...
sábado ,18 outubro 2025
Home / Economia / Correios negociam empréstimo de R$ 20 bilhões para equilibrar contas

Correios negociam empréstimo de R$ 20 bilhões para equilibrar contas

Reestruturação prevê PDV, corte de despesas e lançamento de produtos

Daniel­la Almei­da — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 15/10/2025 — 17:21
Brasília
 Movimento no Centro de Tratamento de Encomendas dos Correios, em Benfica
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Os Cor­reios apre­sen­taram, nes­ta quar­ta-feira (15), as medi­das que inte­gram a primeira fase do plano de reestru­tu­ração finan­ceira e opera­cional para garan­tir sus­tentabil­i­dade e mod­ern­iza­ção da estatal.

Entre elas, a empre­sa nego­cia com ban­cos o emprés­ti­mo de R$ 20 bil­hões, com garan­tia do Tesouro Nacional, para custear as oper­ações dos Cor­reios e equi­li­brar finan­ceira­mente a insti­tu­ição no biênio 2025–2026 e para ger­ar lucro a par­tir de 2027.

De janeiro a jun­ho deste ano, os Cor­reios reg­is­traram pre­juí­zo de R$ 4,36 bil­hões, enquan­to no mes­mo perío­do de 2024, o déficit foi de R$ 1,3 bil­hão.

Segun­do o novo pres­i­dente dos Cor­reios, Emma­noel Ron­don, que está no car­go há 21 dias, um dos fatores que con­tribuíram para as con­tas neg­a­ti­vas foi a cres­cente con­cor­rên­cia no comér­cio eletrôni­co.

“A nos­sa empre­sa não se adap­tou de for­ma ágil a uma nova real­i­dade e isso fez com que a gente sofresse em ter­mos de resul­ta­dos, de ger­ação de caixa e da oper­ação em si. Então, nos últi­mos anos, o que vem acon­te­cen­do na empre­sa é que a per­da de com­pet­i­tivi­dade vem fazen­do com que a gente ten­ha per­da de receitas”, admi­tiu Ron­don.

De acor­do com o pres­i­dente, o Postal­is (fun­do de pen­são com­ple­men­tar dos fun­cionários dos Cor­reios e um dos maiores do país) é um dos itens rel­e­vantes de despe­sas da empre­sa públi­ca e é pre­ciso nego­ciar uma solução mel­hor do que a exis­tente nos dias atu­ais.

Medidas anunciadas

Entre as medi­das de reestru­tu­ração anun­ci­adas, estão o corte de despe­sas opera­cionais e admin­is­tra­ti­vas, a bus­ca pela diver­si­fi­cação de receitas e a recu­per­ação da liq­uidez da empre­sa. 

Para o cortes de despe­sas, a empre­sa lançará um novo Pro­gra­ma de Demis­sões Vol­un­tárias (PDV), com mapea­men­to da força de tra­bal­ho no país inteiro e de áreas ociosas.

“Esse pro­gra­ma de demis­são vol­un­tária está sendo trata­do de for­ma bem cuida­dosa para enx­er­gar no país onde a gente tem inefi­ciên­cias e ociosi­dades e não tra­bal­har de uma for­ma lin­ear, per­den­do capaci­dade opera­cional onde a gente já está jus­to, geran­do todo o poten­cial de resul­ta­do que a gente pode alcançar”, diz Ron­don.

A estatal tam­bém plane­ja vender imóveis ociosos, o que poderá rep­re­sen­tar a entra­da de recur­sos novos, acom­pan­ha­da da redução de gas­tos com manutenção dess­es espaços.

Para que a empre­sa públi­ca volte a reequi­li­brar as con­tas, o plano finan­ceiro pre­vê tam­bém a redução de cus­tos opera­cionais com a rene­go­ci­ação de con­tratos com os maiores fornece­dores da empre­sa, em bus­ca de condições mais van­ta­josas, sem colo­car em risco a segu­rança jurídi­ca das oper­ações.

Os Cor­reios, que têm como mar­ca o serviço postal, plane­jam ampli­ar o port­fólio de pro­du­tos e serviços para cap­tar e ger­ar novas receitas. A empre­sa está fazen­do um esforço de reaprox­i­mação com grandes clientes, ao mes­mo tem­po em que estu­da exper­iên­cias inter­na­cionais lig­adas à rede logís­ti­ca, sobre­tu­do na área de serviços finan­ceiros, e tam­bém plane­ja o lança­men­to de pro­du­tos.

