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Varíola dos macacos: calendário de vacinação deve sair nesta semana

Repro­du­ção: © Mar­cel­lo Casal Jr / Agên­cia Bra­sil

Prioridade será para profissionais de saúde que lidam com a doença


Publi­ca­do em 15/08/2022 — 19:41 Por Mar­ce­lo Bran­dão – Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

Ouça a maté­ria:

O Minis­té­rio da Saú­de (MS) deve­rá saber nes­ta sema­na quan­do terá as pri­mei­ras vaci­nas dis­po­ní­veis con­tra a varío­la dos maca­cos.

Segun­do a repre­sen­tan­te da Orga­ni­za­ção Pan-Ame­ri­ca­na de Saú­de (Opas) no Bra­sil, Socor­ro Gross, a fase de tra­ta­ti­vas com o labo­ra­tó­rio pro­du­tor da vaci­na ter­mi­na­ram, mas fal­ta uma posi­ção do labo­ra­tó­rio sobre o calen­dá­rio de entre­ga.

“Espe­ra­mos ter o calen­dá­rio das vaci­nas nes­ta sema­na”, dis­se ela. “Não temos como apre­sen­tar um calen­dá­rio [de entre­ga de vaci­na] nes­te momen­to. Sabe­mos que uma par­te das vaci­nas vai che­gar em bre­ve. Espe­ra­mos que o for­ne­ce­dor nos espe­ci­fi­que quan­do nós pode­re­mos trans­por­tar a vaci­na para o Bra­sil”, dis­se ela, em cole­ti­va de impren­sa, no Minis­té­rio da Saú­de.

A aqui­si­ção des­sas vaci­nas deve ser fei­ta atra­vés da Opas, uma vez que o labo­ra­tó­rio res­pon­sá­vel por elas fica na Dina­mar­ca e não tem repre­sen­tan­te no Bra­sil. Assim, o labo­ra­tó­rio não pode soli­ci­tar o regis­tro do imu­ni­zan­te jun­to à Agên­cia Naci­o­nal de Vigi­lân­cia Sani­tá­ria (Anvi­sa) e caso o país quei­ra com­prá-lo, a OPAS deve inter­me­di­ar a tran­sa­ção.

Socor­ro Gross esta­va acom­pa­nha­da do minis­tro da Saú­de, Mar­ce­lo Quei­ro­ga, e de secre­tá­ri­os da pas­ta. Quei­ro­ga escla­re­ceu que as 50 mil doses soli­ci­ta­das pelo Bra­sil, caso che­guem, irão para pro­fis­si­o­nais de saú­de que lidam com mate­ri­ais con­ta­mi­na­dos.

“Se essas 50 mil doses che­ga­rem aqui no minis­té­rio ama­nhã, não terão o con­dão de mudar a his­tó­ria natu­ral da situ­a­ção epi­de­mi­o­ló­gi­ca em rela­ção à varío­la dos maca­cos. Essas vaci­nas, quan­do vie­rem, serão para vaci­nar um públi­co mui­to espe­cí­fi­co”.

Quei­ro­ga tam­bém não con­si­de­ra, até o momen­to, decla­rar Emer­gên­cia em Saú­de Públi­ca de Impor­tân­cia Naci­o­nal (Espin) por cau­sa da doen­ça. Segun­do ele, a área téc­ni­ca do minis­té­rio não se mani­fes­tou nes­se sen­ti­do.

Além dis­so, de acor­do com Quei­ro­ga, meca­nis­mos de vigi­lân­cia em saú­de já foram refor­ça­dos; pedi­dos de regis­tros de tes­tes rápi­dos já foram fei­tos jun­to à Agên­cia Naci­o­nal de Vigi­lân­cia Sani­tá­ria (Anvi­sa); e outras pro­vi­dên­ci­as podem ser toma­das fora do âmbi­to da Espin, caso seja neces­sá­rio.

Até o momen­to, Esta­dos Uni­dos e Aus­trá­lia já decla­ra­ram emer­gên­cia em seus ter­ri­tó­ri­os.

Dados

Na cole­ti­va de impren­sa, o Minis­té­rio da Saú­de tam­bém divul­gou dados atu­a­li­za­dos sobre a doen­ça. No mun­do intei­ro foram regis­tra­dos 35.621 casos em 92 paí­ses.

Os paí­ses com mais casos são Esta­dos Uni­dos (11,1 mil), Espa­nha (5,7 mil), Ale­ma­nha (3,1 mil), Rei­no Uni­do (3 mil), Bra­sil (2,8 mil), Fran­ça (2,6 mil), Cana­dá (1 mil), Holan­da (1 mil), Por­tu­gal (770) e Peru (654).

Até o momen­to, 13 mor­tes foram regis­tra­das, em oito paí­ses. São eles: Nigé­ria (4), Repú­bli­ca Cen­tro-Afri­ca­na (2), Espa­nha (2), Gana (1), Bra­sil (1), Equa­dor (1), Índia (1) e Peru (1).

No Bra­sil, foram con­fir­ma­dos até o momen­to 2.893 casos. Além dis­so, exis­tem 3.555 casos sus­pei­tos de varío­la dos maca­cos, com uma mor­te.

Entre os con­ta­mi­na­dos, 95% são homens e a mai­o­ria está na fai­xa dos 30 anos de ida­de. Ape­sar de ser uma doen­ça que aco­me­te, em sua mai­o­ria, homens que fazem sexo com homens, o minis­tro faz um aler­ta para não se estig­ma­ti­zar a doen­ça a esse gru­po espe­cí­fi­co ou mes­mo dis­cri­mi­ná-lo.

“Essas refe­rên­ci­as fei­tas aqui a homens que fazem sexo com homens é uma cons­ta­ta­ção tão somen­te epi­de­mi­o­ló­gi­ca. Não pode­mos incor­rer nos erros do pas­sa­do. Nós já sabe­mos o que acon­te­ceu na déca­da de 80 com HIV/Aids. Não é para dis­cri­mi­nar as pes­so­as, é para pro­te­gê-las”.

Quei­ro­ga tam­bém afir­mou que ape­sar do nome, a doen­ça não é trans­mi­ti­da pelos maca­cos e fez um ape­lo para a não agres­são des­ses ani­mais, por medo da doen­ça.

“A varío­la dos maca­cos é uma zoo­no­se e o roe­dor é a pro­vá­vel ori­gem da zoo­no­se. Não é o maca­co. O maca­co é tão víti­ma da doen­ça quan­to nós, que tam­bém somos pri­ma­tas. Por­tan­to, não sai­am por aí matan­do os maca­cos achan­do que vão resol­ver o pro­ble­ma da varío­la dos maca­cos”.

Edi­ção: Deni­se Gri­e­sin­ger

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