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Brasil melhora e sobe 18 lugares no ranking de liberdade de imprensa

Repro­du­ção: © Tânia Rêgo/Agência Bra­sil

Estudo é divulgado anualmente em 3 de maio, quando se comemora a data


Publi­ca­do em 03/05/2023 — 07:16 Por Luiz Clau­dio Fer­rei­ra — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

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O Bra­sil subiu 18 luga­res no ran­king mun­di­al de liber­da­de de impren­sa, apon­ta rela­tó­rio da orga­ni­za­ção não gover­na­men­tal (ONG) Repór­te­res Sem Fron­tei­ras (RSF). O país, que esta­va na 110ª colo­ca­ção, teve evo­lu­ção no índi­ce e che­gou ao 92º lugar. A situ­a­ção ain­da é con­si­de­ra­da pro­ble­má­ti­ca. A enti­da­de atri­bui a melho­ra na posi­ção à saí­da de Jair Bol­so­na­ro do poder, que “ata­cou sis­te­ma­ti­ca­men­te jor­na­lis­tas e veí­cu­los de comu­ni­ca­ção”, diz o rela­tó­rio.

De acor­do com o jor­na­lis­ta Artur Romeu, dire­tor do escri­tó­rio da Repór­te­res Sem Fron­tei­ras para a Amé­ri­ca Lati­na, a posi­ção bra­si­lei­ra tem rela­ção com uma expec­ta­ti­va e uma per­cep­ção de oti­mis­mo de ana­lis­tas, jor­na­lis­tas e pes­qui­sa­do­res, con­sul­ta­dos para o levan­ta­men­to, des­de a vitó­ria de Luiz Iná­cio Lula da Sil­va nas elei­ções de 2022. Os dados incluí­ram até pelo menos mar­ço de 2023. O estu­do é apre­sen­ta­do anu­al­men­te no dia 3 de maio, Dia da Liber­da­de de Impren­sa.

“Essa subi­da de 18 posi­ções do Bra­sil no ran­king é a mais impor­tan­te de um país no con­ti­nen­te ame­ri­ca­no e uma das mais sig­ni­fi­ca­ti­vas em nível glo­bal. O estu­do refle­te oti­mis­mo em rela­ção à pos­sí­vel vol­ta à nor­ma­li­da­de nas rela­ções entre gover­no e impren­sa”. O dire­tor da RSF enten­de que nos qua­tro anos do gover­no ante­ri­or as rela­ções foram frag­men­ta­das com um gover­no “hos­til” ao jor­na­lis­mo de manei­ra geral.

Violência do ano passado

Artur Romeu cha­ma a aten­ção para o fato de que essa subi­da de 18 posi­ções não neces­sa­ri­a­men­te refle­te uma mudan­ça que já ocor­reu no país. “É um oti­mis­mo em rela­ção às mudan­ças pos­sí­veis, que pre­ci­sa ser con­fir­ma­do pelas ati­tu­des das lide­ran­ças”.

Ele aler­ta que, a par­tir do levan­ta­men­to da vio­lên­cia con­tra comu­ni­ca­do­res no Bra­sil entre janei­ro e dezem­bro do ano pas­sa­do, o país esta­ria na posi­ção núme­ro 149 do ran­king. No ano pas­sa­do, afir­ma Romeu, o Bra­sil pro­ta­go­ni­zou uma série de vio­lên­ci­as, incluin­do o assas­si­na­to do jor­na­lis­ta bri­tâ­ni­co Dom Phi­lips, em junho, e do blo­guei­ro cea­ren­se Gival­do Oli­vei­ra, em feve­rei­ro.

“Tive­mos tam­bém as ame­a­ças fei­tas pelas pes­so­as em acam­pa­men­tos em fren­te a quar­teis mili­ta­res” O dire­tor da RSF lem­bra que o então gover­no fede­ral mobi­li­zou ódio à impren­sa, o que levou a base a enten­de  a impren­sa como ini­mi­ga. “O cená­rio de hos­ti­li­da­de era diá­rio”.

Em evolução

Para con­ti­nu­ar a evo­luir no ran­king, a RSF ava­lia que o país tem desa­fi­os impor­tan­tes. “O Bra­sil é his­to­ri­ca­men­te vio­len­to para jor­na­lis­tas. “Se con­si­de­rar­mos os últi­mos dez anos, o Bra­sil só está atrás do Méxi­co em núme­ro de jor­na­lis­tas assas­si­na­dos. Para que con­ti­nue melho­ran­do, é pre­ci­so rea­fir­mar mar­cos legais, garan­tir a trans­pa­rên­cia públi­ca e com­ba­ter a desin­for­ma­ção”. Aliás, a desin­for­ma­ção, segun­do Artur Romeu, é um pro­ble­ma glo­bal e vai exi­gir de lide­ran­ças polí­ti­cas ati­tu­des con­cre­tas. No Bra­sil, o Con­gres­so dis­cu­te pro­je­to de lei sobre o tema.

O repre­sen­tan­te da enti­da­de enten­de que o país tem uma polí­ti­ca de pro­te­ção na defe­sa de direi­tos huma­nos e o gover­no atu­al trou­xe uma demons­tra­ção de inten­ções ao cri­ar um obser­va­tó­rio de vio­lên­cia con­tra comu­ni­ca­do­res. “É a mate­ri­a­li­za­ção de uma von­ta­de polí­ti­ca do atu­al gover­no de mar­car uma rup­tu­ra com o que foi o ante­ri­or”.

Levantamento

O estu­do, que leva ao ran­king glo­bal, tem a pre­ten­são de ava­li­ar as con­di­ções do livre exer­cí­cio do jor­na­lis­mo em 180 paí­ses do mun­do. “É uma das publi­ca­ções mais impor­tan­tes da Repór­te­res Sem Fron­tei­ras”, diz Romeu. Ele expli­ca que, entre os indi­ca­do­res que com­põem o índi­ce, estão os polí­ti­cos, soci­ais, legis­la­ti­vos, econô­mi­cos e de segu­ran­ça.

Sete paí­ses em cada dez estão nes­sas três esca­las de pro­ble­mas, difí­ceis ou mui­to difí­ceis. O estu­do cap­toua  per­cep­ção de uma vola­ti­li­da­de polí­ti­ca em vári­os paí­ses do mun­do e uma ten­dên­cia a menor pres­ta­ção de con­tas por par­te de lide­ran­ças polí­ti­cas e gover­nos. Outra per­cep­ção é a inva­são da desin­for­ma­ção a bor­do de tec­no­lo­gi­as e inte­li­gên­cia arti­fi­ci­al.

Nos 180 paí­ses e ter­ri­tó­ri­os clas­si­fi­ca­dos pela RSF, os indi­ca­do­res são ava­li­a­dos com base em uma con­ta­gem quan­ti­ta­ti­va de abu­sos con­tra jor­na­lis­tas e mei­os de comu­ni­ca­ção e uma aná­li­se qua­li­ta­ti­va, com base nas res­pos­tas de cen­te­nas de espe­ci­a­lis­tas em liber­da­de de impren­sa sele­ci­o­na­dos pela enti­da­de (incluin­do jor­na­lis­tas, aca­dê­mi­cos e defen­so­res dos direi­tos huma­nos) a mais de 100 per­gun­tas em 22 idi­o­mas.

Edi­ção: Gra­ça Adju­to

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