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Veja quais são as provas que levaram à prisão de Braga Netto

General e ex-ministro de Bolsonaro é suspeito de obstrução de Justiça

Luiz Clau­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 14/12/2024 — 15:34
Brasília
O interventor federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro, general Walter Braga Netto, concede entrevista à Agência Brasil no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial.
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

A audiên­cia do ex-aju­dante de ordens de Jair Bol­sonaro, o tenente-coro­nel Mau­ro Cid, no últi­mo dia 21 de novem­bro, trouxe novi­dades que foram fun­da­men­tais para o elen­co de provas que lev­ou o gen­er­al Wal­ter Bra­ga Net­to à prisão, neste sába­do (14). 

A ten­ta­ti­va de obter dados sig­ilosos da delação de Mau­ro Cid, ex-aju­dante de ordens do ex-pres­i­dente Jair Bol­sonaro, foi car­ac­ter­i­za­da como ação de obstrução da Justiça, ao “impedir ou embaraçar as inves­ti­gações em cur­so”, apon­tou o rela­tor do inquéri­to, o min­istro Alexan­dre de Moraes, do Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF).

De acor­do com o relatório da Polí­cia Fed­er­al, há “diver­sos ele­men­tos de pro­va” con­tra Bra­ga Net­to, que teria atu­a­do para impedir a total elu­ci­dação dos fatos e “com o obje­ti­vo de con­tro­lar as infor­mações forneci­das, alter­ar a real­i­dade dos fatos apu­ra­dos, além de con­sol­i­dar o alin­hamen­to de ver­sões entre os inves­ti­ga­dos”.

“Intensa troca”

Para chegar a essas provas, os poli­ci­ais fed­erais realizaram perí­cia no celu­lar do gen­er­al Mau­ro César Loure­na Cid, pai do coro­nel que tra­bal­ha­va com Jair Bol­sonaro. Havia “inten­sa tro­ca de men­sagens” via aplica­ti­vo de men­sagens, que foram apa­gadas e depois recu­per­adas pela PF. O tema prin­ci­pal era a respeito do desvio de joias por parte de Bol­sonaro, em agos­to de 2023.

A PF iden­ti­fi­cou que o nome de Bra­ga Net­to esta­va sal­vo na agen­da do gen­er­al Loure­na Cid como “Wal­ter BN”.

Out­ras con­ver­sas recu­per­adas ocor­reram em 12 de setem­bro, quan­do o gen­er­al Mário Fer­nan­des disse ao coro­nel refor­ma­do Jorge Kor­mann que os pais de Mau­ro Cid lig­aram para os gen­erais Bra­ga Net­to e Augus­to Heleno, ex-min­istro na gestão Bol­sonaro, infor­man­do que a divul­gação do con­teú­do da deleção por parte da impren­sa era “tudo men­ti­ra”.

Perguntas e respostas

A PF argu­men­ta que Bra­ga Net­to ten­tou obter os dados do acor­do por meio de famil­iares do coro­nel Cid, o que foi deter­mi­nante para a prisão. Out­ra pro­va encon­tra­da foi na sede do Par­tido Lib­er­al (PL), em Brasília, na mesa do coro­nel Flávio Pere­gri­no, asses­sor dire­to do gen­er­al Bra­ga Net­to.

Era uma fol­ha com per­gun­tas (suposta­mente feitas por Bra­ga Net­to) e respostas (que seri­am de auto­ria de Mau­ro Cid).

Entre as per­gun­tas: “O que foi delata­do?”, com a seguinte respos­ta: “Nada. Eu não entra­va nas reuniões. Só colo­ca­va o pes­soal para den­tro”. Há out­ras cin­co questões pedin­do mais infor­mações sobre o que a PF dis­pun­ha.

O ex-aju­dante de ordens disse, em depoi­men­to à PF, que as respostas não foram escritas por ele.

“Talvez inter­mediários pudessem estar ten­tan­do chegar per­to de mim, até pes­soal­mente, para ten­tar enten­der o que eu falei, quer­er ques­tionar, mas como eu não podia falar, eu meio que descon­ver­sa­va e ia para out­ros cam­in­hos, para não poder rev­e­lar o que foi fal­a­do”, disse Cid para o del­e­ga­do da PF Fábio Shor.

