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Vida selvagem diminui 73% em 50 anos, diz relatório da WWF

Organização diz que América Latina e Caribe tiveram maiores quedas

Car­la Quiri­no — Repórter da RTP
Pub­li­ca­do em 10/10/2024 — 12:45
Lis­boa
comportamento de botos na Amazônia
Repro­dução: © Divul­gação Fun­dação Grupo Boticário

Relatório da orga­ni­za­ção não gov­er­na­men­tal (ONG) World Wide Fund for Nature (WWF), divul­ga­do nes­ta quin­ta-feira (10), aler­ta para o “declínio cat­a­stró­fi­co” de 73%, nos últi­mos 50 anos, do taman­ho médio das pop­u­lações de vida sel­vagem. Só a Améri­ca Lati­na e Caribe viram cair 95% dessas pop­u­lações. A orga­ni­za­ção de preser­vação da natureza adverte que os próx­i­mos cin­co anos vão deter­mi­nar o futuro da vida na Ter­ra.

Des­de ele­fantes em flo­restas trop­i­cais a tar­taru­gas-de-pente na Grande Bar­reira de Corais, as pop­u­lações estão dimin­uin­do de for­ma “cat­a­stró­fi­ca”, afir­ma a ONG, que des­de 1961 tra­bal­ha na área de preser­vação da natureza e redução do impacto humano no meio ambi­ente.

Os maiores declínios nas pop­u­lações de vida sel­vagem foram reg­istra­dos na Améri­ca Lati­na e no Caribe, de 95%. A África tem menos 76% e a Ásia-Pací­fi­co, menos 60%.

O relatório Plan­e­ta Vivo, da WWF, deixa claro que, à medi­da que a Ter­ra se aprox­i­ma de pon­tos perigosos de inflexão de ameaça à humanidade, maior esforço cole­ti­vo será necessário para enfrentar as crises climáti­cas e nat­u­rais. Porém, a margem é cur­ta para invert­er a tendên­cia. A análise afir­ma que o futuro da vida na Ter­ra depende do que acon­te­cer nos próx­i­mos cin­co anos.

O Índice Plan­e­ta Vivo (LPI), forneci­do pela Sociedade Zoológ­i­ca de Lon­dres, inclui quase 35 mil tendên­cias pop­u­la­cionais de 5.495 espé­cies — aves, mamífer­os, anfíbios, répteis e peix­es — reg­istradas entre 1970 e 2020. O declínio maior ocorre nos ecos­sis­temas de água doce que apre­sen­tam redução de 85%, segui­do pelos ter­restres, que decresce­r­am 69%. A vida mar­in­ha caiu 56%.

A per­da e a degradação de habi­tats têm sido impul­sion­adas prin­ci­pal­mente pelo sis­tema ali­men­tar humano e é a ameaça à vida sel­vagem mais relata­da, indi­ca o relatório. A explo­ração desen­f­rea­da de recur­sos nat­u­rais, as espé­cies inva­so­ras, a poluição e as doenças estão tam­bém iden­ti­fi­cadas como causa do declínio.

Mike Bar­rett, prin­ci­pal autor e con­sul­tor cien­tí­fi­co do WWF, disse que, dev­i­do à ação humana, “par­tic­u­lar­mente a maneira como pro­duz­i­mos e con­sum­i­mos nos­sos ali­men­tos, esta­mos cada vez mais per­den­do o habi­tat nat­ur­al”.

“O declínio nas pop­u­lações de vida sel­vagem pode atu­ar como indi­cador de aler­ta pre­coce do aumen­to do risco de extinção e da per­da poten­cial de ecos­sis­temas saudáveis”, expli­ca o doc­u­men­to.

Para Kirsten Schui­jt, dire­to­ra-ger­al da WWF Inter­na­cional, “a natureza emite um pedi­do de socor­ro. As crises interli­gadas de per­da da natureza e mudanças climáti­cas estão a empurrar a vida sel­vagem e os ecos­sis­temas para além dos seus lim­ites”.

