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Cura de câncer de próstata pode chegar a até 98%

Estimativa é de especialista da Sociedade Brasileira de Urologia

Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 27/10/2025 — 08:44
Rio de Janeiro
São Paulo (SP), 27/06/2025.- Ministro da Saúde, Alexandre Padilha lança o Super Centro para Diagnóstico do Câncer, no AC Camargo, hospital referência no tratamento oncológico. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

A esti­ma­ti­va de cura para pacientes com câncer de prós­ta­ta pode chegar a até 98%. A avali­ação é do super­vi­sor de robóti­ca do Depar­ta­men­to de Ter­apia Min­i­ma­mente Inva­si­va da Sociedade Brasileira de Urolo­gia (SBU), Gilber­to Lau­ri­no Almei­da.

Segun­do o médi­co, o resul­ta­do depende do está­gio da doença, do tipo de câncer e do momen­to em que o paciente foi trata­do. “No iní­cio da doença, a chance de cura é alta. Se foi trata­do com a doença em está­gio mais avança­do, a chance é menor”, afir­mou o urol­o­gista.

O Insti­tu­to Nacional de Câncer (Inca) esti­ma para este ano 71.730 novos casos de câncer de prós­ta­ta no Brasil. Depois do câncer não cutâ­neo, este tipo de câncer é o que apre­sen­ta maior fre­quên­cia e impacto na pop­u­lação mas­culi­na. Dados do sis­tema de infor­mações sobre mor­tal­i­dade do Min­istério da Saúde rev­e­lam que, em 2023, ocor­reram 17.093 óbitos em decor­rên­cia da doença, o que sig­nifi­ca 47 mortes por dia.

Campanha

Almei­da desta­cou que os home­ns pre­cisam se cuidar. Este é o mote da Cam­pan­ha Novem­bro Azul 2025, que a insti­tu­ição está prestes a lançar. “Não é só a prós­ta­ta. Tem todo um con­ceito de saúde por trás dis­so tudo. É a saúde do homem que está em jogo; não só a saúde da prós­ta­ta. Para viv­er mais, o homem pre­cisa se cuidar mais”. Ele reforçou que, hoje, as pes­soas vivem mais e mel­hor.

“E se o homem não estiv­er inseri­do nesse con­tex­to, clara­mente ele vai perder anos de vida por algu­mas doenças que são evitáveis, como o câncer de prós­ta­ta. A cura, como falei, chega a até 98% mas, para isso, tem que ser diag­nos­ti­ca­do no está­gio ini­cial”.

A Cam­pan­ha Novem­bro Azul entra para faz­er com que os home­ns se lem­brem dessas infor­mações e pro­curem um médi­co urol­o­gista. Uma das difi­cul­dades apon­tadas pelo espe­cial­ista da SBU é que o homem não tem o hábito de vis­i­tar o médi­co com fre­quên­cia, como ocorre com as mul­heres em relação ao gine­col­o­gista.

Inseri­do na Cam­pan­ha Novem­bro Azul deste ano, a SBU fará um mutirão de atendi­men­tos em Flo­ri­anópo­lis (SC), no próx­i­mo dia 12, den­tro do 40º Con­gres­so Brasileiro de Urolo­gia, que ocor­rerá  no perío­do de 15 a 18 daque­le mês. O mutirão vai aler­tar sobre o câncer de prós­ta­ta e sub­me­ter muitos home­ns à avali­ação sobre esse tipo de doença. Caso alguns ten­ham sus­pei­ta de câncer de prós­ta­ta, serão encam­in­hados para bióp­sia. Caso a bióp­sia con­firme o câncer, os home­ns serão dire­ciona­dos para o mel­hor trata­men­to.

Segun­do o médi­co, entre 85% e 90% dos casos de câncer de prós­ta­ta são esporádi­cos, isto é, não têm origem famil­iar. O que se chama de pre­ven­ti­vo do câncer de prós­ta­ta é o homem con­sul­tar seu urol­o­gista, pelo menos uma vez por ano. “Ele está fazen­do a pre­venção de um diag­nós­ti­co tar­dio para obter cura. É uma doença extrema­mente curáv­el, des­de que seja trata­da no momen­to cer­to, na fase ini­cial. A gente, pegan­do um tumor na fase ini­cial, cura a maio­r­ia deles”.

