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Volta às aulas presenciais exige motivação dos estudantes

Students attend a class at Aplicacao Carioca Coelho Neto municipal school as some schools continue with the gradual reopening, amid the coronavirus disease (COVID-19) outbreak, in Rio de Janeiro, Brazil November 24, 2020. REUTERS/Pilar Olivares
© Reuters/Pilar Olivares/Direitos Reser­va­dos (Repro­du­ção)

Pedagoga aconselha pais na retomada dos estudos


Publi­ca­do em 16/02/2021 — 11:08 Por Lud­mil­la Sou­za — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — São Pau­lo

Após qua­se um ano de por­tas fecha­das por con­ta da pan­de­mia do novo coro­na­ví­rus, o mês de feve­rei­ro mar­ca a rea­ber­tu­ra de esco­las na mai­o­ria dos esta­dos. No entan­to, o retor­no das aulas tem sido cer­ca­do de pro­to­co­los de segu­ran­ça e higi­e­ne. Algu­mas esco­las come­ça­ram ape­nas com o ensi­no remo­to e, gra­da­ti­va­men­te, irão retor­nar as ati­vi­da­des na esco­la. Outras come­ça­ram de for­ma híbri­da de aulas: par­te vir­tu­al, par­te pre­sen­ci­al.

Nes­te momen­to, além dos cui­da­dos com o dis­tan­ci­a­men­to soci­al, higi­e­ne cons­tan­te das mãos e uso de más­ca­ra para mini­mi­zar o ris­co de trans­mis­são do novo coro­na­ví­rus, é pre­ci­so tam­bém ter um cui­da­do espe­ci­al com a par­te emo­ci­o­nal de cada estu­dan­te, já que mui­tos vol­tam des­mo­ti­va­dos e com per­das de apren­di­za­do.

Segun­do dados do Fun­do das Nações Uni­das para a Infân­cia (Uni­cef), cer­ca de 44 milhões de cri­an­ças e ado­les­cen­tes pas­sa­ram da sala de aula para o ambi­en­te onli­ne devi­do à pan­de­mia em 2020 no Bra­sil. Des­tes, 5,5 milhões não con­se­gui­ram con­ti­nu­ar o apren­di­za­do em casa, aban­do­nan­do os estu­dos.

A peda­go­ga Bru­na Duar­te Vito­ri­no diz acre­di­tar que 2021 será impor­tan­te para recu­pe­rar con­teú­dos. “Ain­da esta­mos em um momen­to de incer­te­zas, por isso, mui­tos alu­nos ain­da estu­da­rão de manei­ra remo­ta e pre­ci­sam se esfor­çar um pou­co mais para man­ter o rit­mo de estu­dos a dis­tân­cia. Este tam­bém será um ano fun­da­men­tal para a recu­pe­ra­ção de con­teú­dos que não foram con­so­li­da­dos em 2020. É impor­tan­te iden­ti­fi­car a situ­a­ção da apren­di­za­gem de cada cri­an­ça e ofe­re­cer recur­sos para que ela con­si­ga recu­pe­rar os con­teú­dos per­di­dos.”

Os pais têm papel fun­da­men­tal nes­te atí­pi­co retor­no às aulas. Se antes a adap­ta­ção esco­lar já exi­gia aten­ção espe­ci­al, ago­ra há diver­sos pon­tos a mais a se con­si­de­rar. Quan­do o estu­dan­te não quer vol­tar às aulas pre­sen­ci­ais, os pais e a esco­la devem for­mar uma rede de apoio sem­pre se comu­ni­can­do para obser­var o com­por­ta­men­to da cri­an­ça em casa e no retor­no à esco­la.

“A cri­an­ça quan­do bem ampa­ra­da sen­te-se segu­ra e con­se­quen­te­men­te gos­ta mais do ambi­en­te esco­lar. Os pais devem con­ver­sar com as cri­an­ças, escu­tar quais são seus recei­os e con­ver­sar mos­tran­do os pon­tos posi­ti­vos de vol­tar à esco­la”, suge­re a peda­go­ga, que é coor­de­na­do­ra do Kumon, méto­do que visa desen­vol­ver o auto­di­da­tis­mo nos alu­nos .

Já nas famí­li­as que opta­ram por não levar os estu­dan­tes para a esco­la, o escla­re­ci­men­to é fun­da­men­tal para que eles com­pre­en­dam a deci­são dos pais. “O diá­lo­go sem­pre é a base para que a cri­an­ça com­pre­en­da os dire­ci­o­na­men­tos dos pais. É fun­da­men­tal expli­car quais são os moti­vos que leva­ram a famí­lia a optar por não levar a cri­an­ça à esco­la e não ape­nas impor, pois o auto­ri­ta­ris­mo não pro­mo­ve que a cri­an­ça desen­vol­va a capa­ci­da­de de refle­tir e fazer jul­ga­men­tos, habi­li­da­des que serão exi­gi­das delas futu­ra­men­te”, com­ple­ta Bru­na.