Quan­do os ecos­sis­temas são prej­u­di­ca­dos, deix­am de fornecer à comu­nidade humana os bene­fí­cios dos quais todos depen­dem — ar limpo, água e solos saudáveis para ali­men­tação. E por estarem dan­i­fi­ca­dos, ess­es ecos­sis­temas se tornarão mais vul­neráveis a momen­tos de mudança.

Essas alter­ações podem ser con­sid­er­a­dos pon­tos de inflexão e ocor­rem quan­do um ecos­sis­tema é empurra­do além de um lim­ite críti­co, resul­tan­do em mudanças sub­stan­ci­ais e poten­cial­mente irre­ver­síveis.

A per­da de espaços sel­vagens está “pon­do muitos ecos­sis­temas à beira do abis­mo”, reit­era a dire­to­ra da WWF no Reino Unido, Tanya Steele, desta­can­do que muitos habi­tats, da Amazó­nia aos recifes de corais, estão “à beira de pon­tos de inflexão muito perigosos”.

O poten­cial “colap­so” da flo­res­ta amazóni­ca, está em cur­so porque deixará de ter capaci­dade de reter o car­bono que aque­ce o plan­e­ta e mit­i­gar os impactos das alter­ações climáti­cas.

Em um dos exem­p­los do relatório, é apon­ta­do decrésci­mo de 60% dos botos cor-de-rosa ou golfin­hos de rios da Amazô­nia dev­i­do à poluição e a out­ras ameaças, como a min­er­ação.

Por sua vez, na Aus­trália, as tar­taru­gas-de-pente estão em declínio, dev­i­do ao fato de as fêmeas nid­i­f­i­cantes, no nordeste de Queens­land, terem dimin­uí­do 57% em 28 anos.

O bal­anço da WWF é apre­sen­ta­do quan­do os incên­dios na Amazô­nia atin­gi­ram, em setem­bro, o nív­el mais alto em 14 anos. Além dis­so, pela quar­ta vez, um even­to glob­al de bran­quea­men­to em mas­sa de corais foi con­fir­ma­do no iní­cio deste ano.

Caça ilegal na África

O relatório apon­ta fortes evidên­cias de que a caça ile­gal para ali­men­tar o comér­cio de marfim, no Gabão e em Camarões, colo­ca em peri­go críti­co a pop­u­lação de ele­fantes da flo­res­ta do Par­que nacional em Minkébé. O declínio drás­ti­co já atingiu as famílias de ele­fantes da flo­res­ta, aniqui­lan­do metade da espé­cie.

Na Antár­ti­da, “o declínio nas colô­nias de pin­guins-bar­bi­cha pode estar lig­a­do ao dege­lo das calotas polares e à escassez de krill (pequenos crustáceos), razões que, por sua vez, resul­tam das alter­ações climáti­cas e do aumen­to da pesca desse mes­mo krill”, diz o doc­u­men­to.

As condições mais quentes, asso­ci­adas a níveis mais baixos de cober­tu­ra de gelo mar­in­ho, resul­tam em menos krill, sendo ess­es crustáceos (semel­hantes aos camarões) a prin­ci­pal fonte de ali­men­to dos pin­guins. Essas comu­nidades acabam por gas­tar mais tem­po à procu­ra de comi­da, “o que pode aumen­tar o risco de fal­ha repro­du­ti­va”.

Mike Bar­rett lem­bra que não se deve ficar triste ape­nas pela per­da da natureza. E avisa: “Este­jam cientes de que esta é ago­ra uma ameaça fun­da­men­tal à humanidade e real­mente pre­cisamos faz­er algu­ma coisa e tem de ser já”.

“Não é exagero diz­er que o que acon­te­cer nos próx­i­mos cin­co anos vai deter­mi­nar o futuro da vida na Ter­ra”, aler­ta a WWF.

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