Conversa com o pai de Mauro Cid

O min­istro Alexan­dre de Moraes argu­men­tou na decisão pela prisão que, na oiti­va, real­iza­da na Polí­cia Fed­er­al, Mau­ro Cid havia con­fir­ma­do que Bra­ga Net­to ten­tou obter os dados sig­ilosos com o pai, Loure­na Cid. No depoi­men­to para o del­e­ga­do Fábio Shor, Mau­ro Cid disse que o con­ta­to ocor­ria por tele­fone, já que o pai mora no Rio de Janeiro, e Bra­ga Net­to esta­va em Brasília.

O gen­er­al Cid, no últi­mo dia 6 de dezem­bro, tam­bém con­fir­mou que foi procu­ra­do por Bra­ga Net­to.

Operação “Punhal Verde e Amarelo”

A PF defend­eu que, além das novas provas indi­carem a atu­ação crim­i­nosa do gen­er­al, o novo depoi­men­to de Mau­ro Cid apon­tou que o can­dida­to a vice-pres­i­dente, na cha­pa de Bol­sonaro em 2022, finan­ciou os recur­sos necessários para a orga­ni­za­ção e exe­cução da oper­ação “Pun­hal Verde e Amare­lo” (plano golpista elab­o­ra­do por mil­itares para impedir a posse do pres­i­dente Lula).

Dinheiro em sacola de vinho

“O gen­er­al repas­sou dire­ta­mente ao então major Rafael de Oliveira din­heiro em uma saco­la de vin­ho, que serviria para o finan­cia­men­to das despe­sas necessárias à real­iza­ção da oper­ação”, apon­tou a PF, que con­sta­tou que o din­heiro foi uti­liza­do para com­pra de celu­lar (para a ação crim­i­nosa) e de chips para a comu­ni­cação entre os inte­grantes do grupo. Os paga­men­tos tam­bém foram real­iza­dos em espé­cie.

Ain­da, de acor­do com as inves­ti­gações, Bra­ga Net­to foi um pro­tag­o­nista para o plane­ja­men­to e finan­cia­men­to de um golpe de Esta­do, o que incluía a detenção ile­gal e pos­sív­el exe­cução do min­istro Alexan­dre de Moraes (então pres­i­dente do Tri­bunal Supe­ri­or Eleitoral), “com uso de téc­ni­cas mil­itares e ter­ror­is­tas, além de pos­sív­el assas­si­na­to dos can­didatos eleitos nas eleições de 2022 (Lula e Alck­min)”.

Papel de liderança

Segun­do Moraes, os des­do­bra­men­tos da inves­ti­gação, a par­tir da oper­ação “Con­tragolpe”, e os novos depoi­men­tos de Mau­ro Cid “rev­e­laram a gravís­si­ma par­tic­i­pação de Wal­ter Souza Bra­ga Net­to nos fatos inves­ti­ga­dos, em ver­dadeiro papel de lid­er­ança, orga­ni­za­ção e finan­cia­men­to, além de demon­strar rel­e­vantes indí­cios de que o rep­re­sen­ta­do atu­ou, reit­er­ada­mente, para embaraçar as inves­ti­gações”.

O min­istro do STF argu­men­ta na decisão que, pelas provas obti­das, a atu­ação do gen­er­al está rela­ciona­da, “espe­cial­mente, com as ações opera­cionais ilíc­i­tas exe­cu­tadas pelos inves­ti­ga­dos inte­grantes de Forças Espe­ci­ais”.

Moraes ain­da recor­da que, na casa de Bra­ga Net­to, reuni­ram-se os mil­itares com for­mação em forças espe­ci­ais do Exérci­to, no dia 12 de novem­bro de 2022, para plane­jar as ações de mon­i­tora­men­to con­tra as autori­dades.

Defesa do general

A defe­sa do gen­er­al  Wal­ter Bra­ga Net­to divul­gar­am uma nota, na tarde deste sába­do (14), em que nega obstrução nas inves­ti­gações e que irá se man­i­fes­tar no proces­so.

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