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Brasil perdeu 16% de vegetação herbácea e arbustiva em 38 anos

Repro­dução: © José Cruz/Agência Brasil

Dados inéditos são de levantamento do MapBiomas


Pub­li­ca­do em 24/11/2023 — 07:00 Por Cami­la Boehm – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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O Brasil perdeu 16% de sua veg­e­tação não flo­re­stal nati­va nos últi­mos 38 anos, o que rep­re­sen­ta 9,6 mil­hões de hectares de cober­tu­ra veg­e­tal her­bácea e arbus­ti­va. Os dados são de lev­an­ta­men­to inédi­to do Map­Bio­mas sobre essa veg­e­tação, con­sti­tuí­da por plan­tas de porte pequeno e sem estru­tu­ra lenhosa — gramíneas e ervas -, ou com tron­co lenhoso fino — arbus­tos.

A veg­e­tação nati­va, em ger­al, ocu­pa 64% do ter­ritório brasileiro, segun­do mapea­men­to do Map­Bio­mas de 2022. Desse total, a maior parte cor­re­sponde às flo­restas (58%) e uma fração menor do ter­ritório é ocu­pa­da pela veg­e­tação não flo­re­stal (6%). Segun­do a enti­dade, emb­o­ra minoritária e pouco val­oriza­da, a veg­e­tação não flo­re­stal é muito impor­tante pela grande diver­si­dade de espé­cies de plan­tas e ani­mais que abri­ga e pelos serviços ecos­sistêmi­cos presta­dos.

Esse tipo de veg­e­tação está em todos os bio­mas brasileiros em difer­entes for­mas, como for­mações campestres, cam­pos ala­ga­dos e áreas pan­tanosas e aflo­ramen­tos rochosos. No total, essa cober­tu­ra veg­e­tal ocu­pa 50,6 mil­hões de hectares, o que rep­re­sen­ta 1,4 vezes mais do que o ter­ritório da Ale­man­ha.

Con­clusão do Map­Bio­mas apon­ta que o rit­mo do des­mata­men­to dessa veg­e­tação é semel­hante ao das áreas flo­restais no país, con­sideran­do o mes­mo perío­do, ou seja, ela está sendo rap­i­da­mente destruí­da. “Nos últi­mos 38 anos, o Brasil perdeu 16% de sua veg­e­tação nat­ur­al não flo­re­stal, pro­porção semel­hante à da per­da de cober­tu­ra flo­re­stal [nati­va], de 15%”, disse Júlia Shim­bo, coor­de­nado­ra cien­tí­fi­ca do Map­Bio­mas, em nota.

“Em ter­mos abso­lu­tos, o Cer­ra­do lid­era o des­mata­men­to de veg­e­tação her­bácea e arbus­ti­va, com 2,9 mil­hões de hectares suprim­i­dos. Já o Pam­pa, um bio­ma bem menor, teve um des­mata­men­to bem próx­i­mo em números abso­lu­tos: foram 2,85 mil­hões de hectares entre 1985 e 2022. Mas em ter­mos pro­por­cionais, isso rep­re­sen­tou a impres­sio­n­ante cifra de 30% de per­da da veg­e­tação em relação ao que havia em 1985”, desta­cou. O Pam­pa foi o bio­ma que mais perdeu essa cober­tu­ra veg­e­tal, pro­por­cional­mente.

Os difer­entes tipos de cober­tu­ra veg­e­tal não flo­re­stal, que cobrem os 6% do ter­ritório

brasileiro, são a veg­e­tação pre­dom­i­nante no Pan­tanal e no Pam­pa. As for­mações campestres e os cam­pos ala­ga­dos e áreas pan­tanosas são os tipos de veg­e­tação her­bácea e arbus­ti­va mais abun­dantes no Brasil, respon­den­do por 95% do total.

Os esta­dos com maior pro­porção de veg­e­tação não flo­re­stal são o Rio Grande do Sul (26% do ter­ritório), Roraima (20%) e Amapá (14%). Os que mais perder­am esse tipo de veg­e­tação des­de 1985 foram o Rio Grande do Sul (3,3 mil­hões de hectares) e Mato Grosso (1,4 mil­hão de hectares).

No Pan­tanal, hou­ve uma tran­sição entre áreas nat­u­rais, com aumen­to de área de veg­e­tação campestre – não flo­re­stal –, por causa da redução de cam­pos ala­ga­dos, áreas pan­tanosas e super­fí­cie de água. As áreas de veg­e­tação não flo­re­stal rep­re­sen­tam 61% das áreas nat­u­rais nesse bio­ma.

“Anual­mente, e de acor­do com o pul­so de inun­dação na planí­cie, obser­va-se uma notáv­el tran­sição entre difer­entes class­es de veg­e­tação her­bácea e arbus­ti­va, onde os cam­pos ala­ga­dos e áreas pan­tanosas e a água, alagam ou expõem áreas de cam­pos nat­u­rais. A con­ver­são dessas áreas nat­u­rais em pastagem exóti­ca, nos últi­mos 38 anos, soma mais de 700 mil hectares”, ressaltou Eduar­do Rosa, coor­de­nador da equipe do Pan­tanal no Map­Bio­mas.

As pasta­gens exóti­cas são intro­duções de espé­cies de pastagem de capim não nati­vas do bio­ma onde foi imple­men­ta­do, muitas vezes orig­inárias de out­ros país­es. Por não serem veg­e­tação her­bácea nati­va, podem causar danos no solo.

O Map­Bio­mas ressalta que as áreas pri­vadas con­cen­tram 61% da veg­e­tação her­bácea e arbus­ti­va do Brasil, cer­ca de 30 mil­hões de hectares. Do total de remanes­centes de veg­e­tação her­bácea e arbus­ti­va em 2022 no país, 20% encon­tra-se em áreas pro­te­gi­das, a maior parte na Amazô­nia. No entan­to, o grau de pro­teção em bio­mas tipi­ca­mente não flo­restais como o Pan­tanal e o Pam­pa ain­da é con­sid­er­a­do baixo, sendo 4,1% e 1% do bio­ma, respec­ti­va­mente.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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