“Nor­mal­mente, as empre­sas que ger­am lucro con­seguiram se adap­tar rápi­do e aumen­taram o port­fólio de ofer­tas de pro­du­tos, com destaque aos serviços finan­ceiros e serviços de seguri­dade, que são os car­ros-chefes da maio­r­ia das empre­sas que ger­am resul­ta­dos pos­i­tivos”, avalia o pres­i­dente da estatal.

Para recu­per­ar a liq­uidez, a empre­sa espera que a cap­tação de recur­sos de emprés­ti­mos ajude a finan­ciar as demais medi­das de reestru­tu­ração.

“Esta­mos nego­cian­do a oper­ação para ter reequi­líbrio da empre­sa em 2025 e 2026, para ter tem­po de ado­tar as medi­das que começam a impactar em 2026, para em 2027 a gente con­seguir ini­ciar um ciclo de bal­anço em azul. A ideia é que em 2027 a empre­sa já este­ja reequi­li­bra­da e com lucro.”

Pacote anterior

Após fechar o ano de 2024 no ver­mel­ho, com o pre­juí­zo total de R$ 2,6 bil­hões, a empre­sa anun­ciou, em maio deste ano, um pacote de medi­das que incluiu out­ro pro­gra­ma de demis­são vol­un­tária (PDV); redução de jor­na­da de tra­bal­ho para 6 horas diárias em unidades admin­is­tra­ti­vas; sus­pen­são tem­porária das férias de 2025 e a dec­re­tação do fim do tra­bal­ho remo­to.

Como resul­ta­do, a últi­ma edição do PDV do Cor­reios foi encer­ra­da com o pedi­do vol­un­tário de demis­são de cer­ca de 3,5 mil empre­ga­dos, o que ger­ou uma econo­mia anu­al de aprox­i­mada­mente R$ 750 mil­hões à estatal.

O pres­i­dente Emma­noel Ron­don com­parou as medi­das do primeiro semes­tre às anun­ci­adas ago­ra. “Aque­las foram medi­das emer­gen­ci­ais, não foram estru­tu­rais. O que a gente está bus­can­do ago­ra são medi­das estru­tu­rais que per­mi­tam o equi­líbrio da empre­sa nos próx­i­mos anos”.

Ques­tion­a­do se a direção dos Cor­reios cogi­ta a pri­va­ti­za­ção da estatal, o novo pres­i­dente respon­deu que as medi­das estu­dadas para o cur­to pra­zo são maiores do que as que foram feitas em um pas­sa­do recente e estas poderão cumprir a função de reestru­tu­ração da empre­sa. Ron­don adiantou que novas medi­das estão em análise e poderão acom­pan­har as ações estru­tu­rantes anun­ci­adas nes­ta quar­ta-feira.

“Neste momen­to, esta­mos bus­can­do ter o equi­líbrio finan­ceiro da empre­sa, que as receitas dela sejam sufi­cientes para pagar as despe­sas que temos todos os meses, para sair dessa dis­cussão de via­bil­i­dade ou não da empre­sa. A empre­sa vai se colo­car em pé e vai ser viáv­el.”

O pres­i­dente Emma­noel Ron­don afir­mou que os Cor­reios têm capaci­dade de ger­ação de recei­ta. “Se fiz­er­mos a nor­mal­iza­ção da situ­ação de caixa dela e da oper­ação, [os Cor­reios] têm capaci­dade de ger­ar recei­ta sufi­ciente para pagar as despe­sas.”

Estrutura

Os Cor­reios estão pre­sentes em 100% dos municí­pios do Brasil. O país tem 5.568 municí­pios, além do Dis­tri­to Fed­er­al e do Dis­tri­to Estad­ual de Fer­nan­do de Noron­ha (PE), de acor­do com o Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE).

A estru­tu­ra da estatal abrange mais de 10 mil agên­cias de atendi­men­to, 8 mil unidades opera­cionais (de dis­tribuição e trata­men­to de encomen­das e cor­re­spondên­cias), 23 mil veícu­los e 80 mil empre­ga­dos dire­tos.

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

“Não vamos negar aos nossos filhos o direito à vacina”, diz Padilha

Ministro da Saúde fez pronunciamento na TV e rádio sobre o dia D Luiz Clau­dio …