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Venezuela acusa Brasil de barrar sua entrada no Brics: “agressão”

Itamaraty diz que posição brasileira segue critérios e princípios

Lucas Pordeus León — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 25/10/2024 — 13:54
Brasília
Brasília (DF), 30/05/2023 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante reunião com presidentes de países da América do Sul, no Palácio do Itamaraty. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

O gov­er­no da Venezuela afir­mou que o Brasil vetou o ingres­so do país cariben­ho no blo­co do Brics e disse que o ato foi uma agressão. O Ita­ma­raty, no entan­to, sus­ten­ta que o grupo ape­nas definiu os critérios e princí­pios para novas adesões. Durante esta sem­ana, foi definido em Kazan, na Rús­sia, os país­es que pode­ri­am faz­er parte do grupo como mem­bro asso­ci­a­do, mas a Venezuela ficou de fora.

“O povo venezue­lano sente indig­nação e ver­gonha por esta agressão inex­plicáv­el e imoral da diplo­ma­cia brasileira (Ita­ma­raty), man­ten­do o pior das políti­cas de Jair Bol­sonaro con­tra a Rev­olução Boli­var­i­ana fun­da­da pelo coman­dante Hugo Chávez”, afir­mou, em nota, o min­istério das Relações Exte­ri­ores venezue­lano.

Após con­sen­so entre os dez país­es mem­bros do Brics, a Rús­sia ficou de con­vi­dar 13 país­es para par­tic­i­parem da orga­ni­za­ção na modal­i­dade de mem­bros asso­ci­a­dos. Na Améri­ca Lati­na, Cuba e Bolívia foram as nações sele­cionadas. Nigéria, Turquia, Malásia e Indonésia tam­bém foram citadas como aten­den­do aos critérios definidos.

O Brasil tem se afas­ta­do diplo­mati­ca­mente da Venezuela depois da eleição de 28 de jul­ho deste ano que resul­tou na reeleição do pres­i­dente Nicolás Maduro. A eleição foi con­tes­ta­da pela oposição, por organ­is­mos inter­na­cionais e país­es, entre eles, o Brasil, pelo fato de os dados eleitorais por mesa de votação não terem sido apre­sen­ta­dos.

Maduro tem inter­esse em ingres­sar no Brics e par­ticipou da 16ª cúpu­la real­iza­da nes­ta sem­ana na Rús­sia, ten­do se reunido com o pres­i­dente Vlad­mir Putin. Ao ser ques­tion­a­do em cole­ti­va de impren­sa nes­ta quin­ta-feira (24), Putin disse que respei­ta a posição do Brasil em relação à eleição venezue­lana, ape­sar de não con­cor­dar.

“Espero sin­ce­ra­mente que o Brasil e a Venezuela resolvam as suas relações bilat­erais durante a dis­cussão bilat­er­al. Con­heço o pres­i­dente Lula como uma pes­soa muito decente e hon­es­ta e ten­ho certeza de que ele abor­dará esta situ­ação de uma posição obje­ti­va. E pediu-me que trans­mi­tisse algu­mas palavras ao pres­i­dente da Venezuela durante a nos­sa con­ver­sa tele­fôni­ca. Espero que a situ­ação mel­hore”, disse Putin, acres­cen­tan­do que a inclusão de novos país­es só ocorre por con­sen­so dos mem­bros plenos do grupo.

Critérios

O Ita­ma­raty expli­cou que não defende a inclusão de um ou de out­ro país, mas que defend­eu a cri­ação de critérios e princí­pios que norteiam a escol­ha dos novos mem­bros do Brics. Segun­do o secretário de Ásia e Pací­fi­co do Min­istério de Relações Exte­ri­ores (MRE), embaix­ador Eduar­do Paes Saboia, entre os critérios estão a defe­sa da refor­ma da ONU, a não aceitação de sanções econômi­cas uni­lat­erais, além de se ter relações amigáveis com todos os país­es mem­bros.

A coor­de­nado­ra do grupo de pesquisa sobre Brics da PUC do Rio de Janeiro,  pro­fes­so­ra Maria Ele­na Rodríguez, avaliou que a posição do Brasil foi coer­ente uma vez que as relações entre os dois país­es não estão amigáveis neste momen­to.

“Não temos relação amigáv­el com a Venezuela neste momen­to. Não temos uma relação amigáv­el com a Nicarágua, que é out­ro país que havia man­i­fes­ta­do inter­esse em entrar no Brics. Esse é um pon­to fun­da­men­tal. Você não pode ter no blo­co dois país­es com os quais você não tem uma boa relação”, avaliou.

Em agos­to deste ano, Brasil e Nicarágua expul­saram os respec­tivos embaix­adores após desen­tendi­men­tos rela­ciona­dos a atri­tos entre os gov­er­nos. A pedi­do do Papa Fran­cis­co, o Brasil vin­ha ten­tan­do inter­me­di­ar jun­to à Nicarágua a lib­er­tação de um bis­po pre­so no país, o que não teria agrada­do o gov­er­no de Daniel Orte­ga.

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