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Heleno se distanciou de Bolsonaro e não sabia de golpe, diz advogado

Primeira turma do STF dá continuidade ao julgamento da trama golpista

Felipe Pontes – repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 03/09/2025 — 10:55
Brasília
O presidente da República Jair Bolsonaro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, durante cerimônia de assinatura do decreto que dispõe sobre o Conselho Nacional da Amazônia Legal
Repro­dução: © Val­ter Campanato/Agência Brasil

A defe­sa do gen­er­al Augus­to Heleno, ex-min­istro-chefe do Gabi­nete de Segu­rança Insti­tu­cional (GSI), procurou demon­strar, nes­ta quar­ta-feira (3), que seu cliente teria se dis­tan­ci­a­do do ex-pres­i­dente Jair Bol­sonaro, afir­man­do que, ao fim do manda­to pres­i­den­cial, o gen­er­al mal se reu­nia com o man­datário. Por esse moti­vo, nun­ca con­ver­sou com Bol­sonaro sobre qual­quer ten­ta­ti­va de golpe. 

“Quan­do o pres­i­dente Bol­sonaro se aprox­i­ma dos par­tidos do Cen­trão e tem sua fil­i­ação ao PL, ini­cia-se sim um afas­ta­men­to da cúpu­la do poder”, disse o advo­ga­do Matheus Milanez, que rep­re­sen­ta Heleno, em sus­ten­tação oral durante o jul­ga­men­to do caso.

Nes­ta quar­ta, a Primeira Tur­ma do Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF) dá con­tinuidade ao jul­ga­men­to que pode con­denar o ex-pres­i­dente Jair Bol­sonaro e mais sete ali­a­dos por uma tra­ma golpista com o inten­to de revert­er o resul­ta­do das eleições de 2022.

Acompanhe

O advo­ga­do de defe­sa desta­cou teste­munhos de servi­dores do GSI, segun­do os quais “hou­ve uma clara redução da influên­cia do gen­er­al”. Dessa maneira, Milanez afir­mou que Heleno nun­ca con­ver­sou com ninguém a respeito de even­tu­al golpe de Esta­do. 

Como pro­va desse dis­tan­ci­a­men­to, a defe­sa trouxe uma ano­tação da agen­da par­tic­u­lar do gen­er­al, na qual ele escreve que o ex-pres­i­dente dev­e­ria tomar a vaci­na con­tra a covid-19, ato que Bol­sonaro se negou a faz­er durante a pan­demia.

O advo­ga­do reba­teu ain­da as provas apre­sen­tadas pela Procu­rado­ria-Ger­al da Repúbli­ca sobre a par­tic­i­pação de Heleno na tra­ma golpista.

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Matheus Milanez cita, por exem­p­lo, uma fala do gen­er­al em que ele diz ser “necessário faz­er algu­ma coisa antes das eleições”, durante reunião min­is­te­r­i­al com Bol­sonaro. Segun­do a defe­sa, a frase teria, na ver­dade, cono­tação legal­ista e não golpista.

“O que o gen­er­al Heleno está trazen­do aqui são falas até cer­to pon­to repub­li­canas: após as eleições não tem dis­cussão, quem gan­ha a maio­r­ia dos votos leva”, obser­vou o advo­ga­do.

Segun­do o defen­sor, o que o mil­i­tar quis diz­er foi que “não existe ten­tar faz­er algu­ma coisa depois do resul­ta­do das urnas”.

O advo­ga­do desta­cou que não foi anex­a­do aos autos do proces­so nen­hum diál­o­go sequer de Heleno com algum out­ro inter­locu­tor da tra­ma sobre o plane­ja­men­to ou exe­cução do golpe. A maior pro­va do envolvi­men­to de Heleno seria uma agen­da par­tic­u­lar, cujas ano­tações não eram com­par­til­hadas com ninguém.

“Nós troux­e­mos provas de que ninguém sabia sequer que essa agen­da exis­tia. Nós provar­mos que a agen­da foi manip­u­la­da, com curiosos esquec­i­men­to de pági­nas e com manip­u­lação de pági­nas e con­struções de lin­has de raciocínio que não exis­tem.”

De acor­do com Milanez, a Polí­cia Fed­er­al teria induzi­do a acusação ao erro.

Julgamento

O jul­ga­men­to da Primeira Tur­ma entrou no segun­do dia, nes­ta quar­ta-feira, com a sequên­cia das defe­sas de qua­tro réus, dos sete que com­põem o núcleo cru­cial da denún­cia apre­sen­ta­da pela Procu­rado­ria-Ger­al da Repúbli­ca (PGR).

Ontem foram ouvi­das as defe­sas de out­ros três ali­a­dos do ex-pres­i­dente: o ex-aju­dante de ordens de Bol­sonaro, Mau­ro Cid; o ex-dire­tor da Agên­cia Brasileira de Inteligên­cia (Abin) Alexan­dre Ram­agem; o almi­rante Almir Gar­nier; e o ex-min­istro da Justiça Ander­son Tor­res.

Nes­ta retoma­da são ouvi­das as sus­ten­tações dos advo­ga­dos de Bol­sonaro; do ex-min­istro do Gabi­nete de Segu­rança Insti­tu­cional (GSI), Augus­to Heleno; ex-min­istro da Defe­sa, Paulo Sér­gio Nogueira e do gen­er­al Bra­ga Net­to, ex-min­istro de Bol­sonaro e can­dida­to à vice na cha­pa de 2022.

Foram des­ti­nadas oito sessões para análise do caso, mar­cadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setem­bro, quan­do dev­erá ser con­heci­da a sen­tença com a con­de­nação ou absolvição dois oito réus que são jul­ga­dos.

O jul­ga­men­to é real­iza­do na sala de audiên­cias da Primeira Tur­ma, em um anexo do Supre­mo, e trans­mi­ti­do ao vivo por TV e Rádio Justiça e pelo canal ofi­cial do STF no YouTube.

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