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Volta às aulas: especialistas reforçam importância da vacinação

Recomendação é conferir se carteira de vacinação está em dia

Tama­ra Freire — Repórter do Radio­jor­nal­is­mo
Pub­li­ca­do em 05/02/2025 — 09:02
Rio de Janeiro
Vacinação infantil contra a covid-19 de crianças de 10 anos ou mais, no Planetário, no bairro da Gávea, zona sul da cidade.
Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

No retorno dos estu­dantes às salas de aula é impor­tante que os respon­sáveis con­fi­ram se a carteira de vaci­nação está em dia. “Toda vez que você tiv­er um grupo grande de cri­anças ou de ado­les­centes con­viven­do, tem um aumen­to de risco de trans­mis­são de doenças. Então, é por isso que vaci­nar sig­nifi­ca se pro­te­ger daque­la doença e tam­bém pro­te­ger a cole­tivi­dade”, expli­ca a dire­to­ra da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções (SBIm), Isabel­la Bal­al­lai.

Atual­mente, o Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) ofer­ece 16 vaci­nas para cri­anças e ado­les­centes que pro­tegem con­tra mais de 20 doenças, além das vaci­nas con­tra dengue, que é apli­ca­da em regiões do país com maior risco de con­tá­gio, con­tra a influen­za, que tem cam­pan­ha anu­al, e de alguns imu­nizantes espe­ci­ais para públi­cos especí­fi­cos. Algu­mas delas têm esque­ma de duas ou três dos­es, out­ras exigem dose de reforço algum tem­po depois do esque­ma ini­cial para que a pro­teção per­maneça alta. Ou seja: a pro­teção efe­ti­va depende de muitas idas ao pos­to de saúde e não ape­nas para os bebês.

Para a imu­nol­o­gista e ger­ente médi­ca de vaci­nas da far­ma­cêu­ti­ca GSK,  Ana Med­i­na, isso mostra como o cal­endário vaci­nal do Brasil é robus­to, mas pode con­fundir os respon­sáveis. Por isso, momen­tos de preparação para novos cic­los, como a vol­ta às aulas, são uma boa opor­tu­nidade de con­ferir a carteira de vaci­nação.

“A gente fica num perío­do de férias, naque­le ambi­ente mais famil­iar, com pos­si­bil­i­dade menor de con­tá­gio e depois pas­sa para aque­le ambi­ente esco­lar que, por mais seguro que seja, tem aglom­er­ação, muitas vezes é uma sala fecha­da, com ar condi­ciona­do e tudo isso favorece trans­mis­são de doenças infec­ciosas de uma for­ma ger­al. E a gente tem ain­da o com­par­til­hamen­to de obje­tos: a cri­ança peque­na pega o brin­que­do, colo­ca na boca, out­ra cri­ança pega e colo­ca na boca tam­bém, um ado­les­cente empres­ta um batom, um copo. E eles voltam com aque­la saudade né? Então querem abraçar, bei­jar”, aler­ta a espe­cial­ista.

A dire­to­ra da SBIm, Isabel­la Bal­lalai, desta­ca algu­mas doenças infe­ciosas que podem ter des­fe­chos graves em cri­anças, mas são pre­veníveis por vaci­nas: “30% dos infec­ta­dos por menin­gite pneu­mocó­ci­ca mor­rem e 20% dos que tem menin­gite meningocó­ci­ca mor­rem. E dos que sobre­vivem, um em cada cin­co vai ter sequela grave como amputação dos mem­bros, entre out­ras, para o resto da vida”. Essas doenças são cau­sadas por bac­térias do tipo pneu­mo­co­co e meningo­co­co, mas o SUS ofer­ece as vaci­nas Pneu­mo-10, Meningo C e Meningo ACWY que pro­tegem con­tra os soroti­pos mais preva­lentes.

