...
quinta-feira ,28 março 2024
Home / Saúde / Vacinação de covid evita 43 mil mortes de idosos em 13 semanas no país

Vacinação de covid evita 43 mil mortes de idosos em 13 semanas no país

Vacinação drive thru na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), zona norte do Rio. A cidade do Rio de Janeiro retoma hoje (25) sua campanha de aplicação da primeira dose da vacina contra a covid-19 em idosos da população em geral. Hoje serão vacinados os idosos com 82 anos.
Repro­du­ção: © Tânia Rêgo/Agência Bra­sil

Dados são da UFPel em parceria com Harvard e Ministério da Saúde


Publi­ca­do em 18/06/2021 — 19:22 Por Cami­la Boehm – Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — São Pau­lo

Pes­qui­sa da Uni­ver­si­da­de Fede­ral de Pelo­tas (UFPel) esti­mou que o avan­ço da vaci­na­ção con­tra a covid-19 é res­pon­sá­vel pela pre­ven­ção de mais de 40 mil mor­tes de ido­sos em um inter­va­lo de tre­ze sema­nas no Bra­sil. Os dados, divul­ga­dos ontem (17), são de levan­ta­men­to rea­li­za­do pelo Cen­tro de Pes­qui­sas Epi­de­mi­o­ló­gi­cas da UFPel, em par­ce­ria com a Uni­ver­si­da­de Har­vard e o Minis­té­rio da Saú­de.

Os cál­cu­los reve­la­ram que, se o núme­ro de mor­tes entre os mais ido­sos tives­se segui­do a mes­ma ten­dên­cia obser­va­da para os bra­si­lei­ros mais jovens, seri­am espe­ra­das 70.015 mor­tes de pes­so­as de 80 anos ou mais. No entan­to, foram regis­tra­das 37.401 mor­tes no perío­do. Entre as pes­so­as de 70 a 79 anos, a expec­ta­ti­va de mor­tes era de 20.238 con­tra 13.838 regis­tra­das. Soman­do as esti­ma­ti­vas para ambas as fai­xas etá­ri­as, foram evi­ta­das as mor­tes de 43.082 ido­sos no país.

“Encon­tra­mos evi­dên­ci­as de que, embo­ra a dis­se­mi­na­ção da vari­an­te P.1 (gama) tenha leva­do ao aumen­to das mor­tes por covid-19 em todas as ida­des, a pro­por­ção de óbi­tos entre os ido­sos come­çou a cair rapi­da­men­te a par­tir da segun­da quin­ze­na de feve­rei­ro de 2021. Até então, essa pro­por­ção tinha se man­ti­do está­vel em tor­no de 25% a 30% des­de o iní­cio da epi­de­mia, mas se encon­tra ago­ra abai­xo de 13%”, dis­se o epi­de­mi­o­lo­gis­ta da UFPel e líder do estu­do, Cesar Vic­to­ra.

Ele acres­cen­tou que as “aná­li­ses de óbi­tos por outras cau­sas mos­tram que o declí­nio pro­por­ci­o­nal entre os ido­sos é espe­cí­fi­co para as mor­tes por covid-19”. Os pes­qui­sa­do­res con­cluí­ram, por­tan­to, que o avan­ço da cam­pa­nha de vaci­na­ção con­tra a doen­ça está asso­ci­a­do às que­das pro­gres­si­vas na pro­por­ção de mor­tes de ido­sos pelo novo coro­na­ví­rus no Bra­sil.

Vic­to­ra ava­lia que a prin­ci­pal con­tri­bui­ção do levan­ta­men­to é for­ne­cer evi­dên­ci­as sobre a efe­ti­vi­da­de do pro­gra­ma de vaci­na­ção no Bra­sil como um todo, em um cená­rio onde a vari­an­te gama atu­al­men­te pre­do­mi­na, con­fir­man­do os acha­dos de estu­dos ante­ri­o­res rea­li­za­dos em gru­pos popu­la­ci­o­nais mais res­tri­tos.

