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Usina Nuclear Angra 1 precisa de aval para seguir em operação em 2025

Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Licença obtida há 40 anos termina em dezembro


Publicado em 25/06/2024 — 13:29 Por Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil* — Angra dos Reis (RJ)

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Angra 1, a primeira usi­na nuclear do Brasil, está per­to de com­ple­tar qua­tro décadas de ativi­dade. O mar­co rep­re­sen­ta tam­bém o fim da licença de 40 anos para ativi­dade de ger­ação de ener­gia. A autor­iza­ção ter­mi­na em 23 de dezem­bro de 2024, e Angra 1 pre­cisa obter uma ren­o­vação para seguir operan­do em 2025.

Em 2019, a Eletronu­clear, empre­sa estatal respon­sáv­el pela usi­na, fez o pedi­do de ren­o­vação da licença de oper­ação (LO) por mais 20 anos à Comis­são de Ener­gia Nuclear (Cnen) – órgão fed­er­al que reg­u­la a ativi­dade nuclear no país.

O proces­so está em fase de análise de cer­ti­fi­ca­dos téc­ni­cos. Em 2023, a Eletronu­clear envi­ou à Cnen 16 relatórios con­tendo, entre out­ras coisas, avali­ações dos fatores de segu­rança definidos pela Agên­cia Inter­na­cional de Ener­gia Atômi­ca (Aiea). A Cnen respon­deu com 166 exigên­cias, que foram anal­isadas e devolvi­das pela Eletronu­clear em abril de 2024.

Em dezem­bro de 2023, foi envi­a­da à Cnen a Reavali­ação Per­iódi­ca de Segu­rança (RPS), que é fei­ta a cada dez anos e que, nes­ta edição, tem foco no proces­so con­heci­do como Long Term Oper­a­tion (LTO)  – em por­tuguês Oper­ação de Lon­go Pra­zo.

“Entre os itens anal­isa­dos neste doc­u­men­to, estão o desem­pen­ho de segu­rança, plane­ja­men­to de emergên­cia e impacto radi­ológi­co no meio ambi­ente, sis­tema de geren­ci­a­men­to e cul­tura de segu­rança, qual­i­fi­cação de equipa­men­tos e o uso da exper­iên­cia de out­ras usi­nas”, diz comu­ni­ca­do da Eletronu­clear.

Para con­seguir o pro­longa­men­to, a Eletronu­clear habil­i­tou-se, inclu­sive, a um proces­so nos Esta­dos Unidos chama­do License Renew­al Apli­ca­tion. Na práti­ca, isso é uma autor­iza­ção do órgão reg­u­lador amer­i­cano, Nuclear Reg­u­la­to­ry Com­mis­sion (NRC), que equiv­ale à Cnen no Brasil.

A Eletronu­clear optou por essa licença estrangeira pelo fato de Angra 1 ter sido adquiri­da da empre­sa amer­i­cana West­ing­house. Obter o cer­ti­fi­ca­do inter­na­cional é um facil­i­ta­dor para ren­o­var a licença no Brasil. “É um pro­gra­ma para você geren­ciar cada com­po­nente, o quan­to está envel­he­cen­do, com inspeções per­iódi­cas, para especi­ficar se pode ir além dos 40 anos”, expli­ca o super­in­ten­dente de Oper­ações de Angra 1, Abelar­do Vieira.

Exemplo internacional

Segun­do Vieira, a ren­o­vação de licença para ativi­dade de ger­ação de ener­gia nuclear é um pro­ced­i­men­to comum no exte­ri­or. “Nos Esta­dos Unidos, 98 usi­nas fiz­er­am essa exten­são de vida de 40 para 60 anos. Dessas, 92 estão em oper­ação e 45 são da West­ing­house”, detal­hou.

Vieira infor­mou que, entre os dias 4 e 13 deste mês, Angra 1 rece­beu uma mis­são da Agên­cia Inter­na­cional de Ener­gia Atômi­ca que fez uma avali­ação glob­al de segu­rança da usi­na. “Recebe­mos boa per­for­mance”, disse Vieira, que espera que a ren­o­vação da licença brasileira seja atingi­da “nos próx­i­mos meses”.

