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Vieira critica impasse do Conselho de Segurança: “falhamos”

Repro­dução: © Ita­ma­raty Brasil / X

Chanceler brasileiro questionou interesses paralelos de países-membros


Pub­li­ca­do em 30/10/2023 — 20:52 Por Agên­cia Brasil — Brasília

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Rep­re­sen­tante do Brasil no Con­sel­ho de Segu­rança das Nações Unidas, o min­istro das Relações Exte­ri­ores, Mau­ro Vieira, fez duras críti­cas à demo­ra do cole­gia­do em aprovar uma res­olução sobre o con­fli­to entre Israel e o grupo islâmi­co Hamas, que con­tro­la a Faixa de Gaza, no Ori­ente Médio. Em reunião ocor­ri­da na tarde des­ta segun­da-feira (30), Vieira criti­cou a pos­tu­ra de alguns país­es que, segun­do ele, usam o Con­sel­ho para atin­gir obje­tivos pes­soais, e não o de pro­te­ger os civis do Ori­ente Médio.

“Des­de o dia 7 de out­ubro, nos reuni­mos várias vezes e vota­mos qua­tro pro­postas de res­olução. No entan­to, con­tin­u­amos com um impasse, dev­i­do a um desen­tendi­men­to inter­no, par­tic­u­lar­mente entre mem­bros per­ma­nentes e graças ao per­sis­tente uso do con­sel­ho para atin­gir seus próprios propósi­tos em vez de colo­car a pro­teção de civis aci­ma de tudo”, disse. “Todos estão ven­do nos­sa inca­paci­dade de nos unir e respon­der a uma crise que nos desafia”, acres­cen­tou.

O Brasil pre­sid­iu o con­sel­ho neste mês de out­ubro e ten­tou cos­tu­rar a aprovação de uma res­olução por vários dias, ouvin­do diver­sos país­es. Mas, no dia 18, ao sub­me­ter o tex­to à votação, ele acabou veta­do pelos Esta­dos Unidos, um dos país­es-mem­bros.

O Con­sel­ho de Segu­rança da ONU tem cin­co mem­bros per­ma­nentes: Chi­na, França, Rús­sia, Reino Unido e os Esta­dos Unidos. Os demais com­põem o con­sel­ho rota­ti­vo. Para que uma res­olução seja aprova­da, é pre­ciso o apoio de nove do total de 15 mem­bros, sendo que nen­hum dos mem­bros per­ma­nentes pode vetar o tex­to. Além da pro­pos­ta apre­sen­ta­da pelo Brasil, os Esta­dos Unidos apre­sen­taram sua ver­são de res­olução, veta­da pela Rús­sia. Os rus­sos, por sua vez, tiver­am suas duas pro­postas vetadas pelos Esta­dos Unidos e pelo Reino Unido.

As várias ten­ta­ti­vas infrutíferas de apre­sen­tar um posi­ciona­men­to comum der­am com­bustív­el às críti­cas de Vieira. Ele pre­sidia a reunião, mas antes de ler seu dis­cur­so “seguin­do as ori­en­tações do pres­i­dente Lula”, pediu licença aos cole­gas e falou como chancel­er brasileiro.

“Des­de a últi­ma vez que eu falei a este Con­sel­ho, na sem­ana pas­sa­da, a con­tagem de mortes de cri­anças aumen­tou em mil. Enquan­to isso, o Con­sel­ho de Segu­rança real­iza reuniões e ouve dis­cur­sos, sem ser capaz de tomar uma decisão fun­da­men­tal: acabar com o sofri­men­to humano”, disse. Segun­do ele, o con­sel­ho tem fal­ha­do reunião após reunião em colo­car as vidas dos civis como pri­or­i­dade.

“Enquan­to mil­hares de israe­lens­es e palesti­nos choram seus entes queri­dos, enquan­to israe­lens­es agon­i­zam diante do des­ti­no dos reféns, enquan­to Gaza sofre diante da implacáv­el oper­ação mil­i­tar que está matan­do civis, incluin­do um intol­eráv­el número de cri­anças, nós temos meios de faz­er algo e ain­da, repeti­da­mente, fal­hamos”.

Em dis­cur­so dire­to e com tom críti­co, Vieira tam­bém pediu pelo fim das hos­til­i­dades e pelo aces­so de atendi­men­to médi­co às víti­mas civis na Faixa de Gaza. Ele desta­cou que, em três sem­anas de con­fli­to, já são con­tabi­liza­dos 8 mil mor­tos, sendo 3 mil cri­anças. Em cer­to pon­to de seu dis­cur­so, o chancel­er citou o Hamas como o respon­sáv­el por rea­cen­der a crise na região com “ações ter­ror­is­tas”.

Ele acres­cen­tou que ain­da pode haver tem­po para o Con­sel­ho de Segu­rança se posi­cionar do lado dos civis e con­tra as hos­til­i­dades na região. “Se não ago­ra, quan­do? Quan­tas vidas mais serão per­di­das até nós final­mente nos sair­mos da retóri­ca para a ação?”, final­i­zou.

Divergências

O con­sel­ho tem teste­munhado nas últi­mas sem­anas uma dis­pu­ta entre Esta­dos Unidos e Rús­sia por um pro­tag­o­nis­mo no dis­cur­so. Enquan­to os norte-amer­i­canos, apoia­dos pelo Reino Unido, exigem uma res­olução que garan­ta a Israel, ali­a­do de ambos, o dire­ito de respon­der aos ataques sofri­dos, a Rús­sia propõe um ces­sar-fogo, mas não cita o Hamas.

Os rus­sos tam­pouco con­de­nam o grupo islâmi­co pelas ações que der­am iní­cio ao mais recente capí­tu­lo no con­fli­to históri­co pela região.

Como ambos têm poder de veto, sem­pre há o posi­ciona­men­to de um con­tra a res­olução apoia­da pelo out­ro. Na res­olução apre­sen­ta­da pelo Brasil, e que teve uma maior expec­ta­ti­va de aprovação, a Rús­sia ape­nas se absteve. Nesse caso, coube aos Esta­dos Unidos a der­ruba­da do tex­to.

Edição: Sab­ri­na Craide

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