Ela tam­bém cita a coqueluche, infecção res­pi­ratória cau­sa­da por bac­téria, que atinge prin­ci­pal­mente os bebês e têm cau­sa­do sur­tos em diver­sos locais. Em 2024, o Brasil reg­istrou mais de 6.700 casos da doença, 31 vezes mais do que em 2023, e 28 mortes. A vaci­na Pen­ta, apli­ca­da nas cri­anças, pro­tege con­tra a coqueluche e tam­bém con­tra dif­te­ria, tétano, hepatite B e infecções por Haemophilus influen­zae B, mas é essen­cial que as mul­heres grávi­das rece­bam o imu­nizante dTpa em todas as ges­tações, para que o bebê já nasça com anti­cor­pos.

Isabela lem­bra a covid-19: “A pan­demia está numa situ­ação muitís­si­mo mel­hor, mas a gente ain­da tem muitos casos e muitas mortes. E o segun­do grupo que mais morre de covid-19 no Brasil é de cri­anças menores de 1 ano que não estão vaci­nadas”. Des­de o ano pas­sa­do, a vaci­na con­tra a covid-19 faz parte do cal­endário bási­co do SUS e todas as cri­anças de 6 meses a menos de 5 anos devem rece­ber duas ou três dos­es, depen­den­do do imu­nizante. Mas, de acor­do com o painel de cober­tu­ra vaci­nal do Min­istério da Saúde, só 32,4% do públi­co-alvo de até 4 anos tomaram pelo menos duas dos­es.

A dire­to­ra da SBIm tam­bém ressalta que a vaci­nação de cri­anças e ado­les­centes aju­da a pre­venir o adoec­i­men­to da pop­u­lação em ger­al, porque eles são grandes vetores de agentes infec­ciosos:  “A lit­er­atu­ra mostra que a primeira onda de casos de influen­za na sazon­al­i­dade ocorre entre as cri­anças. Então, no ambi­ente cole­ti­vo como a esco­la, os sur­tos são mais do que comuns: essas cri­anças se infec­tam, adoe­cem e trans­mitem a influen­za”. É tam­bém por essa razão que as cri­anças de seis meses até menores de 6 anos devem ser imu­nizadas nas cam­pan­has anu­ais. Cri­anças e ado­les­cente tam­bém são os maiores trans­mis­sores de pneu­mo­co­cos e meningo­co­cos.

Para que essa cadeia de trans­mis­são seja inter­romp­i­da, ela recomen­da que estu­dantes com sin­tomas como febre, tosse e coriza fiquem em casa enquan­to estiverem doentes e pelo menos mais 24 horas, depois que os sin­tomas ces­sarem. Out­ra medi­da essen­cial é a vaci­nação dos profis­sion­ais das esco­las, para que eles não se con­t­a­minem e não trans­mi­tam doenças aos alunos.

A imu­nol­o­gista Ana Med­i­na com­ple­men­ta que as esco­las pre­cisam ser ali­adas da vaci­nação, pro­moven­do edu­cação em saúde, mas ressalta: “Tem que bus­car fontes cor­re­tas de infor­mação. A gente tem o site do Min­istério da Saúde, com uma série de infor­mações ade­quadas sobre atu­al­iza­ção de carteira de vaci­nação, tem o site da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções, que inclu­sive tem uma parte volta­da para o públi­co lei­go falan­do sobre as difer­entes doenças. Edu­cação com fontes con­fiáveis: esse é o primeiro pon­to.”

Ela tam­bém reforça que os respon­sáveis não devem ter medo de vaci­nar seus fil­hos, porque todos os imu­nizantes autor­iza­dos para uso na rede públi­ca ou pri­va­da pas­sam por rig­orosos testes de segu­rança: “E os estu­dos de segu­rança nun­ca param. Depois que a vaci­na é lança­da no mer­ca­do, a gente tem o que chama de estu­do de fase 4, que são os estu­dos de far­ma­covig­ilân­cia. Essa segu­rança é acom­pan­ha­da ao lon­go da uti­liza­ção da vaci­na. E quan­do você olha todos os estu­dos, as prin­ci­pais reações adver­sas geral­mente são locais, aque­la dor no local da apli­cação, um inchaço, um aver­mel­hamen­to. Isso é esper­a­do de boa parte das vaci­nas, mas são reações aceitáveis, espe­cial­mente quan­do a gente com­para com a gravi­dade das doenças que elas previnem.”

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