SUS

Atual­mente, a cirur­gia robóti­ca é a mais ado­ta­da pelos urol­o­gis­tas para a reti­ra­da de tumores da prós­ta­ta. Almei­da cele­brou a decisão do Min­istério da Saúde de incor­po­rar a prosta­te­c­to­mia rad­i­cal assis­ti­da por robô para o trata­men­to de pacientes com câncer de prós­ta­ta clini­ca­mente avança­do no âmbito do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS). De acor­do com a por­taria min­is­te­r­i­al, as áreas téc­ni­cas terão o pra­zo máx­i­mo de 180 dias para efe­ti­var a ofer­ta no SUS.

Almei­da afir­mou, entre­tan­to, que “emb­o­ra todos nós ten­hamos con­sciên­cia de que essa tec­nolo­gia é exce­lente e que deva entrar no SUS para aces­so dos pacientes e bene­fí­cio deles, a gente entende clara­mente que o momen­to foi um pouco no atro­pe­lo para isso acon­te­cer porque não existe robô no SUS para aten­der ess­es pacientes. Ou exis­tem poucos”.

Segun­do expli­cou, tra­ta-se de uma tec­nolo­gia muito cara. “Até os hos­pi­tais poderem com­prar (os equipa­men­tos), insta­lar, treinar as equipes, isso demo­ra muito. Então, hoje existe esse gap (lacu­na) entre o que foi aprova­do e o que, real­mente, vai acon­te­cer e que nós, de fato, não sabe­mos”.

De acor­do com o espe­cial­ista, de modo ger­al, os hos­pi­tais não têm condições finan­ceiras para adquirir uma platafor­ma robóti­ca no momen­to. Ele acred­i­ta que a preparação da rede hos­pi­ta­lar do SUS vai demor­ar a se tornar real­i­dade muito mais tem­po do que os 180 dias esta­b­ele­ci­dos pelo Min­istério da Saúde para efe­ti­vação da ofer­ta aos pacientes pelas áreas téc­ni­cas. “E nem todos vão ter aces­so”, salien­tou.

Inda­ga­do se os pacientes com câncer de prós­ta­ta pode­ri­am faz­er esse pro­ced­i­men­to com robô nos hos­pi­tais pri­va­dos con­ve­ni­a­dos do SUS, o médi­co infor­mou que isso vai depen­der muito da dinâmi­ca em que esse proces­so será imple­men­ta­do.

“Exis­tem out­ras cirur­gias que foram intro­duzi­das no âmbito do SUS e até hoje não ocor­reram porque essas cirur­gias deman­dam equipa­men­tos, deman­dam mate­ri­ais que são descartáveis. Tudo isso ain­da não foi norma­ti­za­do, nem reg­u­lar­iza­do.”

Citou como exem­p­lo a uretero­scopia, que é uma cirur­gia endoscópi­ca que serve para tirar pedras nos rins. “É um pro­ced­i­men­to tam­bém de alto cus­to. Ele entrou no âmbito do SUS mas, até hoje, a gente não faz porque não estão reg­u­lar­iza­dos todos os proces­sos para se usar mate­ri­ais descartáveis e tudo o mais”. No caso do câncer de prós­ta­ta no SUS, reafir­mou que não há robôs sufi­cientes no Brasil para todos os hos­pi­tais, nem equipes treinadas. “Não esta­va tudo pron­to”.

Robótica

A cirur­gia de câncer de prós­ta­ta por robóti­ca é como se fos­se uma cirur­gia laparoscópi­ca. O pro­ced­i­men­to inclui por­tais que são colo­ca­dos no abdomen ou no tórax do paciente, depen­den­do de onde será a cirur­gia, por onde entram equipa­men­tos chama­dos pinças. As pinças são acopladas aos braços robóti­cos que são manip­u­la­dos ou coor­de­na­dos pelo cirurgião, que se encon­tra sen­ta­do fora do aces­so ao paciente, em um local chama­do con­sole. Con­tu­do, sem­pre jun­to ao paciente tem out­ro cirurgião que aux­il­ia no pro­ced­i­men­to. A cirur­gia robóti­ca per­mite que o cirurgião ten­ha uma visão 3D ampli­a­da e um con­t­role mais pre­ciso dos movi­men­tos.

A cirur­gia laparoscópi­ca difere da cirur­gia endoscópi­ca, em que o equipa­men­to (pinça) entra no paciente pela ure­tra, para ras­pagem da prós­ta­ta, quan­do não há câncer no local. Almei­da reafir­mou que os pacientes com câncer de prós­ta­ta local­iza­do sub­meti­dos à cirur­gia têm esti­ma­ti­va de cura, em tumores sem metástese, que chega até a 98% da doença.

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