Investimentos

Para aumen­tar a longev­i­dade de Angra 1, a Eletronu­clear tem feito uma série de mel­ho­rias nos últi­mos anos, como tro­ca dos ger­adores de vapor e da tam­pa do vaso de pressão do reator e sub­sti­tu­ição dos trans­for­madores prin­ci­pais. Tam­bém foram imple­men­ta­dos pro­gra­mas de geren­ci­a­men­to da obso­lescên­cia, inspeções e manutenção de estru­turas de con­cre­to.

Além dis­so, ten­do a licença ren­o­va­da, a empre­sa se com­pro­m­ete a faz­er inves­ti­men­tos em torno de R$ 3 bil­hões até 2028. “Quan­do rece­ber­mos o sinal verde, fize­mos diver­sas out­ras mod­i­fi­cações ao lon­go de qua­tro anos para colo­car a usi­na em pata­mar bem supe­ri­or”, acres­cen­tou Vieira.

Segun­do o super­in­ten­dente de Oper­ações de Angra 1, as mod­ern­iza­ções aju­dam a aumen­tar a efi­ciên­cia de ger­ação de ener­gia de Angra 1. “A gente vai tro­car as turbinas de baixa pressão. Essa tro­ca já dá um aumen­to de potên­cia nat­u­ral­mente pela mel­hor tec­nolo­gia.”

Empréstimo

Para exe­cu­tar as mel­ho­rias, a Eletronu­clear cele­brou, jun­to a fornece­dores, R$ 600 mil­hões em con­tratos, de um total de R$ 707 mil­hões. Para finan­ciar o inves­ti­men­to, a com­pan­hia aprovou emprés­ti­mo de R$ 800 mil­hões obti­dos com seus acionistas: a estatal Empre­sa Brasileira de Par­tic­i­pações em Ener­gia Nuclear e Bina­cional (ENBPar) e a com­pan­hia pri­va­ti­za­da Eletro­bras.

Esse finan­cia­men­to é na modal­i­dade emprés­ti­mo-ponte, ou seja, uma alter­na­ti­va ime­di­a­ta tem­porária até que se con­si­ga out­ro emprés­ti­mo. “Tra­ta-se de uma solução a cur­to pra­zo para garan­tir a exten­são da vida útil de Angra 1”, expli­cou a Eletronu­clear em nota envi­a­da à Agên­cia Brasil.

O próx­i­mo emprés­ti­mo, que garan­tirá a mod­ern­iza­ção de Angra 1 nos próx­i­mos anos, é de R$ 3 bil­hões e está sendo nego­ci­a­do com o ban­co amer­i­cano Exim­bank.

A eletronu­clear tam­bém nego­cia ações ref­er­entes ao licen­ci­a­men­to ambi­en­tal com o Insti­tu­to Brasileiro do Meio Ambi­ente e dos Recur­sos Nat­u­rais Ren­ováveis (Iba­ma).

Agên­cia Brasil procurou a Cnen para obter infor­mações sobre o proces­so de ren­o­vação da licença de oper­ação de Angra 1, mas não rece­beu respos­ta até a con­clusão da reportagem.

Central Nuclear

Em fun­ciona­men­to des­de 1985, Angra 1 tem 640 megawatts (MW) de potên­cia, ener­gia sufi­ciente para suprir 2 mil­hões de habi­tantes, o equiv­a­lente à cidade de Man­aus.

A usi­na é viz­in­ha de Angra 2, que tem potên­cia de 1.350 MW e pro­duz ener­gia des­de 2001. A capaci­dade é sufi­ciente para abaste­cer 4 mil­hões de pes­soas, isso é pouco mais que a pop­u­lação do Espíri­to San­to.

A licença de Angra 2 é vál­i­da ini­cial­mente até 2041. As duas usi­nas e mais Angra 3, ain­da em con­strução, for­mam a Cen­tral Nuclear Almi­rante Álvaro Alber­to.

*A reportagem da Agên­cia Brasil via­jou ao Com­plexo Nuclear em Angra dos Reis a con­vite da Eletronu­clear

Edição: Nádia Fran­co

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