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Vacinação tem importância maior para prematuros, diz neonatologista

Repro­dução: © Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Queda na proteção de crianças contra doenças imunopreveníveis preocupa


Pub­li­ca­do em 27/04/2023 — 06:32 Por Viní­cius Lis­boa — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O cenário de que­da na pro­teção das cri­anças brasileiras con­tra doenças imuno­pre­veníveis pre­ocu­pa espe­cial­is­tas des­de 2015, e, entre os aler­tas, está o da neces­si­dade de vaci­nar os bebês que nascem pre­matur­os. Em entre­vista à Agên­cia Brasil, na Sem­ana Mundi­al da Imu­niza­ção, a neona­tol­o­gista Lil­ian Sadeck expli­ca que bebês pre­matur­os pre­cisam ain­da mais da pro­teção das vaci­nas.

“O bebê pre­maturo tem ima­turi­dade imunológ­i­ca. Ele recebe menos anti­cor­pos da mãe, porque os anti­cor­pos pas­sam prin­ci­pal­mente no final da ges­tação, e, com isso, ele é mais suscetív­el [a doenças]. E, além de serem mais vul­neráveis, eles acabam ten­do casos mais graves quan­do adquirem a doença”, expli­ca. “A família pre­cisa prestar mais atenção, porque eles acabam fican­do inter­na­dos por mais tem­po e, além de ter um sis­tema imunológi­co mais imaturo, muitas vezes, não con­seguem rece­ber aleita­men­to mater­no por um tem­po mais pro­lon­ga­do”, diz Lil­ian.

Secretária do Depar­ta­men­to de Neona­tolo­gia da Sociedade Brasileira de Pedi­a­tria (SBP), a médi­ca pede atenção tam­bém às idades recomen­dadas para cada vaci­na, que per­manecem as mes­mas, com a con­tagem a par­tir do nasci­men­to como refer­ên­cia. As vaci­nas con­tra menin­gite, pneu­mo­nia, coqueluche, hepatite B, rotavírus, gripe e as demais do primeiro ano de vida devem ser apli­cadas segun­do a idade cronológ­i­ca da cri­ança, inde­pen­den­te­mente de seu peso ou idade gesta­cional, aler­ta a SBP.

O que con­ta é a data em que o bebê nasceu, diz a médi­ca. “É uma coisa que con­funde as pes­soas, que, às vezes, pen­sam que têm que dar de acor­do com uma idade cor­rigin­do a pre­ma­turi­dade.”

Os bebês pre­matur­os tam­bém têm maior risco de even­tos adver­sos ao rece­ber algu­mas vaci­nas. Por isso, os imu­nizantes que previnem con­tra a coqueluche devem ser pref­er­en­cial­mente vaci­nas acelu­lares. Nos cen­tros de refer­ên­cia em imuno­bi­ológi­cos espe­ci­ais (CRIEs), é pos­sív­el encon­trar a pen­ta acelu­lar (dif­te­ria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influen­zae tipo b) e a hexa acelu­lar (dif­te­ria, tétano, coqueluche, poliomielite ina­ti­va­da (VIP), hepatite B (HB) e Haemophilus influen­zae tipo b (Hib) gra­tuita­mente.

“Estas são vaci­nas con­ju­gadas, em que uma mes­ma dose pro­tege con­tra várias doenças. São vaci­nas que causam menos sofri­men­to para a família e para o bebê, porque em uma injeção ele recebe várias vaci­nas jun­tas”, acon­sel­ha a médi­ca. “Muitas vezes, a família fica com dó, porque a cri­ança já nasceu pre­matu­ra, já sofreu, muitas vezes ficou inter­na­da. Então, a gente tem que sen­si­bi­lizar muito a família para que man­ten­ham esse cal­endário atu­al­iza­do.”

Gestantes

Assim como os bebês pre­matur­os, as ges­tantes tam­bém requerem mais atenção em relação ao cal­endário vaci­nal. Grávi­das têm um cal­endário vaci­nal especí­fi­co e, caso não ten­ham históri­co vaci­nal da dT (dif­te­ria e tétano), devem rece­ber duas dos­es e, a par­tir da 20ª sem­ana de ges­tação, uma dose da vaci­na dTpa (que inclui tam­bém a coqueluche). Mes­mo que já ten­ham rece­bido a dT ante­ri­or­mente, a dTpa con­tin­ua recomen­da­da uma vez por ges­tação.

“É impor­tante que a mãe rece­ba essas vaci­nas, prin­ci­pal­mente pelo com­po­nente coqueluche, porque ela vai pro­duzir mais anti­cor­pos e eles vão pas­sar para o feto e pro­te­ger o recém-nasci­do nos primeiros anos de vida.”

O históri­co vaci­nal con­tra a hepatite B tam­bém deve ser checa­do. Caso não seja pos­sív­el com­ple­tar o esque­ma durante a ges­tação, ele dev­erá ser con­cluí­do após o par­to, infor­ma o cal­endário da ges­tante atu­al­iza­do no ano pas­sa­do pelo Min­istério da Saúde.

Lil­ian Sadeck tam­bém recomen­da que as ges­tantes rece­bam as vaci­nas con­tra influen­za e covid-19. A médi­ca ressalta que a vaci­nação das ges­tantes tam­bém está em baixa. Isso ocorre mes­mo que muitas delas sejam acom­pan­hadas por profis­sion­ais de saúde.

“Além de a pan­demia ter inter­feri­do no pré-natal, muitas ges­tantes descon­hecem a disponi­bil­i­dade dessas vaci­nas no SUS [Sis­tema Úni­co de Saúde], que elas podem e devem rece­ber durante o pré-natal”, acres­cen­ta a médi­ca.

Edição: Nádia Fran­co

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