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Venezuelanos interiorizados são mais satisfeitos e têm maior renda

Repro­dução: © 20/12/18/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pesquisa avaliou a situação de imigrantes fora das capitais do Brasil


Pub­li­ca­do em 06/12/2023 — 07:58 Por Gilber­to Cos­ta — Repórter da Agên­cia Brasil  — Agên­cia Brasil — Brasília

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As famílias de refu­gia­dos migrantes venezue­lanos inte­ri­or­izadas têm oito vezes mais chances de atin­girem a autossu­fi­ciên­cia econômi­ca. Tam­bém são mais sat­is­feitas com a qual­i­dade da mora­dia, com a esco­la dos fil­hos, com a mobil­i­dade urbana, e com aces­so à inter­net. 

Os resul­ta­dos são de um lev­an­ta­men­to real­iza­do pelo Insti­tu­to Pólis Pesquisa entre agos­to e novem­bro jun­to à pop­u­lação de refu­gia­dos migrantes venezue­lanos em Boa Vista (RR) e nas cidades para as quais se des­ti­naram no Brasil após con­seguir empre­gos. A apu­ração per­mi­tiu iden­ti­ficar 59 famílias “inte­ri­or­izadas” fora de Roraima e que já havi­am par­tic­i­pa­do da mes­ma pesquisa em 2021.

A ini­cia­ti­va de inte­ri­or­iza­ção tem como nome Pro­je­to Acol­hi­dos por Meio do Tra­bal­ho. Segun­do apu­ra­do pelo insti­tu­to Pólis Pesquisa, 65,8% dos respon­dentes que saem de Roraima para out­ras partes do Brasil estão tra­bal­han­do com carteira assi­na­da.

O pro­je­to é imple­men­ta­do pela Asso­ci­ação Vol­un­tários para o Serviço Inter­na­cional Brasil (AVSI Brasil) e pelo Insti­tu­to Migrações e Dire­itos Humanos (IMDH), a ini­cia­ti­va con­ta com o finan­cia­men­to do Depar­ta­men­to de Pop­u­lação, Refu­gia­dos e Migração (PRM), do gov­er­no dos Esta­dos Unidos. A AVSI Brasil é uma Orga­ni­za­ção da Sociedade Civ­il de Inter­esse Públi­co (OSCIP) con­sti­tuí­da em 2007. A asso­ci­ação é vin­cu­la­da à Fun­dação AVSI, de origem ital­iana.

De acor­do com o Pólis Pesquisa, o per­fil dos venezue­lanos ben­e­fi­ci­a­dos pelo Pro­je­to Acol­hi­dos por Meio do Tra­bal­ho é mais fem­i­ni­no (55,1% das pes­soas migrantes são mul­heres); e a grande maio­r­ia está em idade ati­va para o tra­bal­ho (21,1% têm de 18 a 24 anos; 52,5% têm de 25 a 39 anos; e 23,2% têm de 40 a 59 anos). Quan­to à esco­lar­i­dade, 23% con­cluíram o ensi­no fun­da­men­tal; 53,3% ter­mi­naram o ensi­no médio; 13,6% fiz­er­am o ensi­no téc­ni­co; e 10,1% têm edu­cação supe­ri­or.

O rendi­men­to médio das famílias inte­ri­or­izadas é R$ 3.212, cin­co vezes a mais do que a ren­da famil­iar de quem per­manece em Roraima (R$ 621). Con­forme nota envi­a­da à Agên­cia Brasil pela AVSI, a ren­da média per capi­ta é de R$ 157 para os não inte­ri­or­iza­dos, e de R$ 894 para os inte­ri­or­iza­dos, uma vari­ação de 469%.

Saúde

A bus­ca de tra­bal­ho e a procu­ra de trata­men­to para enfer­mi­dade são comuns entre os venezue­lanos que chegam no Brasil, segun­do Bertha Maakaroun, jor­nal­ista e cien­tista políti­ca que estu­da a inserção dos venezue­lanos no mer­ca­do de tra­bal­ho brasileiro. “Grande parte deles vêm por causa do SUS”, rela­ta a pesquisado­ra.

De acor­do com con­tagem do Min­istério do Brasil de Desen­volvi­men­to e Assistên­cia Social, Família e Com­bate à Fome, as estraté­gias de realo­car vol­un­tari­a­mente migrantes venezue­lanos de Roraima para out­ras cidades brasileiras ben­e­fi­cia­ram mais de 100 mil pes­soas des­de 2018. Con­forme a Agên­cia da ONU para Refu­gia­dos (Acnur), “esse total rep­re­sen­ta quase um quar­to dos 425 mil venezue­lanos que vivem no Brasil.”

No total, 930 cidades em todo o país rece­ber­am Indi­ví­du­os e famílias venezue­lanas. O Pro­je­to Acol­hi­dos por Meio do Tra­bal­ho realo­cou pes­soas em 55 cidades de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, San­ta Cata­ri­na, São Paulo, além do Dis­tri­to Fed­er­al.

Acolhida

Além do pro­je­to para recolo­car imi­grantes em out­ras cidades, a AVSI real­iza o encam­in­hamen­to de alguns venezue­lanos para o cen­tro de acol­hi­da em Brasília. O venezue­lano And­her­son Var­gas, de 34 anos, imi­grou para o Brasil no final de janeiro deste ano acom­pan­han­do a esposa que pre­cisa faz­er uma cirur­gia nos olhos para extrair o cristal­i­no e colo­car uma lente intraoc­u­lar. Segun­do ele, “há risco de per­da de visão por desco­la­men­to de reti­na.”

O casal chegou ao Brasil pela fron­teira de Pacaraima, cidade ao norte de Roraima e limítrofe com a Venezuela. Em setem­bro, os dois vier­am para Brasília, e pro­vi­so­ri­a­mente resi­dem na Casa Bom Samar­i­tano, em Brasília, um cen­tro de acol­hi­da em área da Con­fer­ên­cia Nacional dos Bis­pos do Brasil (CNBB) lig­a­da à Igre­ja Católi­ca, que entre 2019 e 2023 abrigou 592 venezue­lanos.

O tem­po do casal no cen­tro de acol­hi­da é breve. Con­forme a dinâmi­ca dos gestores do espaço – a AVSI Brasil e o Insti­tu­to Migrações e Dire­itos Humanos (IMDH)/Fundação Scal­abrini­ana -, eles têm três meses de hospedagem garan­ti­dos, enquan­to And­her­son não con­segue colo­cação no mer­ca­do de tra­bal­ho.

O venezue­lano, que era advo­ga­do em seu país e chegou a gan­har mais de US$ 1.500 por mês, quer tra­bal­har no Brasil como mas­soter­apeu­ta. Profis­sion­al lib­er­al, ele viu sua ren­da vari­ar neg­a­ti­va­mente nos últi­mos anos, inclu­sive com o fechamen­to de empre­sas a que presta­va serviço. “Na Venezuela, com toda a situ­ação que sabe­mos, as remu­ner­ações estão muito desval­orizadas”, assi­nala.

A mas­soter­apia é uma alter­na­ti­va ime­di­a­ta de tra­bal­ho. And­her­son é cego e a pos­si­bil­i­dade de atu­ar como advo­ga­do no Brasil depende de even­tu­al reval­i­dação do diplo­ma. Ape­sar das difi­cul­dades, ele son­ha: “vou me esta­b­ele­cer primeiro para depois traz­er a min­ha mãe.”

Edição: Sab­ri­na Craide

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