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Vale: barragem desativada tem risco de ruptura, diz órgão trabalhista

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Repro­du­ção: © Reuters/Direitos Reser­va­dos

Barragem não recebe rejeitos há mais de 20 anos


Publi­ca­do em 10/06/2021 — 20:24 Por Mar­ta Noguei­ra e Tati­a­na Baut­zer — Repór­te­res da Reu­ters — Rio de Janei­ro e São Pau­lo

Reuters

Bar­ra­gem da Vale cha­ma­da Xin­gu, na mina Ale­gria, em Mari­a­na (MG), cor­re “gra­ve e imi­nen­te ris­co de rup­tu­ra por lique­fa­ção”, afir­mou nes­ta quar­ta-fei­ra a Supe­rin­ten­dên­cia Regi­o­nal do Tra­ba­lho de Minas Gerais, res­pon­sá­vel por inter­di­tar ati­vi­da­des da empre­sa no local.

A bar­ra­gem, inter­di­ta­da des­de mar­ço de 2020 pela Agên­cia Naci­o­nal de Mine­ra­ção (ANM), não rece­be rejei­tos de miné­rio de fer­ro há mais de 20 anos, mas alguns tra­ba­lha­do­res ain­da exe­cu­tam ati­vi­da­des no local, o que moti­vou a ação dos fis­cais tra­ba­lhis­tas.

Um desas­tre de tal mag­ni­tu­de, segun­do a supe­rin­ten­dên­cia, pode­ria cau­sar um soter­ra­men­to de tra­ba­lha­do­res na cida­de já cas­ti­ga­da por um rom­pi­men­to de bar­ra­gem da Samar­co em 2015, com a mor­te de 19 pes­so­as.

Ao infor­mar ao mer­ca­do impac­tos da inter­di­ção na últi­ma sex­ta-fei­ra (4), como a para­li­sa­ção da cir­cu­la­ção de trens na região, a Vale não apon­tou os moti­vos apre­sen­ta­dos pela supe­rin­ten­dên­cia. Por outro lado, ale­gou que não havia “ris­co imi­nen­te de rup­tu­ra” da estru­tu­ra, para­li­sa­da des­de 1998.

Na nota des­ta quar­ta-fei­ra, a supe­rin­ten­dên­cia pon­tu­ou que a medi­da ocor­reu após ação fis­cal, com pedi­dos de docu­men­tos em 27 de abril e ins­pe­ção pre­sen­ci­al em 20 de maio. Para sus­pen­der a inter­di­ção, a empre­sa deve­rá ado­tar diver­sas medi­das téc­ni­cas.

“A aná­li­se dos docu­men­tos apre­sen­ta­dos pela pró­pria empre­sa reve­la que a bar­ra­gem Xin­gu não apre­sen­ta con­di­ções de esta­bi­li­da­de, com alguns fato­res de segu­ran­ça para situ­a­ções não dre­na­das infe­ri­o­res a 1, ofe­re­cen­do ris­co sig­ni­fi­ca­ti­vo e imi­nen­te de rup­tu­ra”, dis­se a supe­rin­ten­dên­cia.

“Tra­ta-se, por­tan­to de situ­a­ção de extre­ma gra­vi­da­de que colo­ca em ris­co tra­ba­lha­do­res.”

A supe­rin­ten­dên­cia dis­se ain­da que téc­ni­cos e enge­nhei­ros res­pon­sá­veis pela bar­ra­gem rela­ta­ram que o rejei­to lan­ça­do em Xin­gu não era dre­na­do e era lan­ça­do de for­ma errá­ti­ca na estru­tu­ra.

“Como a dis­po­si­ção de mate­ri­al no reser­va­tó­rio não era con­tro­la­da é pos­sí­vel que tenha cor­ri­do o lan­ça­men­to de cama­das de mate­ri­al mais gra­nu­lar inter­ca­la­do de cama­das de mate­ri­al fino (pou­co dre­nan­te), cri­an­do, o que foi cha­ma­do na bar­ra­gem B1 de Cór­re­go do Fei­jão, len­çóis freá­ti­cos empo­lei­ra­dos. Tal situ­a­ção aumen­ta a pres­são no bar­ra­men­to e pode expli­car os ele­va­dos níveis pie­zo­mé­tri­cos medi­dos na estru­tu­ra, mes­mo com um reser­va­tó­rio seco”, afir­mou.

