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Unesco reconhece projeto brasileiro que busca preservar corais em PE

Biofábrica de Corais enfrenta desafios como ondas de branqueamento

Vitor Abdala — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 04/06/2025 — 07:39
Rio de Janeiro
Ipojuca (PE), 26/10/2023 - Recife com o coral Mussismilia hispida, espécie endêmica semelhante ao coral-cérebro, na praia de Porto de Galinhas. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

A ele­vação da tem­per­atu­ra dos oceanos, que ocor­reu entre 2023 e 2024, lev­ou à cri­ação de uma onda de bran­quea­men­to de corais em todo o mun­do. Esti­ma-se que 84% dos recifes corali­nos do plan­e­ta ten­ham sido afe­ta­dos pelo fenô­meno, que con­siste na inter­rupção da sim­biose de algas foto­ss­in­te­ti­zantes (zoox­an­te­las) com os corais.

Ao perder o con­ta­to com as zoox­an­te­las, os corais per­dem uma fonte impor­tante de nutrição e ficam mais fra­cos, tor­nan­do-se assim sujeitos a doenças e à morte.

O Brasil não saiu ile­so da onda glob­al que cau­sou a mor­tan­dade de corais, prin­ci­pal­mente das espé­cies coral-de-fogo (Mille­po­ra alci­cor­nis) e o coral-vela (Mus­sis­mil­ia hart­tii), entre os litorais de Mar­a­go­gi (AL) e Natal.

BRANQUEAMENTO DE CORAIS - PE - Banco de corais de cadeia submersa do Norte do Brasil mostram branqueamento. - Cabeço Branco. Foto: UFPE
Repro­dução: Ban­co de corais de cadeia sub­m­er­sa do Norte do Brasil mostram bran­quea­men­to. — Cabeço Bran­co — UFPE

A pra­ia de Por­to de Gal­in­has, no litoral per­nam­bu­cano, con­heci­da por seus pas­seios de jan­ga­da até recifes de coral, foi um dos tre­chos do litoral que sofreu com a onda de bran­quea­men­to. É lá que fun­ciona o pro­je­to Biofábri­ca de Corais, que alia eco­tur­is­mo com a regen­er­ação dos recifes per­nam­bu­canos.

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“A colô­nia de corais de Por­to de Gal­in­has teve per­das maiores que 95%. Tudo que sobre­viveu foram pequenos frag­men­tos com taman­hos de menos de um ou dois cen­tímet­ros”, expli­ca o engen­heiro de pesca Rudã Fer­nan­des, gestor da Biofábri­ca de Corais.

A biofábri­ca man­tém uma área des­ti­na­da à pesquisa e à vis­i­tação públi­ca em Por­to de Gal­in­has, onde real­iza seus tra­bal­hos de recu­per­ação de frag­men­tos de corais, repro­dução dess­es organ­is­mos e restau­ração do recife.

Parte do tra­bal­ho de repro­dução e cresci­men­to dess­es ani­mais, do grupo dos cnidários (o mes­mo das águas-vivas), é feito dire­ta­mente no recife, onde os bebês-corais crescem na natureza.

Out­ra parte é fei­ta fora dali, em tan­ques de um lab­o­ratório local­iza­do no Cen­tro Nacional de Pesquisa e Con­ser­vação da Bio­di­ver­si­dade Mar­in­ha do Nordeste (Cepene), do Insti­tu­to Chico Mendes de Con­ser­vação da Bio­di­ver­si­dade (ICM­Bio), em Taman­daré, tam­bém em Per­nam­bu­co. Os indi­ví­du­os cul­ti­va­dos ali, são depois trans­porta­dos para o recife com um taman­ho maior.

Foi graças a esse tra­bal­ho, que a Biofábri­ca de Corais con­seguiu sal­var uma porção rel­e­vante dos corais de Por­to de Gal­in­has.

“Nos­sos corais pequenos, cul­ti­va­dos in situ [no próprio recife], que estavam na fase de berçário, infe­liz­mente foram per­di­dos. Nos­sas colô­nias mais vel­has con­seguiram pas­sar pelo bran­quea­men­to. Elas tiver­am diminuição da sua área, mas ain­da con­seguimos sal­var 20% delas”, afir­ma Fer­nan­des. “Então os corais que estão vivos no Por­to [de Gal­in­has] são majori­tari­a­mente os mane­ja­dos pela Biofábri­ca.”

Recife(PE), 24/10/2023 - Explosão de ondas nos recifes costeiros na praia do Buraco da Véia, com a orla de Boa Viagem ao fundo, funcionando como barreira natural. As formações rochosas absorvem até 96% do impacto das ondas. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Na orla de Boa Viagem, corais fun­cionam como bar­reira nat­ur­al. As for­mações rochosas absorvem até 96% do impacto das ondas — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Ago­ra o tra­bal­ho envolve faz­er o mane­jo dess­es corais, a fim de repovoar os recifes de Por­to de Gal­in­has. Em Taman­daré, onde a Biofábri­ca tem seu lab­o­ratório, os corais recolo­ca­dos no mar tam­bém bran­quear­am, mas pud­er­am ser salvos depois de serem trans­porta­dos de vol­ta aos tan­ques do Cepene.

Neste ano, a Biofábri­ca de Corais foi recon­heci­da pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco), como um pro­je­to glob­al de refer­ên­cia da Déca­da do Oceano.

“O endos­so rep­re­sen­ta um respal­do ao que faze­mos e é tam­bém impor­tante para nos conec­tar­mos com out­ros pesquisadores e agentes globais impor­tantes nas questões rela­cionadas à con­ser­vação dos oceanos. Isso per­mite obtenção de con­hec­i­men­to, parce­rias estratég­i­cas, tro­cas que dire­cionam nos­so tra­bal­ho para ser mel­hor”, con­clui Fer­nan­des.

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