“Como o dis­tan­ci­a­men­to soci­al e uso de más­ca­ra estão sen­do ado­ta­dos de for­ma limi­ta­da na mai­or par­te do país, o rápi­do aumen­to da vaci­na­ção per­ma­ne­ce como a abor­da­gem mais pro­mis­so­ra para con­tro­lar a pan­de­mia”, con­cluiu o pes­qui­sa­dor.

Detalhes do estudo

Para o levan­ta­men­to, os pes­qui­sa­do­res ana­li­sa­ram as ten­dên­ci­as de mor­tes por covid-19 e por outras cau­sas não rela­ci­o­na­das ao novo coro­na­ví­rus no perío­do de 3 de janei­ro a 27 de maio de 2021, com base em dados sobre óbi­tos e cober­tu­ra vaci­nal regis­tra­dos pelo Minis­té­rio da Saú­de. No perío­do, o país regis­trou 238.414 mor­tes por covid-19 e 447.817 mor­tes por outras cau­sas.

Os resul­ta­dos reve­la­ram que núme­ro de mor­tes por covid-19 em todas as ida­des aumen­tou a par­tir do final de feve­rei­ro em decor­rên­cia da rápi­da dis­se­mi­na­ção da vari­an­te gama para todo o país.

Os níveis naci­o­nais de cober­tu­ra com a pri­mei­ra dose da vaci­na alcan­ça­ram meta­de dos ido­sos de 80 anos ou mais na pri­mei­ra quin­ze­na de feve­rei­ro e pas­sa­ram dos 80% na quin­ze­na seguin­te, com esta­bi­li­da­de em tor­no de 95% a par­tir de mar­ço.

Os pes­qui­sa­do­res obser­va­ram que, em para­le­lo, o per­cen­tu­al de mor­tes de ido­sos caiu de 28% do total de óbi­tos por covid-19, em janei­ro, para 12%, em maio, com iní­cio de que­da acen­tu­a­da a par­tir da segun­da meta­de de feve­rei­ro. Enquan­to a pro­por­ção de mor­tes nes­se gru­po por cau­sas não rela­ci­o­na­das à covid-19 per­ma­ne­ceu está­vel em qua­se 30% no mes­mo perío­do.

Para a fai­xa etá­ria de 70 a 79 anos, a cober­tu­ra vaci­nal com a pri­mei­ra dose atin­giu meta­de da popu­la­ção na últi­ma sema­na de mar­ço, alcan­çan­do 90% na pri­mei­ra meta­de de maio. A pro­por­ção de mor­tes por covid-19 nes­se gru­po per­ma­ne­ceu em tor­no de 25% do total de mor­tes pela doen­ça até a segun­da sema­na de abril.

A par­tir daque­le momen­to, essa pro­por­ção de mor­tes por covid-19 come­çou a dimi­nuir de for­ma acen­tu­a­da, che­gan­do a 16% na últi­ma sema­na de maio. Entre esses ido­sos, a pro­por­ção de mor­tes por outras cau­sas per­ma­ne­ceu está­vel em tor­no de 20%.

Ain­da de acor­do com o estu­do da UFPel, a vaci­na Coro­na­Vac repre­sen­tou 65,4% e a AstraZeneca/Oxford 29,8% de todas as doses admi­nis­tra­das ao lon­go do mês de janei­ro, enquan­to as por­cen­ta­gens foram de 36,5% para Coro­na­Vac e 53,3% para AstraZeneca/Oxford no perío­do entre mea­dos de abril e meta­de de maio.

Edi­ção: Bru­na Sani­e­le

 LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Júlio César Teixeira, ginecologista, professor e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Novo teste de HPV no SUS pode antecipar diagnóstico em até 10 anos

Repro­du­ção: © Rena­to Araújo/Agência Bra­sil Vírus é o principal causador de câncer de colo de …