Para quem está no ensi­no híbri­do, os pais devem obser­var se o estu­dan­te man­tém o foco nas aulas onli­ne, além de incen­ti­var as con­quis­tas. “O retor­no para alguns dias pre­sen­ci­ais já será de gran­de moti­va­ção para as cri­an­ças, pois pode­rão soci­a­li­zar, sair de casa e ter con­ta­to com os pro­fes­so­res. Para man­ter a moti­va­ção em casa, os pais devem con­ti­nu­ar pres­tan­do supor­te, obser­van­do se estão aten­tos às aulas, elo­gi­an­do a cada apren­di­za­do novo e con­ver­san­do para conhe­cer os sen­ti­men­tos da cri­an­ça”.

Seja a for­ma esco­lhi­da para a vol­ta às aulas, o pri­mei­ro pas­so é os pais terem a segu­ran­ça de envi­ar os filhos à esco­la, acon­se­lha a peda­go­ga. “A pos­tu­ra de con­fi­an­ça dos pais aju­da mui­to para que as cri­an­ças sin­tam o entu­si­as­mo para vol­tar. Se os pais não estão con­vic­tos, o melhor é não envi­ar, pois a cri­an­ça per­ce­be­rá e se sen­ti­rá inse­gu­ra. Para aque­les que envi­a­rão as cri­an­ças para as aulas é impor­tan­te moti­var e con­ver­sar com a cri­an­ça mos­tran­do todos os pon­tos posi­ti­vos de ir à esco­la. Mes­mo que a cri­an­ça seja peque­na, é impor­tan­te con­ver­sar e escu­tar quais são as expec­ta­ti­vas que a cri­an­ça tem com o retor­no.”

Controvérsia entre os pais

Entre os pais, a aber­tu­ra das esco­las tem sido um assun­to con­tro­ver­so. Há uma par­ce­la de pais ain­da teme­ro­sa com a con­ta­mi­na­ção pela covid-19, enquan­to outro gru­po é a favor do retor­no às aulas pre­sen­ci­ais. É o caso dos pais da Isa­be­la, a coor­de­na­do­ra de comu­ni­ca­ção Maria Ceci­lia Flo­ri­a­no Sti­ipp Korek e o con­sul­tor de pla­ne­ja­men­to finan­cei­ro Ale­xan­dre Korek.

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A Isa­be­la estu­da em uma esco­la e está no 4º ano do ensi­no fun­da­men­tal. — Acer­vo pes­so­al (Repro­du­ção)

“Acre­di­to que não somen­te a minha filha, mas mui­tas cri­an­ças esta­vam ansi­o­sas para o retor­no das aulas pre­sen­ci­ais. Cla­ro que as esco­las pre­ci­sam estar pre­pa­ra­das, segu­ras e seguin­do todas as regu­la­men­ta­ções. Visi­tei a esco­la da minha filha para veri­fi­car se esta­va tudo ok, assim pode­ria ficar mais tran­qui­la em rela­ção a este retor­no pre­sen­ci­al, e está sen­do bem tran­qui­lo. Ela ficou bem feliz em reen­con­trar os ami­gos e pro­fes­so­res. Acho mui­to impor­tan­te esta soci­a­li­za­ção, neces­sá­ria para o desen­vol­vi­men­to da cri­an­ça”, afir­ma Maria Cecí­lia.

A Isa­be­la está no 4º ano do ensi­no fun­da­men­tal. A mãe dela enten­de que fica­ram falhas no apren­di­za­do com a sus­pen­são das aulas pre­sen­ci­ais, mas a expec­ta­ti­va é que com o tem­po isso será nor­ma­li­za­do.

“Em rela­ção aos estu­dos, sei que nes­te iní­cio ain­da vai ser mais len­to, por­que estão revi­san­do os con­teú­dos do ano pas­sa­do, que pode ter dei­xa­do lacu­nas no apren­di­za­do, mas acre­di­to que tudo se regu­la­ri­za aos pou­cos, então as expec­ta­ti­vas pre­ci­sam estar de acor­do com este momen­to, foi pre­ci­so nos adap­tar e nos adap­ta­mos”.

Segun­do a peda­go­ga, este perío­do de iso­la­men­to soci­al trou­xe mui­to apren­di­za­do para as famí­li­as. “Nes­te momen­to, mui­tas cri­an­ças pude­ram obser­var de per­to a roti­na de tra­ba­lho dos pais e isso será um gran­de apren­di­za­do. Os exem­plos que as cri­an­ças estão obser­van­do em casa serão repro­du­zi­dos por elas. Se a famí­lia não tem uma roti­na orga­ni­za­da, difi­cil­men­te esta cri­an­ça terá, assim como se os pais não têm o hábi­to da lei­tu­ra, será mais difí­cil fazer a cri­an­ça ler. Por isso, é mui­to impor­tan­te que os pais con­ti­nu­em ofe­re­cen­do supor­te aos filhos não somen­te com cobran­ças, mas tam­bém com ati­tu­des e cari­nho”, fina­li­za.

Edi­ção: Ali­ne Leal

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