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Vacinas também ajudam a conter surgimento de bactérias resistentes

Repro­dução: © SESA

Preocupação com uso inadequado de antibióticos cresceu na pandemia


Pub­li­ca­do em 28/09/2023 — 07:35 Por Viní­cius Lis­boa — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A automed­icação e a pre­scrição incor­re­ta de antibióti­cos estão entre as maiores pre­ocu­pações das autori­dades de saúde, que temem que ess­es prob­le­mas con­tin­uem a sele­cionar cada vez mais bac­térias resistentes a ess­es medica­men­tos, invi­a­bi­lizan­do ou encar­e­cen­do trata­men­tos. Nesse con­tex­to, blo­quear a trans­mis­são de bac­térias, pre­venir as infecções e reduzir o uso de antibióti­cos está entre as van­ta­gens que as vaci­nas troux­er­am para a saúde públi­ca.

A dire­to­ria da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções Flávia Bra­vo expli­ca que esse é um papel fun­da­men­tal de vaci­nas como a pneu­mocó­ci­ca, que previne con­tra a bac­téria Strep­to­coc­cus pneu­mo­ni­ae.

Vacinas também ajudam a conter surgimento de bactérias resistentes. Flávia Bravo é diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações. Foto: Divulgação/SBIm
Repro­dução: Flávia Bra­vo desta­ca papel das vaci­nas na con­tenção de bac­térias — Divulgação/SBIm

“A bac­téria até con­segue invadir, mas o cor­po pas­sa a ter o arse­nal para atacar antes que ela cause qual­quer estra­go. Se você não for vaci­na­do, ela vai faz­er um estra­go, pequeno, médio ou grande. E como você tra­ta? Com antibióti­co. Se você começa a tratar inad­e­quada­mente, com dos­es menores ou toma cer­to e uma bac­téria con­segue escapar desse antibióti­co, estou crian­do bac­térias resistentes. O uso de antibióti­cos vai treinan­do e sele­cio­nan­do as bac­térias.”

O resul­ta­do dis­so é que os antibióti­cos mais usa­dos, chama­dos de primeira lin­ha, pas­sam a ser menos efi­cazes, e isso exige que novos medica­men­tos entrem em ação. “Assim a gente vai depen­der do desen­volvi­men­to de antibióti­cos cada vez mais caros, de menor aces­so e com mais even­tos adver­sos, para tratar uma bac­téria que você pode­ria nem ter pega­do, com a vaci­nação. Se eu não tiv­er doença, eu não pre­ciso usar antibióti­co, e não vou sele­cionar cepas resistentes.”

A pre­scrição de antibióti­cos para situ­ações não necessárias, como em viros­es, ou sua admin­is­tração incor­re­ta durante trata­men­tos são motivos de recor­rentes aler­tas de autori­dades san­itárias e sociedades médi­cas. O Min­istério da Saúde apon­ta que alguns dos prin­ci­pais erros rela­ciona­dos são o uso dess­es medica­men­tos sem recei­ta médi­ca, recor­ren­do a eles em caso de gripe ou gar­gan­ta infla­ma­da, por exem­p­lo, usan­do remé­dios que sobraram de um trata­men­to ante­ri­or, sem pas­sar por avali­ação profis­sion­al.

A pre­ocu­pação com o tema cresceu durante a pan­demia de covid-19, quan­do médi­cos recor­reram aos antibióti­cos inde­v­i­da­mente de for­ma fre­quente para tratar a doença. Quadros especí­fi­cos da doença, espe­cial­mente quan­do envolvem inter­nações, podem asso­ciar a covid-19 à infecção por bac­térias, exigin­do o uso de antibióti­cos, mas espe­cial­is­tas iden­ti­ficaram que hou­ve uso exces­si­vo durante a emergên­cia san­itária.

27/09/2023, Prefeitura disponibilizará doses da vacina Pneumo 23 aos profissionais de saúde da capital. Foto: Ascom SMS
Repro­dução: Vaci­na Pneu­mocó­ci­ca 23-valente — Ascom SMS

A Fun­dação Oswal­do Cruz (Fiocruz) chegou a aler­tar que, em 2019, o número de bac­térias resistentes detec­tadas por lab­o­ratórios públi­cos era pouco maior que mil. Em 2020, no primeiro ano da pan­demia, esse número dobrou. E, em 2021, mais que trip­li­cou.

A Agên­cia Nacional de Vig­ilân­cia San­itária chegou a emi­tir uma nota téc­ni­ca em 2021 para reforçar que os antibióti­cos não são indi­ca­dos no trata­men­to de roti­na da covid-19, já que a doença, é cau­sa­da por vírus e ess­es medica­men­tos atu­am ape­nas con­tra bac­térias. Eles são recomen­da­dos ape­nas para os casos com sus­pei­ta de infecção bac­te­ri­ana asso­ci­a­da à infecção viral.

O uso incor­re­to, porém, é ape­nas uma das causas da pre­ocu­pação com bac­térias resistentes. Tam­bém estão rela­ciona­dos a esse prob­le­ma fal­has no con­t­role de infecções em hos­pi­tais e clíni­cas, capac­i­tação insu­fi­ciente de alguns profis­sion­ais de saúde e exces­so de uso de antibióti­cos em ani­mais des­ti­na­dos à ali­men­tação humana.

Edição: Juliana Andrade

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