A mine­ra­do­ra che­gou a soli­ci­tar, em 27 de maio, uma sus­pen­são par­ci­al da inter­di­ção, o que foi nega­do.

Vale e demais autoridades

Pro­cu­ra­da, a Vale rea­fir­mou nes­ta quar­ta-fei­ra que “não exis­te ris­co imi­nen­te de rup­tu­ra da bar­ra­gem de Xin­gu e que não hou­ve alte­ra­ção nas con­di­ções ou nível de segu­ran­ça da bar­ra­gem, que per­ma­ne­ce em nível 2”, do Pla­no de Ação de Emer­gên­cia de Bar­ra­gens de Mine­ra­ção (PAEBM).

Dis­se tam­bém que a bar­ra­gem é moni­to­ra­da e ins­pe­ci­o­na­da con­ti­nu­a­men­te por equi­pe téc­ni­ca espe­ci­a­li­za­da e está incluí­da no pla­no de des­ca­rac­te­ri­za­ção de bar­ra­gens da com­pa­nhia, e que a Zona de Autos­sal­va­men­to (ZAS) per­ma­ne­ce eva­cu­a­da.

“Não obs­tan­te, em con­for­mi­da­de com o ter­mo de inter­di­ção da Supe­rin­ten­dên­cia Regi­o­nal do Tra­ba­lho, a Vale sus­pen­deu o aces­so de tra­ba­lha­do­res e a cir­cu­la­ção de veí­cu­los na zona da inun­da­ção da bar­ra­gem Xin­gu, sen­do per­mi­ti­dos ape­nas aces­sos impres­cin­dí­veis para esta­bi­li­za­ção da estru­tu­ra, com rigo­ro­so pro­to­co­lo de segu­ran­ça”, afir­mou.

“Em cola­bo­ra­ção com a SRT, a Vale está ado­tan­do medi­das para con­ti­nu­ar a garan­tir a segu­ran­ça dos tra­ba­lha­do­res, de modo a per­mi­tir a reto­ma­da das ati­vi­da­des.”

Já a Agên­cia Naci­o­nal de Mine­ra­ção rei­te­rou que a bar­ra­gem entrou em nível 2 de emer­gên­cia em setem­bro do ano pas­sa­do, quan­do a autar­quia vis­to­ri­ou a estru­tu­ra e fez exi­gên­ci­as. “A Vale cum­priu algu­mas e pediu pror­ro­ga­ção de pra­zo em outras. Des­de então, não hou­ve mudan­ças na estru­tu­ra”, afir­mou.

A ANM dis­se ain­da que está acom­pa­nhan­do a inter­di­ção, que foi fei­ta com base em leis tra­ba­lhis­tas.

A Fun­da­ção Esta­du­al do Meio Ambi­en­te (Feam), vin­cu­la­da à Secre­ta­ria de Esta­do de Meio Ambi­en­te e Desen­vol­vi­men­to Sus­ten­tá­vel de Minas, por sua vez, afir­mou que par­ti­ci­pou de vis­to­ria com a ANM em setem­bro pas­sa­do, quan­do foram cons­ta­ta­das infor­ma­ções que leva­ram à estru­tu­ra a ser enqua­dra­da como uma bar­ra­gem a mon­tan­te.

No sis­te­ma a mon­tan­te, as pare­des da bar­ra­gem são cons­truí­das sobre uma base de resí­du­os, em vez de em mate­ri­al exter­no ou em ter­ra fir­me. Ante­ri­or­men­te, a estru­tu­ra era enqua­dra­da como um empi­lha­men­to dre­na­do.

A Feam dis­se ain­da que o Minis­té­rio Públi­co do Tra­ba­lho é uma ins­ti­tui­ção autô­no­ma, e que o Sis­te­ma Esta­du­al de Meio Ambi­en­te e Recur­sos Hídri­cos (Sise­ma) tem acom­pa­nhan­do a situ­a­ção ambi­en­tal da estru­tu­ra, ten­do apli­ca­do medi­da cau­te­lar que impe­de a dis­po­si­ção de rejei­tos na estru­tu­ra, por ausên­cia de esta­bi­li­da­de.

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