nes­ta quar­ta-feira (25) pelo Min­istério da Saúde em parce­ria com a Fun­dação Maria Cecília Souto Vidi­gal.  

Para a coor­de­nado­ra de Saúde da Cri­ança e do Ado­les­cente, Sônia Venân­cio, os dados cor­rob­o­ram out­ros estu­dos que apon­tam a influên­cia das condições socioe­conômi­cas sobre o desen­volvi­men­to infan­til.

“Esse con­jun­to de resul­ta­dos pode nos aju­dar a apri­morar as ações que a gente vem desen­vol­ven­do na saúde, na edu­cação e na assistên­cia social, visan­do a mel­ho­rar o desen­volvi­men­to infan­til. E reafir­ma o impacto das desigual­dades soci­ais no desen­volvi­men­to das cri­anças”, desta­cou.

A pesquisa mostra que a fre­quên­cia de cri­anças com risco de não atin­gir seu pleno poten­cial de desen­volvi­men­to no Brasil é de 10,1% entre os menores de 3 anos e de 12,8% entre maiores de 3 anos. “Tudo isso mostra a neces­si­dade de pri­orizar cri­anças em situ­ação de vul­ner­a­bil­i­dade.”

O estu­do uti­li­zou como amostra 13.425 cri­anças menores de 5 anos em 13 cap­i­tais, incluin­do o Dis­tri­to Fed­er­al, em 2022, com pre­domínio das faixas etárias de 37–48 meses (21%) e 49–59 meses (19%), sendo 51% do sexo fem­i­ni­no. Em 79,6% dos casos, a mãe era a cuidado­ra prin­ci­pal.

Para cada cri­ança, foi apli­ca­do um con­jun­to de questões rela­cionadas a habil­i­dades e com­por­ta­men­tos esper­a­dos para sua faixa etária a par­tir de qua­tro domínios, rela­ciona­dos às habil­i­dades motoras, cog­ni­ti­vas, de lin­guagem e socioe­mo­cionais.

Saúde

Os dados mostram que 14,8% das cri­anças não foram aten­di­das por uma equipe de saúde em sua primeira sem­ana de vida – uma recomen­dação da Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde e do próprio Min­istério da Saúde. “Isso tem impacto dire­to na redução da mor­tal­i­dade e no aumen­to das taxas de ama­men­tação”, desta­cou Sônia.

Nutrição adequada

A pesquisa tam­bém indi­ca que ape­nas 57,8% cri­anças menores de 6 meses estavam em aleita­men­to mater­no exclu­si­vo, out­ra recomen­dação da OMS e da pas­ta, em razão dos impactos para o desen­volvi­men­to cog­ni­ti­vo e o desen­volvi­men­to glob­al da cri­ança.

Aprendizagem

Os números rev­e­lam que 24% das cri­anças menores de 3 anos não tin­ham nen­hum livro infan­til ou de fig­uras no domicílio, con­forme rela­to dos cuidadores. “É pre­ciso tra­bal­har essas ori­en­tações jun­to às famílias que, muitas vezes, não recon­hecem essa importân­cia no desen­volvi­men­to da cri­ança”, expli­cou Sônia.

Tempo de tela

Out­ro dado de destaque é que 33,2% das cri­anças menores de 3 anos assis­tem a pro­gra­mas ou jogam na tele­visão, no smart­phone ou no tablet por mais de duas horas diárias.

Disciplinas punitivas

O estu­do tam­bém mostra que 33% e 35% de cuidadores de cri­anças menores de 3 anos con­sid­er­am que gri­tar com elas ou dar umas pal­madas nas mãos, nos braços, nas per­nas ou no bum­bum são medi­das necessárias para educá-las.

Estimulação

Por fim, a pesquisa indi­ca que 75,6% das cri­anças menores de 3 anos foram envolvi­das por out­ro mem­bro da família em pelo menos qua­tro ativi­dades de estí­mu­lo, como ler ou olhar livros, con­tar histórias, can­tar, passear, jog­ar ou brin­car nos últi­mos três dias.

Ao todo, 42,8% dos cuidadores de cri­anças menores de 3 anos relataram nun­ca ter rece­bido infor­mações sobre desen­volvi­men­to infan­til por profis­sion­ais da saúde, edu­cação ou assistên­cia social. “Isso sinal­iza que a gene pre­cisa tra­bal­har inter­se­to­rial­mente”, con­cluiu a coor­de­nado­ra do min­istério.

Edição: Graça Adju­to

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Pobreza eleva em 3 vezes risco de surgimento de ansiedade e depressão

Insegurança financeira e jornadas exaustivas são alguns dos fatores Agên­cia Brasil* Pub­li­ca­do em 11/11/2024 — …